sábado, 4 de março de 2017

O colorido do amor materno de Nossa Senhora


Em Nossa Senhora o que existe é o seguinte... Os muitos autores que tratam a respeito dessas coisas não quiseram se aprofundar inteiramente. Mas tudo isso tem aspectos infindos, e que são muito bonitos. Acontece o seguinte: é que Nosso Senhor usa como que de um estratagema para levar sua bondade, perfeitíssima, mais longe, aparentemente, do que Ela é. Quer dizer, nEle existe o equilíbrio perfeito entre a bondade e a justiça. E Ele quereria, entretanto, por bondade, levar a própria bondade um tanto mais longe do que Ele leva a justiça.
Eu já empreguei uma vez essa metáfora: a coisa é como um diretor de colégio em relação ao qual os alunos tivessem feito uma coisa tão horrorosa que ele não pudesse mais continuar diretor daquele colégio. Então ele, para romper, ele sabia que aqueles meninos cairiam na perdição. Não querendo que os meninos caíssem na perdição, ele diria à mãe: “Minha mãe, eu estou em condições que eu não posso mais voltar para esse colégio. Tomai, vós, a direção desse colégio, e entrai com a bondade com que vós me tratáveis quando eu era menino. E como vós sois outra pessoa que ainda não foi ofendida, ou ao menos foi menos ofendida, não foi diretamente ofendida, vós podeis, em sã galhardia, retomar essa direção. Sede ainda melhor do que eu fui, porque eles se deixarão conquistar”. E ele se ausenta.
Então, o amor que essa mãe vai ter para com os meninos de certo modo é maior do que o dele. Na realidade é um extremo do amor dEle. Mas é, por algum lado, maior do que o dEle. É o amor dEla que Ele não poderia praticar Ele mesmo. E há nisso uma candura, uma bondade, um requinte, que depois de crucificado Ele dê a Mãe... Porque naquele “Mãe, eis aí o teu filho”, eu tenho impressão que Ele deu todo o gênero humano a Ela. “Olha aqui a Mãe...” E que Mãe! Que coisa fantástica! Quer dizer, uma coisa que não tem palavras.
Então, quando vem um dizer essas bobagens de que está levando o culto a Nossa Senhora mais longe do que o de Nosso Senhor, etc., não entenderam nada. Não percamos tempo!
Plinio Corrêa de Oliveira - 07/02/91