segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Papel especial de Maria nos últimos tempos

Por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por meio de Maria que deve ser consumada. Na primeira vinda de Jesus Cristo, Maria quase não apareceu, para que os homens, ainda insuficientemente instruídos e esclarecidos sobre a pessoa de seu Filho, não se lhe apegassem demais e grosseiramente, afastando-se, assim, da verdade.
Até o século III houve muitas correntes de católicos que consideravam Nossa Senhora como a quarta Pessoa da Santíssima Trindade. Por isso, Ela se retraiu.
E isto teria aparentemente acontecido devido aos encantos admiráveis com que o próprio Deus lhe havia ornado a aparência exterior. São Dionísio, o Areopagita, o confirma numa página que nos deixou e em que diz que, quando a viu, tê-la-ia tomado por uma divindade, tal o encanto que emanava de sua pessoa de beleza incomparável, se a fé, em que estava bem confirmado, não lhe ensinasse o contrário.
Mas, na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria deverá ser conhecida e revelada pelo Espírito Santo, a fim de que por ela seja Jesus Cristo, conhecido amado e servido, pois já não subsistem as razões que levaram o Espírito Santo a ocultar sua esposa durante a vida e a revelá-la só pouco depois da pregação do Evangelho.
Deus quer, portanto, nesses últimos tempos, revelar-nos e manifestar Maria, a obra-prima de suas mãos:
1º Porque ela se ocultou neste mundo, e, por sua humildade profunda, se colocou abaixo do pó, obtendo de Deus, dos apóstolos e evangelistas não ser quase mencionada.
2º Porque, sendo a obra-prima das mãos de Deus, tanto aqui em baixo, pela graça, como no céu, pela glória, ele quer que, por ela, os viventes o louvem e glorifiquem sobre a terra.
3º Visto ser ela a aurora que precede e anuncia o Sol da justiça, Jesus Cristo, deve ser conhecida e notada para que Jesus Cristo o seja.
4º Pois que é a via pela qual Jesus Cristo nos veio a primeira vez, ela o será ainda na segunda vinda, embora de modo diferente.
5º Pois que é o meio seguro e o caminho reto e imaculado para se ir a Jesus Cristo e encontrá-lo plenamente. É por ela que as almas, chamadas a brilhar em santidade, devem encontrá-lo. Quem encontrar Maria encontrará a vida, isto é, Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida. Mas não pode encontrar Maria quem não a procura; não pode buscá-la quem não a conhece, e ninguém procura nem deseja o que não conhece. É preciso, portanto, que maria seja, mais do que nunca, conhecida, para maior conhecimento e maior glória da Santíssima Trindade.
6ª Nesses últimos tempos, Maria deve brilhar, como jamais brilhou, em misericórdia, em força e graça. Em misericórdia para reconduzir e receber amorosamente os pobres pecadores e desviados que se converterão e voltarão ao seio da Igreja católica, em força contra os inimigos de Deus, os idólatras, cismáticos, maometanos, judeus e ímpios empedernidos, que se revoltarão terrivelmente para seduzir e fazer cair, com promessas e ameaças, todos os que lhes forem contrários. Deve, enfim, resplandecer em graça, para animar e sustentar os valentes soldados e fiéis de Jesus Cristo que pugnarão por seus interesses.
7º Maria deve ser, enfim, terrível para o demônio e seus sequazes como um exército em linha de batalha, principalmente nesses últimos tempos, pois o demônio, sabendo bem que pouco tempo lhe resta para perder as almas, redobra cada dia seus esforços e ataques. Suscitará, em breve, perseguições cruéis e terríveis emboscadas aos servidores fiéis e aos verdadeiros filhos de Maria, que mais trabalho lhe dão para vencer.

É principalmente a estas últimas e cruéis perseguições do demônio que se multiplicarão todos os dias até o reino do Anticristo, que se refere aquela primeira e célebre predição e maldição que Deus lançou contra a serpente no paraíso terrestre. 
São Luís Maria Grignion de Monfort