terça-feira, 27 de setembro de 2016

Trono da misericórdia


Na imagem de Nossa Senhora de Las Lajas a Santíssima Virgem está com um olhar sério e investigador de quem quer ser obedecida. Ela tem fisionomia de Mãe, mas não está sorrindo; e embora não esteja olhando com expressão de ameaça ou repreensão, seu semblante é é de alguém que, Se houver algo errado, passa um pito ou faz uma ameaça.
O Menino Jesus está muito amavelmente voltado para quem reza. Em lugar do quadro clássico do Divino Infante sério e Nossa Senhora sorrindo para o pecador, indicando que Ela obtém d’Ele a misericórdia e o beneplácito, temos o contrário: Ele se volta sorridente para o pecador, Ela está séria. Quase se diria que Ele está distribuindo favores sem que Ela tenha entrado muito no assunto. Parece até inverter o papel da Medianeira.

Na realidade, o pensamento é muito profundo: Ele Se manifesta tão misericordioso, com essa alegria de dar, porque está sentado no trono da misericórdia.
Plinio Correa de Oliveira

domingo, 25 de setembro de 2016

Nossa Senhora Menina

Esta maravilhosa criança teve o uso da razão desde o primeiro instante de sua vida. E Deus lhe concedeu um espírito super excelente, isento de tudo quanto pudesse perturbar sua paz e tranquilidade, e sempre disposto inteiramente a receber as luzes do Céu, sem opor-lhes o menor obstáculo.

São João Eudes

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Mãe das luzes celestiais

São João Eudes assim se dirige à Santíssima Virgem, verdadeira luz dos doutores:
Ó divina Maria, não sem razão Vos foi dado por Deus este glorioso nome de Maria, que quer dizer Iluminada e Iluminadora. Chama-se Ele o Pai das luzes e o Senhor das ciências (I Reis, II, 3) e quer Vos associar nestas suas divinas qualidades, quer que sejais a Mãe das luzes celestiais e a Mestra das santas ciências; pelo que seja Ele eternamente bendito, louvado e glorificado.
“Dignai-Vos, ó Mãe, tornar-nos partícipes de vossas sagradas luzes e de vossa divina ciência. Guardai-nos da ciência perniciosa que incha o coração e envenena a alma, dessa condenável ciência que é a filha do orgulho, a irmã da presunção, a nutriz da curiosidade, a alma da arrogância, a mãe da impiedade e da apostasia, e a causa da rebelião contra Deus e contra a sua Igreja. Fazei-nos sábios com a ciência da salvação, com a ciência dos Santos, com essa formosa e invejável ciência que é a filha da caridade, a mãe da humildade, a irmã da submissão, a inseparável companheira da piedade, o coração da santidade e a nutriz de todas as virtudes.”

EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Diós. Bogotá: San Juan Eudes, 1957. p. 195.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Devoção a Nossa Senhora das Dores

Co-redentora do gênero humano
Quando foi decidido pelo Pai Eterno que Jesus Cristo deveria morrer para expiar nossos pecados, quis Ele ter o consentimento da Santíssima Virgem, o que representou para Ela um golpe espantoso.

Pensemos em nossas mães. Se alguém lhes dissesse: “Quer me dar seu filho, para que ele sofra blasfêmias, seja ridicularizado, perseguido, preso, entregue ao desprezo e ao ódio do povo, flagelado, coroado de espinhos, obrigado a carregar sua cruz até o Calvário e morra de modo atroz?” — nenhuma delas cederia o filho! Não há mãe que queira isso para aquele que ela trouxe ao mundo. Porém, Nossa Senhora sabia ser necessário esse holocausto para a redenção do gênero humano. Ela deu seu consentimento, e com isso sofreu uma dor intensíssima, como se um gládio Lhe transpassasse o coração. Daí vem a devoção a Nossa Senhora das Dores, e a imagem d’Ela com o coração aparente, atravessado por uma espada. É uma evocação do sacrifício que Ela fez. Nos seus eternos desígnios, Deus quis que esse padecimento de Maria fosse unido ao de Nosso Senhor para resgatar os homens, e por essa razão Ela é chamada pela Igreja de Co-redentora do gênero humano.
Plinio Correa de Oliveira

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Refúgio dos pecadores


Maria Santíssima é o refúgio perene, contínuo, que jamais se fecha a qualquer espécie de pecadores. Está na grandeza de Nossa Senhora ser um imenso e perfeito refúgio, porque tudo n’Ela excede a nossa capacidade de cogitação.
Um porto é um abrigo contra o mar revolto, e um navio encontra ali um refúgio. Dizemos que esse refúgio é tanto maior e mais esplêndido quanto mais navios couberem nele. Em uma enseada como a do Rio de Janeiro, por exemplo, onde não sei quantas esquadras poderiam entrar e sentirem-se completamente protegidas contra o mar bravio, vemos uma grandeza, uma magnificência e um esplendor incomensuráveis.
A Santíssima Virgem é assim. Ela pode dar refúgio a pecadores cujos pecados atingem um tamanho inimaginável, ingratidões inconcebíveis, insondáveis. Desde que a alma se volte para esta boa Mãe, Ela cobre tudo e aceita de dar toda espécie de perdão para toda espécie de pecados. Maria é, portanto, o refúgio por excelência.
Se sentirmos tristeza por notarmos que temos alguma culpa, devemos dizer a Ela:
“Temos culpa, é verdade. Mas Vós sois o Refúgio dos Pecadores, e está na vossa grandeza, ó minha Mãe, tomar os meus pecados e defeitos, e abrir para eles como que um porto para me defender do alto-mar das consequências interiores e exteriores das minhas desordens. À vossa grandeza corresponde também a grandeza de vossa misericórdia, Vós tereis pena de mim e me acolhereis”.

Plinio Correa de Oliveira – Extraído d conferência de 5/9/1970

sábado, 10 de setembro de 2016

Oração para pedir as bênçãos de Nossa Senhora


Pedimo-Vos, ó Mãe, que do alto do Céu desçam sobre nós, vossos filhos, as bênçãos maternais nascidas de Vosso inesgotável afeto.
 Como os discípulos de Emaús ao Divino Redentor, nós Vos pedimos que essas bênçãos permaneçam conosco, porque se faz noite sobre o mundo.
A cada instante, a cada angústia, a cada necessidade, ajudem-nos elas a manter a mais inteira e filial confiança em Vós.

Plinio Corrêa de Oliveira

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Nascimento de Maria Santíssima

Bendito o dia em que Nossa Senhora nasceu; benditas as estrelas que a viram pequenina; bendito o momento em que seus pais constataram o nascimento d’Aquela que, permanecendo sempre virgem, fora chamada a ser a Mãe do Salvador!

Por que se festeja o aniversário de alguém? A razão é muito simples: o aniversário de uma pessoa representa o momento em que esta entrou no cenário da vida, o momento em que a sociedade humana se enriqueceu com mais uma presença.
Cada nascimento constitui um favor, uma graça de Deus, porque todo homem — por mais que seja concebido em pecado original ou traga alguma deficiência de família — é uma criatura de grande valor. E essa criatura representa um enriquecimento altamente ponderável para a humanidade.
Concebida sem pecado e repleta de dons sobrenaturais e naturais
Nestas condições, a festa da Natividade de Nossa Senhora leva-nos a perguntar qual o enriquecimento que Ela trouxe para a humanidade, e a que título especial o gênero humano deve festejar seu aniversário.
Colocando-nos nessa perspectiva, ficamos sem saber o que dizer... Pois Nossa Senhora foi concebida sem pecado original.
Sendo Ela livre de qualquer mancha, um lírio de incomparável formosura, seu nascimento deve alegrar não só o gênero humano, mas também todos os coros angélicos! Além disso, Nossa Senhora possuía todos os dons naturais que uma mulher possa ter. Nosso Senhor deu a Ela, segundo a ordem da natureza, uma personalidade riquíssima, preciosíssima, valiosíssima e, a esse título, a presença d’Ela entre os homens representava um tesouro de valor verdadeiramente incalculável.
Além disso, com sua presença entre os homens, ganhamos os tesouros de graças que A acompanhavam e que são as maiores graças concedidas por Deus a alguém, graças verdadeiramente incomensuráveis.
Compreendemos, então, o que representa a entrada de Nossa Senhora no mundo.
O mais belo nascer do Sol é pálido em relação à beleza da entrada de Nossa Senhora no mundo; a mais solene entrada de um rei no seu reino nada é em comparação com isso.
A ação de Nossa Senhora nos períodos de provação
A Natividade de Nossa Senhora nos inspira também outro pensamento.
O mundo estava prostrado no paganismo; os vícios imperavam; a idolatria dominava a Terra; o mal e o demônio venciam inteiramente.
Mas, no momento decretado por Deus em sua misericórdia, tudo mudou! Nasceu Nossa Senhora, a raiz bendita da qual nasceria o Salvador da humanidade. Começava assim a derrocada do demônio.
Quantas vezes não se passa algo semelhante em nossa vida espiritual! Há ocasiões em que nossa alma está em luta, com problemas, contorcendo e revolvendo dificuldades! Sequer temos ideia de quando virá o dia bendito onde uma graça extraordinária, um grande favor acabará com nossos tormentos, proporcionando-nos um amplo progresso na vida espiritual. E, de repente, há um nascimento no sentido especial da palavra: Nossa Senhora aparece qual aurora em nossa vida espiritual.
Isso deve nos dar muita alegria e esperança, com a certeza de que Nossa Senhora nunca nos abandona. Nas ocasiões mais difíceis Ela nos visita, resolve nossos problemas, cura nossas dores, dá-nos a combatividade e a coragem necessárias para cumprirmos nosso dever até o fim, por mais árduo que seja.
Desde o nascimento, influenciando o destino da humanidade
Assim como no Natal celebramos o momento bendito em que Nosso Senhor veio ao mundo e começou a fazer visivelmente parte da sociedade humana, a festa da Natividade de Maria exalta a ocasião em que Ela enriqueceu a humanidade com a sua presença.
Alguém dirá: “Mas o que um bebê, sem o uso da razão, pode acrescentar a uma sociedade?”
Ora, sendo concebida sem pecado original e possuindo o uso da razão desde o primeiro instante de seu ser, já no ventre materno Nossa Senhora tinha pensamentos elevadíssimos e sublimíssimos.
Se São João Batista, o qual não foi isento da culpa original, mas libertado dela antes de nascer, ao ouvir a voz de Maria saudando Santa Isabel estremeceu no seio materno1, não poderia a Mãe do Redentor já em sua infância ter conhecimento do que se passava?
Nossa Senhora, desde o claustro materno, devido à altíssima ciência que lhe foi concedida pela graça de Deus, pedia pela vinda do Messias e pela derrota do pecado. Desta forma Ela influenciava os destinos da humanidade.
Diz-nos o Evangelho que da túnica de Nosso Senhor saía uma virtude capaz de curar2. Se assim o era, tanbém sua Mãe, o Vaso de Eleição, deveria ser uma fonte de graças a jorrar para todos que d’Ela se aproximavam.
E isto desde a sua mais tenra infância! Embora Ela fosse apenas uma criancinha, já em seu natal, graças enormes começaram a raiar para a humanidade. Seu nascimento constituiu o esmagamento do demônio e a vitória da Contra-Revolução.
Compreende-se, então, como a vinda de Nossa Senhora à Terra foi uma graça para todos os homens.
Qual “aurora” do luar...
Para concluir lembremo-nos da noite de Natal. Há séculos essa festa se repete, e nela temos a sensação de que uma bênção se renova, descendo do Céu sobre a Terra de maneira mais intensa. E, de algum modo, renova também as energias espirituais de todos os homens.
Nosso Senhor é o Sol que nasce para a humanidade, e seu Natal nos faz lembrar a aurora.
Assim sendo, sua Mãe Santíssima pode bem ser comparada à Lua. O nascer da Lua não tem a glória do nascer do Sol, mas quanto tem de análogo! Como ele é benfazejo, como ele alegra, como ele estimula, como ele consola!
O que pedir nesse dia?
Sendo filhos de Nossa Senhora — não por méritos, mas por vontade de Deus —, ao festejar seu nascimento podemos pedir a Ela uma graça especial. Peçamos, então, que a Santíssima Virgem estabeleça com cada um de nós uma aliança especial, um vínculo de filiação todo especial em nosso relacionamento com Ela, de maneira a tomar-nos sob seu amparo de modo todo particular.

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 8/9/1963

domingo, 4 de setembro de 2016

Eu fiz nascer no Céu a luz que não se apaga

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
A primeira das criaturas em dignidade
E São Tomás de Villanueva assim escreve:
“Na Virgem podem ter cumprimento as palavras do Eclesiástico: «Eu fiz com que nascesse nos Céus uma luz inextinguível»
“Três São as condições da luz. Antes de tudo, o ser a primeira das criaturas: «No princípio criou Deus o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia, e as trevas cobriam a face do abismo e o Espírito de Deus movia-se sobre as águas. E Deus disse: Exista a luz.»
A Santíssima Virgem é a primeira na dignidade disse Santo Anselmo: «Nada há igual a Vós, Ó Senhora! Nada que se Vos possa comparar; pois tudo o que existe, ou está sobre Vós, é Deus, ou sob Vós, tudo o que não é Deus». E São Tomás [de Aquino]: «Tem em si certa infinitude» [...]
“Como o Anjo e Adão foram criados em graça, assim a Virgem foi concebida em graça. [...][Porém], o Anjo e Adão caíram E por isso se disse: «Eu fui criada desde o princípio e antes dos séculos e não deixarei de existir em toda a sucessão das idades»; porque a Virgem sempre conservou intacta a graça que desde o Princípio recebeu, sem perdê-la pelo pecado […]
A mais formosa das criaturas corporais
“Segunda condição da luz. É a mais formosa das criaturas corporais, porque sem ela nada este de belo, mas tudo é odioso.
“Disse São Bernardo: «Tira o sol, e que resta senão trevas? Tira a Maria, e que existe senão escuridão e cegueira de espírito?» Voz do Esposo: «Quão formosa sois, amiga minha, quão formosa sois»! Formosa com a beleza da inocência, formosa com a beleza da graça; formos a no corpo, no espírito, esta Virgem real foi adornada como que com pérolas e estrelas, com estas excelentes perfeições […]
Universal benevolência

“Terceira condição da luz. É universal, a tudo enche, disse Santo Ambrósio no Hexameron A Virgem não foi feita com peso e medida determinados. Deu a todos e a tudo encheu; e como o Sol de Justiça, Cristo, nosso Deus, faz brilhar sua luz sobre os bons e os maus, assim esta luz inextinguível, a Virgem Sacratíssima refletindo os raios da divina misericórdia, oferece a todos, sem distinção, suas graças e sua clemência, e se compadece com universal afeto das necessidade todos”. 

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Maria: Luz que excede em claridade a todos os Santos

 Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
Eu fiz nascer no Céu a luz que não se apaga
Em seus renomados sermões marianos, São Boaventura ensina que, “comparada à luz da Sabedoria divina, Maria avantaja em claridade às demais criaturas, porque assim como aquela está sobre todos os seres criados quanto à iluminação que lhes dá, [...] assim esta Virgem, esclarecida mais que todos os Santos por dita Sabedoria, com seus piedosos rogos iluminou, pela luz da graça, mais do que ninguém, a todo o mundo.
“Por isso se escreve no capítulo XIII de Tobias: «Brilharás com luz resplandecente e serás adorada em todos os rincões da Terra», como se dissesse: Tu, santa, brilharás com a luz resplandecente da Sabedoria Eterna, ou seja, obterás para os outros o esplendor da graça. [...]
Luz que não se apaga
“Ademais, comparada com a Luz eterna, avantaja em sabedoria às outras criaturas, porque assim como a Luz divina sobrepuja à criação inteira, quanto ao governo e direção de tudo o que existe, [...] assim também a Bem-aventurada Virgem está acima de todas as coisas neste particular; e por isso se diz no capítulo VII do Livro da Sabedoria:

«Resolvi-me a tê-la por luz, porque a sua claridade é inextinguível». [...] A luz dos outros Santos, homens ou mulheres, se apaga com frequência, e por isso é perigoso segui-la, pois quando se acredita seguir a luz, segue-se as trevas. Porém, a luz desta Virgem se fez inextinguível pela [sua] confirmação em graça; e, mais ainda, a Ela mesma se deve o não se apagar nos outros a luz da graça, segundo se lê no capítulo XXIV do Eclesiástico: «Eu fiz nascer nos céus a luz que não se apaga». Pois «quem a segue, não anda em trevas, mas terá a luz da vida», que nunca fenece” 1.
1 BOAVENTURA. Obras Completas. Madrid: BAC, 1947. Vol. IV p. 867; 869; 905 e 907.