sábado, 30 de julho de 2016

Qual lua ilumina

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
Lua que ilumina os pecadores
Outro devoto autor avança um pouco mais nos comentários sobre a relação entre Nossa Senhora e a lua: “Pode-se comparar Maria à lua no sentido de que Ela possui, em grau supremo, todas as virtudes morais de que a lua pode ser o símbolo.
“A lua brilha durante a noite, e esparge sua doce claridade sobre a Terra, para dissipar o horror das trevas que a esta envolvem. Assim também brilha Maria em meio às trevas, quando Ela faz chegar alguns raios da graça, certos favores divinos, até aos infelizes que vivem nas escuridões do pecado mortal, noite horrível, noite espantosa pelos perigos e ciladas de toda sorte que ela esconde aos olhos. Mas, a lua brilha: Maria obtém de Deus, para os desditosos pecadores, alguns raios de sua graça celeste, a fim de que eles não pereçam, mas retornem a Deus, o Sol de Justiça, do qual eles se apartaram. [...]
Lua que ameniza o ardor do Sol de Justiça
“Sabe-se que a lua exerce grande influência sobre a superfície do mundo. Os que cultivam a terra não fazem, por assim dizer, nada, sem considerar as várias fases da lua. Sem dúvida o sol possui mais virtude; entretanto, ao menos para diversas coisas, parece que a ação da lua se manifesta mais sensivelmente Sua influência é mais doce, mais benfazeja, e não tem os inconvenientes da do sol, cujo ardor consumiria tudo, se não fosse temperado pela noite. Esta sobrevém; a lua difunde sua doce claridade, as flores reerguem suas hastes meio amortecidas pelo calor do dia. Tudo revive. É a imagem de Maria.
“Deus fez dois grandes luzeiros, disse o Cardeal Hugo: um maior que é Cristo; o outro, menor, que é Maria». Cristo é o sol em torno do qual gravitam os planetas que d’Ele recebem brilho e virtude. Ele é a origem [...] de toda vida: é o Sol de Justiça, como O chama o Profeta Malaquias. E que há de espantoso se o sol queima? Se algumas vezes a justiça de Deus é um fogo devorador para aquele que peca? Oh! quantas vezes esse divino Sol teria reduzido a cinzas este mundo onde só existe malícia e pecado, se a lua, se Maria não se tivesse interposto! Certa feita teve São Domingos uma visão. A seus olhos apareceu o Supremo Juiz, encolerizado, pronto a destruir o mundo, por causa dos pecados dos homens. Eis, porém, que Maria se apresenta: Ela se prosterna aos pés de Deus, detém o castigo e alcança misericórdia.
“Temos, pois, razão de dizer com os Anjos, que Maria é bela como a lua. E não é tudo. [...] Se esta Virgem poderosa reluz como a lua para o pecador, ilumina suas trevas, aplaca a cólera de Deus, afasta de nós os males, obtém-nos mil favores por sua intercessão podemos bem nos alegrar, porque encontramos em Maria tudo o que há de bom para nós, tudo o que nos pode salvar”. 1
1 JOURDAIN, Z-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900 Vol. V p. 564-565.