sábado, 21 de fevereiro de 2015

Aquela que esmagará o mal em nossos dias

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
E assim exprime o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sua confiança n’Aquela que humilhou a soberba do dragão:
“Para o mundo contemporâneo, não há outro caminho, senão a ordem perfeita do catolicismo, ou o caos completo da aniquilação. Não é, pois, sem angústia que até mesmo alguns espíritos nos quais não arde a fé católica, indagam se a Igreja soçobrará ao vendaval da crise moderna. [...]
“É para estas almas cegas, que a invocação da Ladainha Lauretana Virgo Potens constitui tema de proveitosa meditação. Não é das baionetas pagãs, nem do ouro semítico, nem de qualquer outro recurso humano, que a Igreja espera o grande triunfo que salvará mais uma vez a civilização. A Igreja é divinamente indestrutível e se-lo-á amanhã, como já o era ontem. É só de Deus, Nosso Senhor, que lhe virão no momen to oportuno os milagres que asseguraram o triunfo de Constantino, o recuo de Atila e a derrota dos muçulmanos em Lepanto.
“De Maria Santíssima, diz a Sagrada Liturgia: «Só Tu esmagaste todas as heresias». Mais possante que os modernos Césares, invencivel como nunca o foram os modernos sinédrios, há uma Virgem Poderosa que esmagará o mal em nossos dias, Ela que já esmagou outrora a cabeça orguihosa da terrível serpente. Sua força, já o dissemos, não está no ouro, nem nos canhões. Sua força está na sua caridade que é invencível, na sua humildade que é incomensurável, na sua pureza que é indizível.
“Conjuguem-se embora, contra a infalível Cátedra de São Pedro, o demônio, o mundo e a carne, a Virgem Potente triunfará. E, no momento da derrota, todo o ouro dos seus adversários lhes será inútil como se fosse lama, seus canhões inoperantes como se fossem brinquedos.
“Ao ouvir estas palavras, é possível que um sorriso desdenhoso exprima em certos lábios céticos uma desaprovação irritada. Um dia virá porém — e quem sabe se não é amanhã — em que a Virgem Potente triunfará suscitando uma nova legião de cruzados, ou dando ao Papa a vitória incruenta e gloriosa que teve outro Pontífice, São Leão I, quando, armado só com a Cruz de Cristo, fez recuar o terrível Rei dos Hunos.

“Não, a despeito do riso dos céticos, das injúrias dos perversos e da incredulidade dos medrosos, é a Virgo Potens que vencerá!” 21

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Foi do dragão a soberba, por Vós, ferida e humilhada

Comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada
Foi do dragão a soberba, por Vós, ferida e humilhada
A prometida vencedora do demônio
Em um de seus fervorosos sermões sobre Nossa Senhora, São João de Avila assim se exprime:
“Tinha a Virgem um magnânimo coração, cheio de fortaleza do Céu, com que pisava o leão e o dragão, que é o demônio com todas as suas fúrias e astúcias; e ele e os seus tinham d’Ela tanto temor, que de sua presença e de seu nome iam fugindo, derretidos como cera. Porque se de Santo Antão tinham os demônios tal pavor que, ouvindo seu nome, punham-se em fuga, com quanta maior razão se deve crer que, ao nome de Maria, fugirão eles, e com mais celeridade, pois Ela é a mulher da qual está escrito que havia de esmagar a cabeça ao demônio, não só porque escapou do pecado original, mas de todos os outros, mortais e veniais?” 1
A respeito dessa invencível superioridade de Nossa Senhora sobre o demônio, não menos calorosas são estas palavras de São Bernardo:
“Para falar pouco do muito, que outra coisa te parece que pre disse Deus, quando declarou à serpente: «Porei inimizades entre ti e a mulher»? E se ainda duvidas que falasse de Maria, ouve o que segue: «Ela te pisará a cabeça». Para quem se reservou esta vitória, senão para Maria? Ela, sem dúvida, esmagou a venenosa cabeça [do demônio, vencendo e reduzindo a nada todas as sugestões do inimigo, assim nos deleites do corpo como na soberba do coração” 2
Outro eloquente comentário acerca do triunfo de Nossa Senhora sobre o demônio, é este de Santo Afonso de Ligório: “Não só do Céu e dos Santos é Maria Santíssima Rainha, senão também do Inferno e dos demônios, porque os venceu valorosamente com suas virtudes. Já desde o princípio do mundo tinha Deus predito à serpente infernal a vitória e o império que sobre ela obteria nossa Rainha. «Porei inimizade entre ti e a mulher; ela te esmagará a cabeça» (Gên. III, 16). Mas quem foi esta mulher, sua inimiga, senão Maria, que com sua profunda humildade e santa virtude sempre venceu e abateu as forças de Satanás, como atesta São Cipriano?

“É para se notar que Deus falou «Eu porei» e não «Eu ponho» inimizade entre ti e a mulher. Isto faz para mostrar que a sua vencedora não era Eva, que já então vivia, mas uma sua descendente. Esta devia trazer a nossos primeiros pais, como diz São Vicente Ferrer, um bem maior do que aquele que tinha perdido com o seu pecado. Maria é, portanto, essa excelsa mulher forte que venceu o demônio e, em lhe abatendo a soberba, esmagou-lhe a cabeça, conforme as palavras do Senhor: Ela te esmagará a cabeça” 3
1) ÁVILA, Juan de. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 938-939.
2) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 194.
3) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. p. 94-95.
Continua no próximo post

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Contínuo ato de amor a Deus e ao próximo

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada
“Mais ainda me agrada este pensamento de Bernardino de Busti:
Maria não vivia repetindo atos de amor, à maneira dos Santos; mas, por singular privilégio, foi a sua vida um ato único e contínuo de amor de Deus. [...]
“O amor para com Deus e para com o próximo nos é imposto pelo mesmo preceito: «E nós temos de Deus este mandamento que o que ama a Deus ame também o seu irmão» (I Jo. IV, 21). São Tomás nos dá a razão: Quem ama a Deus, ama todas as coisas amadas por Ele. Disse um dia Santa Catarina de Siena: «Meu Deus, quereis que eu ame ao próximo e só a Vós eu posso amar». Ao que lhe respondeu o Senhor: «Quem me ama, também ama tudo aquilo que é amado por Mim».
“Ora, como nunca houve, nem haverá quem ame a Deus mais do que Maria, também nunca houve, nem haverá quem mais do que Ela ame o próximo. [...] Mais brilhante prova dessa grande caridade não nos pôde dar, do que oferecendo seu Filho à morte pela nossa salvação. Tanto amou o mundo, que, para salvá-lo, entregou à morte Jesus, o seu Filho Unigênito, diz um texto atribuído a São Boaventura. De onde assim Lhe fala Santo Anselmo: Ó bendita entre as mulheres, Tu excedes aos Anjos em pureza, e aos Santos em compaixão” 1
Incomparável e abrasadora caridade
Ouçamos, por fim, a consideração do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, acerca da inexcedível caridade que abrasava a alma de Nossa Senhora:
“Nunca houve, e jamais haverá, em toda a história da criação, um amor a Deus tão perfeito e tão ardoroso quanto o que teve Nossa Senhora, desde o primeiro instante de seu ser.
“Se considerarmos o amor a Deus que têm os Anjos, e o que brilhou nas almas dos grandes Santos — por exemplo, o amor zeloso, combativo, ágil, de Santo Inácio de Loyola; o amor embevecido, cheia de ternura e de ardor, de São Francisco de Assis; o amor contemplativo, feito de pensamento e de meditação, de São Bento; e o amor eloquente, inflamado, de São Bernardo — se, pois, considerarmos todo esses amores, podemos concluir que:
“Primeiro, Nossa Senhora possuiu todas as modalidades de amor a Deus que houve e haverá, até o fim do mundo, no Céu e sobre a Terra, nos Anjos e nas almas mais santas;
“Segundo, Ela excedeu a cada um desses Anjos e Santos, de modo incalculável, na forma específica de amor a Deus que os distinguiram;

“E em terceiro lugar, a soma da caridade de todos os Anjos e de todos os Santos reunidos, não tem proporção alguma com a sublime caridade de Nossa Senhora, que reina acima de todo o conjunto das criaturas!” 2
1) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 25/6/1966. (Arquivo pessoal).
2) ÁVILA, Juan de. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 938-939.