terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ternura da Mãe de Deus

O protótipo de ternura é o coração materno. Especialmente o é o Coração da Mãe das mães, que excede de um modo inimaginável a ternura de todas as mães que houve, há e haverá. Quase que se poderia dizer que Nossa Senhora é a personificação da ternura.
Para exprimir isso aos homens por formas diversas, Maria Santíssima multiplica suas graças. Ora Ela aparece sob a forma de uma Rainha esplêndida, em homenagem à qual se constroem catedrais magníficas; ora sob o aspecto de Mãe de misericórdia, meiga, que Se contenta com o culto que Lhe é tributado em pequenas choupanas, onde, entretanto, Ela faz milagres excelentes para tornar mais patente sua maternal bondade, animar os homens a Lhe pedirem, com confiança, tudo quanto queiram, e convidá-los a amá-La por causa da ternura que Ela lhes demonstra.

Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferência de 14/5/1966

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Natividade de Jesus

Repousais, Senhor, em vosso misérrimo e augustíssimo presépio, sob os olhos da Virgem, vossa Mãe, que vertem sobre Vós os tesouros inauferíveis de seu respeito e de seu carinho. Jamais uma criatura adorou com tão profunda e respeitosa humildade o seu Deus. Nunca um coração materno amou mais ternamente seu filho. Reciprocamente, jamais Deus amou tanto uma mera criatura. E nunca filho amou tão plenamente, tão inteiramente, tão superabundantemente sua mãe. Toda a realidade desse sublime diálogo de almas pode conter-se nestas palavras que indicam aqui todo um oceano de felicidade, e que em ocasião bem diversa haveríeis de dizer um dia do alto da Cruz: Mãe, eis aí teu filho. Filho, eis aí tua Mãe (cf. Jo 19, 26). E, considerando a perfeição deste recíproco amor, entre Vós e vossa Mãe, sentimos o cântico angélico que se levanta das profundezas de toda alma cristã: “Glória a Deus no mais alto dos Céus, e paz na terra aos homens de boa vontade” (Luc 2, 14).

Plinio Correa de Oliveira – Extraído de “Catolicismo” n° 156, dezembro de 1963

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Pureza, humildade, obediência

Na Anunciação, a atitude de Maria, a Virgem das virgens, foi perfeitamente virginal. De outro lado vemos como Ela foi humilde em toda a linha. Aquela que Deus destinara para ser sua Mãe, preparando sua alma e seu corpo para estarem inteiramente proporcionados — tanto quanto possível a uma criatura humana — à honra de ser a Mãe do Messias, não tinha de Si uma alta ideia. Pelo contrário, ficou perturbada porque julgou que o elogio do Anjo não podia caber para Ela.
Contudo, bastou São Gabriel dar-Lhe a certeza de que isso vinha de Deus para Maria responder: “Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum — Eis a escrava do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra.”
Assim, da humildade e da pureza conjugadas em Nossa Senhora resultou sua aceitação do plano de Deus, a respeito da Encarnação do Verbo.
Há, entretanto, outro fiat de Maria que é uma verdadeira beleza. Aos pés da Cruz, Deus quis que Ela consentisse em oferecer o seu Filho como vítima. Nossa Senhora O via estertorando na Cruz, dando aquele brado: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonastes?”, e consentiu que aquilo se passasse para o gênero humano ser resgatado e as almas poderem ir ao Céu. Porque Deus queria que Ela quisesse, Ela quis! São os dois atos supremos de obediência da Santíssima Virgem.

Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferência de 25/3/1990

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

OS SETE GOZOS DE NOSSA SENHORA

1) Anunciação e Encarnação
2) Visita a sua prima Santa Isabel
3) Nascimento de Jesus
4) Adoração dos Reis Magos
5) Encontro de Jesus no Templo
6) Ressurreição de Jesus
7) Coroação da Virgem Imaculada no Céu
Existem também outros Sete Gozos principais que Ela desfruta no Paraíso e que são:
É o primeiro, o gozo que tem ao ver se tão elevada na glória e tão próxima do trono da Santíssima Trindade, que só Deus está acima dEla, e tudo que não é Deus está debaixo de seus pés;
O segundo, aquele que só pela sua virgindade possui uma coroa mais rica e mais preciosa do que todas as coroas dos habitantes do céu;
O terceiro, por ser o segundo sol do paraíso, que enche de gozo os coros todos dos anjos e dos santos;
O quarto, porque todos os cidadãos da celestial Jerusalém louvam Na e honram Na incessantemente como a sua rainha e como a Mãe de seu Redentor;
O quinto, por haver Lhe Deus dado um poder absoluto no céu e na terra e sobre todas as criaturas;
O sexto, porque lhe deu um poder especial de bendizer, proteger e favorecer de todas as maneiras os que lhe tem particular bênção;
O sétimo, porque todos estes gozos, não diminuirão jamais, antes, sempre crescerão até o dia do juízo e serão eternos".
Referem se vários autores graves que São Tomás, Arcebispo de Canterbury, dizia todos os dias sete Ave Marias em honra dos sete gozos principais que a Santíssima Virgem teve na terra, e que Ela o advertiu que acrescentasse a memória dos Sete principais Gozos que desfruta no Céu, assegurando lhe que esta devoção lhe era muito agradável, e que Ela assistiria na hora da morte a todos os que a praticassem, que encheria de consolo seus corações, que receberia suas almas à saída do corpo, e as apresentaria a seu Filho.
São João Eudes

("La infancia admirable de la Santisima Madre de Dios" La Editorial Viscaina, Bilbao, 1935, pp. 112 114.)

domingo, 13 de dezembro de 2015

Tudo por meio de Maria Santíssima

Deus juntou todas as águas e as denominou mar, e juntou todas as graças e as denominou Maria. (São Luís Grignion de Montfort)
Deus uniu em Nossa Senhora todas as graças que Ele haveria de dar a todas as criaturas em todos os tempos. E a partir disso, deu para todas as criaturas. Mas, também, as graças que Ele dá devem reverter a Ele em forma de oração. E todas essas orações têm que passar por Nossa Senhora para chegar até Ele.
De maneira que temos aí o princípio, que é uma verdade de Fé, que Nossa Senhora é a Medianeira de todas as graças. É o caminho de todas as graças.
Todo o bem que Deus faz, por exemplo a nós aqui, Ele está fazendo porque Ela pediu. E se Ela não pedisse, Ele não faria bem nenhum. E ainda que todos os Anjos e Santos do Céu pedissem esse bem que Ele está fazendo, se não fosse por meio dEla não conseguiriam, porque Ela é o ponto de partida de tudo. É a Mãe dEle.
Agora, em sentido contrário, todos os pedidos que fazemos a Deus, atos de adoração, de reparação, de ação de graças e de petição -- são os quatro atos de culto; tomamos quatro atitudes: adora, antes de tudo, pela perfeição infinita dEle; depois dá ação de graças por todos os benefícios que Ele nos faz; depois reparação por todas as ingratidões nossas e de outros homens; depois petição -- esses atos todos devem subir por meio de Nossa Senhora. Se não subirem por meio de Nossa Senhora, não adiantou nada.
Desse modo, São Luís Grignion de Montfort quis simbolizar isso por meio dessa frase.

 Plinio Correa de Oliveira - conversa 5/03/ 1987 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Elevada como o sol

Encarnando-se nas castíssimas entranhas de Nossa Senhora, e d’Ela nascendo, o Verbo eterno A elevou como o sol, acima de todos os Anjos e Santos.
“A grandeza de Jesus reflete sobre Maria todos os seus raios. Pois é sempre verdade que, assim como a honra e a glória dos pais se refletem sobre seus filhos, também a honra e a glória dos filhos se refletem sobre seus pais.[. ..]
“O panegirista de Filipe da Macedônia, pai de Alexandre Magno, chegado ao ponto mais alto de seu discurso, disse: «Bastaria dizer para tua glória que tiveste por filho Alexandre». Outro tanto, e ainda com maior razão, podemos dizer de Maria: Bastaria dizer para vossa glória que tivestes por filho, Jesus.
“Pode-se, porventura, imaginar uma glória mais alta? É, com efeito, uma dignidade tão admirável que o próprio Deus, não obstante sua onipotência, não poderia criar outra mais sublime do que esta. Para que, de fato, possa haver uma mãe maior e mais perfeita do que Maria, seria necessário que existisse um filho maior e mais perfeito do que Jesus, coisa impossível, pois não pode haver nada de maior do que Deus. Não somente Maria se acha, de fato, logo depois de Deus na escala da grandeza, mas sua união com Ele é tão estreita, que não há mais lugar para outra criatura, inferior a Deus e superior a Maria.
“Com a divina maternidade, Deus concedeu à criatura tudo que a essa pode ser concedido, depois da união hipostática. Maria é a obra-prima do Onipotente. Por isto se pode dizer que os Santos Padres e os Doutores da Igreja esgotaram o vocabulário, exaltando Maria.
‘É um São Tomás de Aquino que diz: «Maria, pelo fato de ser Mãe de Deus, possui uma dignidade infinita, devido a suas relações com Deus, que é o bem infinito; sob este aspecto, não é possível haver nada de melhor, como não é possível achar-se coisa alguma que seja melhor do que o próprio Deus» (Suma, I, q. 25, a. 6, ad 6).
“É um Conrado da Saxônia quem escreve: «Ser Mãe de Deus é uma graça tal, que Deus não pode conceder outra maior. Poderia criar um mundo e um céu maiores, porém fazer uma mãe maior do que a Mãe de Deus é, mesmo para Ele, coisa impossível» (Speculum B. M. 14, 1. 10).
“É um São Tomás de Villanueva, insigne teólogo e ilustre pregador, quem afirma: «Ainda que as estrelas do céu se convertessem em línguas e as areias do mar se transformassem em palavras, nunca se chegaria a exprimir completamente a dignidade de Maria» (Concio 5 infesto Assuinptionis B.M. 14).
“É um Fr. Monsabré que escreve: «A Igreja Católica com todas as suas homenagens, com todos os seus templos, com todos seus altares, com todas suas estátuas, com todos os seus incensos, com todos os seus panegíricos, com todos os seus cânticos, com todas as suas flores, com todas as suas festas, com todo o seu respeito, com toda a sua confiança, veneração e amor; não elevou tão alto a Virgem, como o fez o Evangelho, com aquelas palavras tão breves e simples, mas tão ricas e eloquentes: Maria, da qual nasceu Jesus que se chama Cristo» (30ª conf, de Notre-Dame). [...]
“Foram tantos e tão preciosos os dons de natureza, de graça e de glória concedidos pela augustíssima Trindade à Virgem Santa, que todas as belezas da natureza, todas as riquezas da graça, todos os esplendores da glória, não bastam para nos dar uma ideia exata da grandeza da Mãe de Deus.”

ROSCHINI, Gabriel. Instruções Marianas. São Paulo: Paulinas, 1960. p. 49-51.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Daquele brilhante sol a Virgem tem o fulgor

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora 
Maria, vestida do sol divino
No seu livro do Apocalipse, São João Evangelista se refere a “um grande sinal no céu: uma mulher, vestida de sol” (XII, 1).
Aplicando a Nossa Senhora essas palavras do Apóstolo virgem, assim se exprime São Bernardo:
“Com razão Maria nos é apresentada vestida de sol, porquanto penetrou, além de tudo quanto podemos imaginar, o profundíssimo abismo da Divina Sabedoria. De sorte que, tanto quanto o permite a condição de simples criatura, Ela, sem chegar à união pessoal, parece totalmente imersa naquela inacessível luz, naquele fogo que purificou os lábios do Profeta Isaías e no qual ardem os Serafins.
“Assim, pois, de modo bem diverso mereceu Maria, não apenas ser tocada ligeiramente pelo Sol divino, mas antes ser coberta com ele por todos os lados, banhada e como que contida pelo mesmo fogo.
“Alvíssimo é, na verdade, e também calidíssimo, o vestido desta mulher, da qual todas as coisas se vêem tão excelentemente iluminadas, que não é lícito suspeitar haja n’Ela nada, não digo tenebroso, mas nem sequer obscuro ou menos lúcido, nem tampouco algo que seja tíbio ou sem o mais intenso fervor. [...]
“«Uma mulher, disse, vestida de sol». Sem dúvida coberta de luz, como de um vestido. Para o homem sensual, isto não passa de uma leviandade, já que não é capaz de compreender as coisas espirituais. Não pensava assim o Apóstolo, que dizia: «Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo» (Rom. XIII, 14). Quão familiar d’Ele fostes criada, Senhora! Quão próxima, quão íntima [d’Ele] merecestes ser criada! Quanta graça achastes diante de Deus! Ele está em Vós e Vós, n’Ele; a Ele vestis e por Ele sois vestida. Vós O vestis com a substância da carne e Ele Vos veste com a glória de sua majestade. Vestis o sol com uma nuvem, e Vós mesma sois vestida de um sol” 1.
O Pe. Manuel Bernardes, por sua vez, celebrando a Assunção de Nossa Senhora, complementa o pensamento do Doutor Melífluo:
“Como a nuvem rara, diz o Santo, quando se põe diante do sol fica o sol vestido de algumas sombras da nuvem, e fica a nuvem vestida de alguns resplendores do sol; assim a Virgem Senhora, nuvem leve (como Lhe chamou Santo Ambrósio) se vestiu da divindade, porque a divindade se vestiu de Maria Santíssima.
“E a nuvem, sendo um vapor da terra, quando [é que se veste do sol? Quando sobe ao céu por virtude do mesmo sol. Maria Santíssima sobe hoje ao Céu por virtude de Deus e então aparece no Céu vestida do mesmo Deus: Apareceu no Céu uma mulher vestida de sol.
“Maria Santíssima, subindo ao Céu, toda está vestida de Deus. Seu rosto está vestido de Deus porque nele se tratou de Deus sua benignidade; seus olhos estão vestidos de Deus, porque são olhos misericordiosos; sua língua está vestida de Deus, porque nela guardou Deus os favos de sua doçura e sabedoria; [...] as mãos estão vestidas de Deus, porque tudo podem, e todos os seus tesouros por elas correm; o coração está vestido de Deus, porque nele derramou Deus sua bondade.

“A alma está vestida ou transformada com Deus, porque, entre todas as puras criaturas, tem a maior graça e a maior glória. Maria está cercada toda de sol, e se no meio do sol pudesse haver sombra, até a sombra de Maria estaria vestida de Deus, porque Deus Lhe fez sombra ao vestir-se de Maria” 2
1) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 726 e 728.
2) AS MAIS BELAS PÁGINAS DE BERNARDES: 2000 Trechos selecionados por NUNES, Mario Ritter (Coord.). São Paulo: Melhoramentos, 1966. p. 341.