sábado, 29 de agosto de 2015

Rainha, Mãe e Discípula!

Infelizmente, nas últimas gerações se observa um crescente desinteresse no estudo sério da doutrina. Com isso, aceitam-se as verdades de Fé muitas vezes por hábito, por costume, não por convicção, sem portanto a preocupação em aprofundar as razões que justificam essa crença. Sendo de instituição divina, tudo na Santa Igreja Católica é belíssimo e tem a sua explicação. Basta se procurar e se encontrará uma joia.
É o que ocorre, por exemplo, com o título tão difundido e, ao mesmo tempo, pouco conhecido de Rainha, merecidamente atribuído à Mãe de Deus.
Em princípio, todo católico aceita sem problema e até invoca Nossa Senhora como Rainha. Entretanto, quantos conhecerão as fundamentações doutrinárias mais elevadas e saberão explicá-las a seus filhos?
Ora, o que não se aprofunda pela razão, torna-se mero hábito que em poucas gerações se perde. Ao olvido de suas fundamentações teóricas se seguem as dúvidas, véspera da negação formal... Quantas verdades não sofreram esse processo de extinção nas mentes das pessoas?
Qual era o procedimento de Nossa Senhora como Rainha dos Apóstolos, na Igreja nascente? Por um lado, Ela era leiga, obedecendo, portanto, à Sagrada Hierarquia instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, ou seja, aos Apóstolos com quem convivia. Mas uma discípula que é ao mesmo tempo Filha bem amada do Pai, Mãe admirável do Filho e Esposa fidelíssima do Espírito Santo! De seu lado, os Apóstolos, como se relacionavam com Ela?
Plinio Correa de Oliveira comenta que com Pentecostes, caiu a venda dos olhos dos Apóstolos e discípulos a respeito da Pessoa de Jesus Cristo, conforme o Divino Mestre anunciara na Santa Ceia: “Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas não sois capazes de compreender agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, vos guiará em toda a verdade.” (Jo 16,12-13). E nessa verdade, não estaria incluído também o conhecimento de toda a grandeza de Maria Santíssima? Seria possível a compreensão do Filho e não da Mãe?

São Luís Grignion de Montfort em seu “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” trata com timbre profético de um Reino de Maria vindouro em que os homens respirarão Maria como se respira o ar, e no qual, por fim, a humanidade dará plena glória a Deus. Pois bem, todo católico pode tornar essa futura era marial presente já pelo menos em sua alma, fazendo com que em si Nossa Senhora reine inteiramente. Assim, para que Ela se torne Rainha de fato em algum lugar, depende somente de cada um de nós... 
Continua no próximo post

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Coração de Maria

Maria foi como o centro de todas as graças e belezas que Deus havia distribuído aos Anjos, aos Santos e a todas as criaturas. Maria havia de ser a Rainha e Senhora dos Anjos e dos Santos, e por isso mesmo deveria ter mais graças que todos eles, já no primeiro instante de seu ser.
Maria havia de ser Mãe do próprio Deus. É um princípio de filosofia que entre a forma e as disposições da matéria deve existir certa proporção: a dignidade de Mãe de Deus é aqui como a forma, e o coração de Maria é a matéria que há de receber esta forma. Ó, que cúmulo de graças, virtudes e outras disposições se reúnem naquele santíssimo e puríssimo coração!...

Santo Antônio Maria Claret

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Mãe que Se inclina sobre os deserdados

Não cessa a Igreja de exaltar em Maria a Rainha dos Anjos e dos homens, Rainha das Virgens e dos Confessores, dos Mártires e de todos os Santos, [...] Rainha do Céu e da Terra, Rainha do Universo.
Rainha, a título porém de Mãe, e ao serviço de todos os seus filhos, para os dirigir, na intimidade da vida, menos por ordens e leis e sim, muito mais, por inspirações secretas e com o sorriso de Mãe que se inclina, com maior ternura, sobre os filhos mais deserdados. Quanto mais formos pequeninos, mais Ela Se mostrará nossa Mãe. Quanto mais nos deixarmos guiar por Nossa Senhora, mais Ela nos elevará até Deus.

Pe. Marie-Michel Philipon, OP

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Toda sois formosa, ó Mãe querida (cont)

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora 
Beleza realçada pela vitória sobre o demônio
Essa incomparável formosura de Nossa Senhora se torna ainda mais saliente quando Ela nos aparece esmagando sob seus pés a cabeça da serpente infernal. Assim o comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Na Bula Ineffabilis Deus, com que definiu o dogma da Imaculada Conceição, o Papa Pio IX assim se exprime: «E depois reafirmamos a nossa mais confiante esperança na Beatíssima Virgem que, toda bela e imaculada, esmagou a cabeça venenosa da crudelíssima serpente, e trouxe a salvação ao mundo».
“É interessante notar como o Sumo Pontífice reúne, no mesmo pensamento, a beleza e o poder de Nossa Senhora. De outro lado, evoca ele, por contraste, a hediondez e a fraqueza do demônio, o qual é esmagado por Ela.
“Portanto, uma vez que existe a diabólica serpente, a beleza e a perfeição da Santíssima Virgem só se manifestam completas porque Ela triunfa, vence e esmaga o demônio. Satanás é um escabelo aos pés d’Ela. Sendo Maria imaculada e soberanamente linda, não basta que todas as criaturas deste mundo, as do Céu e as do Purgatório Lhe prestem homenagem: importa que o inimigo esteja quebrado sob seu calcanhar.
“Uma perfeita consideração do esplendor de Nossa Senhora envolve, portanto, a ideia do demônio estraçalhado e humilhado por Ela. Essa vitória sobre Satanás resulta em particular brilho na celestial beleza da Imaculada Conceição” 1

1) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 8/12/1965. (Arquivo pessoal).

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Toda sois formosa, ó Mãe querida

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora 
Corpo preparado para a Encarnação do Verbo
“É um corpo em que será encerrado nove meses Aquele a quem os Céus não são capazes de conter. As entranhas benditas deste santo corpo serão a morada feliz do Verbo Encarnado. Seu leite virginal dará a vida ao que é o princípio de todas as vidas dos homens e dos Anjos. Seus braços, suas mãos, seus pés, empregar-se-ão em todos os ofícios que a Mãe de um Deus pode exercer para com um Filho-Deus.
“Se a Igreja tem tanto respeito e veneração por todas as coisas que tocaram o divino corpo do Salvador, como a Cruz, os cravos, os espinhos, os sudários de seu sepulcro, e outras coisas semelhantes, que honra merecerá este corpo venerável da Bem-aventurada Virgem, uma porção do qual é o corpo do Redentor?
“Depois disto, não vos estranheis se a Santa Igreja e os Santos Padres dizem tantas maravilhas da formosura e outras perfeições deste corpo incomparável. É uma beleza admirável, e que será eternamente o objeto do encanto de todos os habitantes do Céu.
Elogios dos Santos à beleza moral e física de Nossa Senhora

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Adornada pelo Divino Esposo

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora 
Em páginas de admirável fervor marial, São João Eudes condensou o pensamento dos Santos e dos doutores acerca da imaculada formosura de Nossa Senhora. Ouçamo-lo:
“Quereis conhecer as perfeições com que Deus adornou o corpo virginal [de Maria]? Escutai o que sobre esta matéria dizem os santos doutores: São Boaventura, Santo Antonino, Ricardo de São Vítor, Dionísio o Cartuxo, o douto e pio Suárez e os demais teólogos afirmam comumente que, entre todos os corpos humanos, nunca houve tão perfeito e formoso, depois do corpo adorável de Jesus, como o puríssimo corpo de Maria. As razões disto são evidentes.
“Porque, em primeiro lugar, é um corpo que, segundo São Jerônimo, São João Damasceno, Santo Epifânio e São Gregório Niseno, foi formado miraculosamente e por virtude sobrenatural, sendo por conseguinte obra do Espírito Santo, que não omitiu nenhuma das qualidades mais excelentes com que podia adornar convenientemente o corpo virginal de sua digníssima Esposa. «É uma estátua talhada pela mão de Deus», diz Santo André de Jerusalém.
“É um corpo que nada tem da maldição do pecado com que são feridos todos os corpos dos demais filhos de Adão. É o corpo da destinada a ser Mãe do Salvador e deve ter, portanto, uma perfeita semelhança com o corpo de seu Filho que será formado de seu puríssimo sangue.
“Foi também revelado a Santa Brígida que o Filho e a Mãe se pareciam tão perfeitamente, na figura e nos traços do semblante, no tamanho e composição do corpo, que quem visse um, via a outra.
“É um corpo feito para estar unido à mais bela e santa alma que jamais existiu nem existirá, depois da alma deífica do Salvador.
“É um corpo em que Deus é muito mais glorificado do que no Céu empíreo.
“É um corpo feito para ser o mais verdadeiro templo do Espírito Santo e o mais augusto santuário da Santíssima Trindade, depois do corpo adorável de Jesus, e para ser um Céu vivente, no qual habitará corporalmente toda a plenitude da Divindade.

“É um corpo que foi criado para que servisse a dar cumprimento aos maiores desígnios de Deus, no qual e do qual sua onipotente bondade obraria o maior e mais admirável de seus mistérios, que é o inestimável mistério da Encarnação.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Os pais de Maria

É máxima incontestável de todos os teólogos, com o Doutor Angélico, que Deus nos dá suas graças em medida proporcional à qualidade e à dignidade da condição e do estado aos quais nos chama.
Ora, São Joaquim e Sant’Ana foram escolhidos para progenitores d’Aquela que haveria de ser a Rainha de todos os Santos, a Mãe do Santo dos Santos e a esposa do Divino Espírito Santo. Portanto, devemos estar persuadidos de que a Bondade Divina os encheu de todos os dons e graças do mesmo Espírito Santo, e de uma extraordinária santidade.
Quis o Pai das misericórdias dar-nos por meio deles Aquela que, depois de Jesus, é o mais excelente modelo da perfeição, o mais elevado trono da santidade. Como, pois, duvidar que tenha Ele ornado de todas as virtudes e perfeições imagináveis aqueles que deviam ser o manancial desse imenso mar de graças?
Seus próprios nomes nos dizem quais devem ser a excelência e a dignidade que os tornam merecedores de graças extraordinárias: Joaquim significa “preparação do Senhor”; Ana quer dizer “graça”. Porque convinha, como diz São Pedro Crisólogo, que “a morada do Santo dos Santos e da própria santidade fosse preparada com muita antecipação nas pessoas do pai e da mãe que haveriam de engendrá-la”.

São João Eudes, A infância admirável da Mãe de Deus