sexta-feira, 28 de março de 2014

Sois o consolo dos tristes

Comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Sois o consolo dos tristes
Consolo e exemplo que alivia as tristezas
Entre as principais manifestações da misericórdia de Nossa Senhora encontra-se o consolo que Ela prodigaliza aos homens atribulados. Ouçamos o que sobre isso nos diz um dos grandes mariólogos do século XX, Fr. Garrigou-Lagrange, O. P.: “Consoladora dos aflitos, Nossa Senhora o foi já durante sua vida terrena: em relação a Jesus, sobretudo no Calvário; em relação aos Apóstolos, depois da Ascensão, em meio às imensas dificuldades que eles encontraram para a conversão do mundo pagão. Ela lhes obteve de Deus, o espírito de força e uma santa alegria no sofrimento. Durante a lapidação de Santo Estevão, primeiro mártir, Ela o deve ter assistido espiritualmente, com suas orações.
“Nossa Senhora, vendo tudo o que ameaçava a Igreja nascente, permanecia firme, guardando um semblante sempre sereno, expressão da tranquilidade de sua alma, de sua confiança em Deus. A tristeza não se apoderava jamais de seu coração. O que conhecemos da força de seu amor a Deus faz pensar, dizem piedosos autores, que Ela permanecia alegre nas aflições, que não se lamentava da indigência e do despojamento, e que as injúrias não podiam tisnar os encantos de sua doçura. Só com seu exemplo, Ela aliviava sobremaneira os infelizes acabrunhados de tristeza. [...]
Consoladora dos indigentes de corpo e de alma
“O Espirito Santo é chamado Consolador, sobretudo porque Ele faz derramar lágrimas de contrição, que lavam nossos pecados e nos devolvem a alegria da reconciliação com Deus. Pela mesma razão, a Santa Virgem é consoladora dos aflitos, fazendo com que estes chorem santamente suas faltas. Não somente Ela consola os pobres pelo exemplo de sua pobreza e por seu socorro, mas é particularmente atenta à nossa pobreza oculta: Ela compreende a secreta penúria de nosso coração e nesta nos assiste. Ela tem conhecimento de todas as nossas necessidades, e proporciona o alimento do corpo e da alma aos indigentes que o imploram. Consoladora dos agonizantes e das almas dos fiéis defuntos
“Ela consola os cristãos durante as perseguições, liberta os possessos e as almas tentadas, salva da angústia os náufragos; Ela assiste e fortifica os agonizantes, recordando-lhes os méritos infinitos de seu Filho. Ela recebe também as almas após a morte. São João Damasceno diz em seu sermão sobre a Assunção: «Não é a morte, 6 Maria, que Vos tomou bem-aventurada, sois Vós que a embelezastes e a tomastes graciosa, despojando-a do que ela tinha de lúgubre».

“Ela suaviza os rigores do Purgatório, e obtém para aqueles que aí sofrem, as orações dos fiéis, aos quais Ela inspira o fazerem celebrar missas pelos defuntos” 1
1) GARRIGOU-LAGRANGE, Reginald. La Mère du Sauveur et notre vie intérieure. Paris: Du Cerf, 1948. P. 273-275.

sábado, 22 de março de 2014

Escrava do Senhor

Na Anunciação, Nossa Senhora ouviu a mensagem do Anjo e procurou logo o seu significado profundo. Recebida a explicação, Ela imediatamente entendeu e deu a resposta: “Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em Mim segundo a tua palavra”.
Ela notou que era preciso um consentimento d’Ela, e disse: “Sou escrava D’Ele, faça-se o que Ele quiser. E, segundo a tua palavra, aceito!”
Isso se realizou na singeleza diáfana da narração evangélica, representada no luminoso quadro de Fra Angélico, naquelas duas arcadas de uma casinha simples, limpinha, onde Nossa Senhora está sentada e São Gabriel A saúda.
Entretanto, aquele ato de vontade teve mais firmeza, aquele ato de inteligência mais nitidez do que tudo quanto se possa encontrar no universo. Nesta força de alma nota-se a inocência de Quem, sendo Filha diletíssima do Pai Eterno, era destinada a ser a Mãe de Deus Filho e Esposa do Divino Espírito Santo.

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 21/05/1891

quarta-feira, 19 de março de 2014

Agasalho da castidade

Comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Castidade vitoriosa
Com belas palavras, o Pe. Thiébaud apresenta-nos a castidade de Nossa Senhora como fonte dos grandes triunfos do cristianismo:
“É sob o patrocínio da Virgem que a castidade invadiu de súbito todo o universo, e que esta virtude não apenas povoou os santuários e os desertos de uma nova raça, mas também se espalhou pelo mundo, produzindo, com inesgotável e juvenil fecundidade, gerações castas. Poucos anos depois do exemplo de Maria, Roma, segundo expressão de Santo Ambrósio e de Tertuliano, contava já em seu seio todo um povo de virgens —Plebem pudoris. [...]
“A Virgem Maria foi a primeira que se consagrou a Deus por um voto de castidade perpétua.
“Esse corajoso exemplo produziu, e continua a produzir todos os dias, na Igreja, Anjos de virtude que se lançam com confiança nesse caminho novo, e que realizam, palmilhando-o, o prodigio das paixões extintas, das inteligências esclarecidas, das fraquezas vencidas e das vontades divinamente inabaláveis. É à virtude da castidade da qual a Virgem Maria é o primeiro modelo, que o cristianismo deve seus mais belos triunfos e suas mais esplêndidas vitórias” 1
Castidade contra-revolucionária e misericordiosa
À luz dos princípios de “Revolução e Contra-Revolução “, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira traça-nos este elogio d’Aquela que é o Agasalho da castidade.
“A sensualidade é, juntamente com o orgulho, uma das molas propulsoras da Revolução. Em sentido oposto, Nossa Senhora, Rainha e Arquétipo dos contra-revolucionários, praticou as virtudes da humildade e da castidade em grau inimaginável.
“O que dizer da pureza d’Aquela que foi imaculada desde o primeiro instante de seu ser? D’Ela brota para toda a Humanidade, como de uma fonte inexaurível, a virtude da castidade. E porque incomparavelmente pura, Ela é, mais do que ninguém, a protetora dos fracos, o socorro dos que se debatem nas tentações da carne. Engano seria pensar que, por ser Ela castíssima, Nossa Senhora tem invencível horror aos impuros. Ela tem, sem dúvida, aversão ao pecado de impureza, mas se compadece daquele que o comete, e deseja a emenda e a salvação deste infeliz.

“Ela está pronta a se inclinar sobre o mais miserável dos homens, e lhe dizer: «Meu filho, em que pântano caíste?! Entretanto, continuo sendo tua Mãe, e por isso me curvo até ti, por mais baixo que tenhas caído. Até aos extremos de tua fraqueza chega minha misericórdia, disposta a te salvar»” 2
1) THIÉBAUD. Les Litanies de La Sainte Vierge expliquées et commentées. 3. ed. Paris: Jacques Lecoffre, 1864. Vol. I. p. 264-265.
2) CORREA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 26/5/1972; 12/7/1991 e 25/9/1990. (Arquivo pessoal). 227

sexta-feira, 14 de março de 2014

Agasalho da castidade

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Modelo de castidade
“Depois da queda de Adão — escreve Santo Afonso de Ligório —, rebelaram-se os sentidos contra a razão, e não há para o homem mais difícil virtude a praticar do que a castidade. Conforme o Pseudo-Agostinho, por ela se luta todos os dias, mas raramente se ganha a vitória.
Contudo, o Senhor nos deu em Maria um grande modelo dessa virtude.
“Ela, com razão, é chamada Virgem das virgens, lemos em Santo Alberto; e isso porque sem conselho, nem exemplo de outros, foi a primeira a oferecer sua virgindade a Deus. [...] Sem conselho nem exemplo, digo eu, firmado em São Bernardo.
“O Virgem — pergunta o Santo — quem Vos ensinou a agradar a Deus pela virgindade, levando na Terra uma vida angélica? Ah! torna o Pseudo-Jerônimo, certamente Deus escolheu para sua Mãe esta Virgem puríssima, para que servisse a todos de exemplo de castidade.
Eis a razão por que Santo Ambrósio a chama deporta-bandeira da virgindade” 1.
Aquela que sempre inspira castidade
Um piedoso autor do século XIX assim descreve a castidade de Nossa Senhora: “A Virgem Maria conservou durante toda a sua vida uma puríssima castidade. [...] Nunca teve Ela o mais leve pensamento, ainda que breve e fugaz, nem imaginação, nem desejo, nem pendor, nem primeiríssimo movimento na alma que fosse ou pudesse chegar a ser contrário à formosa virtude.
“Manteve Ela, sempre, todos os seus pensamentos, afetos e desejos fixos e absortos em Deus. [...] De onde nasceu em Maria aquela serena compostura, aquela suave modéstia, aquela casta. gentileza em seu semblante e em toda a sua pessoa, que arrebatava o coração só de olhá-La; [...] aquele atraente candor que admiramos em suas imagens, e que basta, amiúde, para operar entre os infiéis e entre os mais endurecidos pecadores, milagrosas conversões; que basta para pôr em fuga o demônio, para rejeitar todo afeto e desejo, toda imaginação e pensamento menos honesto.

“Fixai os olhos numa imagem do Crucificado e vos inspirará compunção. Fixai-os numa imagem de Maria, e percebereis brotar em vosso coração sentimentos e afetos de castidade. Nunca pôde nada contra Maria o hálito pestilencial do demônio, cuja orgulhosa e asquerosa cabeça Ela esmagou” 2

1) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. P. 348-349.
2) CAVATONI, Angel. Letanía de la Santísima Virgen. Barcelona: Litúrgica Española, 1953. p. 91.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Os coros angélicos festejam as grandezas de Maria

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Os ilustres autores do Tesouro de Oratória Sagrada assim nos apresentam o encanto dos espíritos celestiais, diante da Santíssima Virgem:
“Nunca se poderá negar que Maria é superior aos Anjos em graça e em glória. E, por isso mesmo, também não se poderá negar que, sob ambos aspectos, deve-se chamar Rainha de todas as inteligências angélicas. [...]
“E os Anjos que A vêem constituída, por sua glória e por sua graça, sobre a esfera deles, arrebatados pela divina beleza que resplandece em seu rosto, e submissos ante a divina grandeza de que está Ela revestida, executam seus mandatos, veneram seu nome e celebram sua dignidade.
“Não por isso se pense que somente quando os Anjos viram a Maria no Céu e sentada no trono da glória, A saudaram como Rainha. Não. Desde o primeiro instante de sua vida já Lhe tributaram os devidos obséquios, pelo fato mesmo de que, desde então, transportados em êxtase de admiração, suspiravam por esta Mulher singularíssima, que embora vinda de um deserto, se apresentava cheia de graça e de grandeza. Por conseguinte, perguntando-se uns aos outros, e pedindo-se mutuamente a explicação deste grande acontecimento, deste fato único nos anais dos fatos mais extraordinários e solenes, desta indizível maravilha, exclamavam (Cânt. VIII, 5): «Quem é esta que sobe do deserto, inebriada de delícias?» [...]
“Assim, se ainda quando Maria andava como peregrina pelos ásperos caminhos deste vale de misérias, os Anjos Lhe serviram de criados e de ministros, o que não farão agora, que A vêem ascender da Terra ao Céu, e aí colocada esplendidamente sobre todas as suas ordens e coros? [...]

“Reconhecendo-A por Rainha, dançam em sua presença os Anjos, aplaudem-Na os Arcanjos, as Virtudes A glorificam, os Principados A enaltecem, regozijam-se as Dominações, alegram-se as Potestades, festejam-Na os Tronos, cantam-Lhe louvores os Querubins e celebram seus privilégios os Serafins!” 1
1) TESORO DE ORATORIA SAGRADA. 2. ed. BULDÚ, Ramon (Dir.). Barcelona: Pons, 1883. p. 323-324; 326-328 e 330, Vol. IV.

sábado, 1 de março de 2014

Maria: Alegria dos Anjos

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Cheios de júbilo, os Anjos saúdam a Imaculada Conceição
Em análogos termos, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira também se refere à felicidade que sentiram os Anjos, quando da Imaculada Conceição de Maria Santíssima:
“Em virtude do singular privilégio de sua Imaculada Conceição, Nossa Senhora teve, no primeiro instante de seu ser, um inteiro e lúcido conhecimento de Deus, e já aí Lhe manifestou o ato de amor mais perfeito que até então fora dado ao Criador. Ela O adorou, rendeu-Lhe graças e Lhe ofereceu uma reparação pelos pecados dos homens.
“E esse cântico da Santíssima Virgem, que foi um cântico novo, essa elevada e inigualável oração representou, para os Anjos bons, a primeira entrada de sua Rainha na corte celestial. Donde se poder imaginar com que transportes de alegria eles saudaram a Imaculada Conceição!” 11
Alegria dos Anjos, pelo nascimento de Nossa Senhora
E São João Eudes nos fala do extraordinário gáudio que encheu o mundo angélico, por ocasião do nascimento de Nossa Senhora:
“Estas alegrias foram universais; porque o Céu, a Terra, o [Purgatório], os Anjos, os homens, o Criador e todas as criaturas nelas tomaram parte. Que festa, que júbilo para todos os Anjos ao verem nascer Aquela que Deus lhes deu a conhecer como o meio pelo qual seriam reparadas as ruínas que o pecado produziu entre eles!” 12
Ainda a respeito da alegria dos Anjos com o nascimento da Santíssima Virgem, outro insigne mariólogo comenta: “[Eles], que desde o princípio de sua criação conheciam o futuro mistério da Virgem; que A esperavam e de longe A saudavam como sua Rainha [...], que entusiasmo não sentiram ao verem brilhar esta estrela da manhã, e ao pensar que seriam os mensageiros de suas graças e os missionários de sua clemência?

‘Ah, se os Anjos entoaram seus louvores sobre o pobre estábulo de Belém, não haveriam de se rejubilar, quando viram surgir a aurora da libertação, através da nuvem celeste que logo faria chover o Justo?” 13
11) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 7/12/1966. (Arquivo pessoal).
12) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan Eudes, 1957. p. 96.
13) THIÉBAIJD. Les Litanies de La Sainte Vierge expliquées et commentées. 3. ed. Paris: Jacques Lecoifre, 1864. Vol. I. p. 138.