sábado, 27 de setembro de 2014

Cidade Santa do Altíssimo

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Cidade edificada pelos apóstolos dos últimos tempos
Finalmente, é oportuno recordarmos as proféticas palavras do grande São Luís Grignion de Montfort, nas quais este se refere a Nossa Senhora enquanto sendo a cidade de Deus:
“No fim do mundo e em breve, [...] o Altíssimo e sua santa Mãe devem suscitar grandes Santos, de uma santidade tal que sobrepujarão a maior parte dos Santos, como os cedros do Líbano se avantajam às pequenas árvores em redor, segundo revelação a uma santa alma.
“Estas grandes almas, cheias de graça e de zelo, serão escolhidas em contraposição aos inimigos de Deus a borbulhar em todos os cantos, e elas serão especialmente devotas da Santíssima Virgem, esclarecidas por sua luz, alimentadas de seu leite, conduzidas por seu espírito, sustentadas por seu braço e guardadas sob sua proteção, de tal modo que combaterão com uma das mãos e edificarão com a outra (cf. Ne. IV, 17). Com a direita combaterão, derrubarão, esmagarão os hereges com suas heresias, os cismáticos com seus cismas, os idolatras com suas idolatrias, e os ímpios com suas impiedades; e com a esquerda edificarão o templo do verdadeiro Salomão e a cidade mística de Deus, isto é, a Santíssima Virgem que os Santos Padres chamam o templo de Salomão e a cidade de Deus.
“Por suas palavras e por seu exemplo, arrastarão todo o mundo à verdadeira devoção e isto lhes há de atrair inimigos sem conta, mas também vitórias inumeráveis e glória para o único Deus. É o que Deus revelou a São Vicente Ferrer, grande apóstolo de seu século, e que se encontra assinalado em uma de suas obras.

“O mesmo parece ter predito o salmo LVIII (XIV, 15), em que se lê: «E saberão que Deus reinará sobre Jacob, e até aos confins da Terra; voltarão à tarde, e padecerão fome como cães, e rodearão a cidade, em busca do que comer». Esta cidade que os homens encontrarão no fim do mundo para se converterem e saciarem a sua fome de justiça, é a Santíssima Virgem, que o Espírito Santo denomina cidade de Deus (SI. LXXXVI, 3)” 1
1) GRIGNION DE MONTFORT, Luís Maria. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1961. p. 48-50.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Cidade Santa do Altíssimo

Continuação dos comentários ao Pequeno Oficio de Nossa Senhora
Maria é a Metrópole do império de Deus
“Jerusalém foi fundada para a alegria e a felicidade do universo, porque ela era a metrópole deste império a partir do qual a consolação, a segurança e a salvação deveriam se difundir entre os povos do mundo. Tal se pode dizer, num sentido ainda mais elevado e verdadeiro, de Maria. Ela é a metrópole do império de Deus. Fundou-A Ele, para que todos os bens fossem comunicados, por meio d’Ela, a todas as criaturas: aos Anjos do Céu, aos habitantes da Terra, às almas do Purgatório, aos bem-aventurados que gozam a glória celeste, em companhia dos Anjos. Ela é a consolação de todos os aflitos, a força dos fracos, a proteção dos perseguidos, a alegria dos felizes” 1
“Seus fundamentos estão sobre os montes santos”
Acerca dos fundamentos sobre os quais repousa a cidade santa do Altíssimo, tem o Pe. Manuel Bernardes este expressivo comentário:
“Maria Santíssima foi Virgem, mas de que modo Virgem? Acaso como as outras virgens, e só com excesso de maior pureza? Não, mas por um modo também virgem, isto é, único e singularíssimo, que é ser juntamente Mãe, ficando sua virgindade não só impérvia, senão via do Verbo humanado. Foi remida por Cristo, mas de que modo remida?
Porventura como os outros remidos, e só com a diferença de A santificar Deus mais cedo? Não, mas por um modo mais alto e digno, que foi a preservação, eximindo-A de entrar no pacto feito com Adão. Foi mártir, mas de que modo mártir? Dando a vida por Cristo como os outros mártires, e só com a vantagem de maiores penas? Não, mas por outro modo mais realçado, que foi a morte mística por compaixão, e crucificada não só na Cruz, como no mesmo Cristo.

“Pois, assim também foi a Senhora humilde, mas humilde por outro [modo] mais fino, e quilatado e superior a todas as comparações, isto é, por uma aniquilação essencial e vacuidade pleníssima, que não sabemos declarar nem ainda conceber. De sorte que a santidade de Maria é um monte onde os montes das outras santidades têm os cabeços, aí tem Ela os fundamentos: Os seus fundamentos estão sobre os montes santos” 2
1) JOURDAIN, Z-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900. Vol.I. p. 231-234.
2) AS MAIS BELAS PÁGINAS DE BERNARDES: 2000 Trechos selecionados por NUNES, Mario Ritter (Coord.). São Paulo: Melhoramentos, 1966. p. 161-162.

sábado, 13 de setembro de 2014

Nossa Senhora Rainha


Maria participou estreitissimamente, e de maneira muito especial, nas grandezas e nas humilhações de Jesus Cristo, para ser com Ele coroada de glória e de honra, elevada com Ele acima dos próprios Anjos, partilhando sua soberania, Rainha-Mãe ao lado do Rei seu Filho.

Pe. Pierre Rogatien Bernard, OP

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Natividade de Maria: aurora de esperança para as almas

Alegrias e sofrimentos sucedem-se na existência humana. E se as primeiras são sempre bem-vindas, estes últimos raramente são aceitos ou mesmo compreendidos. Afinal, quem não estremece diante da dor?
As duas festas marianas celebradas no mês de setembro, a Natividade da Virgem Maria e Nossa Senhora das Dores, entremeadas pela Exaltação da Santa Cruz, nos trazem preciosa lição a respeito.
A Igreja, Mestra infalível da verdade, ao nos propor a celebração da Santa Cruz, enaltece sua beleza e importância, sem negar as dores que a acompanham. “Pai, tudo é possível para Ti. Afasta de mim este cálice! Mas seja feito não o que Eu quero, porém o que Tu queres.”, foi a exclamação de angústia do Homem-Deus ao suar sangue na perspectiva de tudo o que sofreria.
Esta pungente oração, repleta de filial submissão, fora precedida por outra, introduzida por estas palavras: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que teu Filho Te glorifique...”
O próprio Verbo encarnado, que após a última Ceia proclamara assim a certeza de que sua Paixão e Cruz manifestariam sua própria glória e a do Pai, sentiu pavor e angústia ao considerar a enormidade dos padecimentos físicos e morais pelos quais deveria passar.
Se a perfeitíssima natureza humana do Homem-Deus, de tal maneira convicta da necessidade de seu sacrifício, tremeu diante da dor, o que dizer da nossa, tão frágil e insegura? Sem dúvida, necessitamos, ainda mais do que o Redentor, de alguém que nos dê forças para levar com ufania a cruz que a Providência nos destinou. E esse alento podemos encontrar na filial meditação da Natividade de Maria feita por Dr. Plinio:
“Quantas vezes a alma deste ou daquele está em luta, com problemas, contorcendo e revolvendo dificuldades! A pobre alma nem se dá ideia de quando virá o dia bendito em que uma grande graça, um grande favor vai acabar com seus tormentos, com suas lutas e, afinal de contas, proporcionar-lhe um grande progresso na vida espiritual.
“Há aqui o nascimento — a natividade, num sentido especial da palavra —, irrupções de Nossa Senhora em nossas almas. E na noite das maiores incertezas, das maiores trevas, de repente, Maria Santíssima aparece e começa a quebrar as dificuldades com que nós nos defrontamos. Ela desponta como uma aurora a representar algo de novo em nossa vida espiritual.
“Isso nos deve dar muita alegria e muita esperança, com a certeza de que a Santíssima Virgem nunca nos abandona. E nas ocasiões mais difíceis Ela nos visita, sua presença como que irrompe entre nós, resolve todos os nossos problemas, cura nossas dores, dá-nos a combatividade e a coragem necessárias para cumprir nosso dever até o fim, por mais árduo que seja, e arma nosso braço na luta contra o adversário.”

Revista Dr Plinio n.186

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

As alegrias de Maria Santíssima

Tem-se tratado muitas vezes a respeito das dores de Nossa Senhora, mas os antigos falavam, mais do que os contemporâneos, das alegrias de Maria Santíssima. E era até uma devoção bastante intensificada, generalizada outrora, a tal ponto que uma das igrejas mais famosas do Brasil foi exatamente a de Nossa Senhora dos Prazeres dos Guararapes, onde os hereges holandeses foram derrotados, e depois se realizou uma espécie de primeiro armistício com eles.
Nesta Terra temos necessidade das verdadeiras alegrias
Devemos tratar também dos prazeres de Nossa Senhora, porque todos os aspectos da vida d’Ela nos são caros, mas também por causa de um lado muito importante, que é o seguinte: São Tomás de Aquino diz que nenhuma pessoa pode subsistir nesta Terra numa infelicidade total. Esta por pouco tempo se aguenta, mas por um longo período é sempre preciso haver algum alívio, sem o qual esse infortúnio não é suportável. Portanto, devemos nos alegrar pelas razões que merecem alegria, e é virtuoso que assim façamos.
A virtude não consiste só em nos entristecermos com as coisas que devem despertar tristeza, mas também em nos alegrarmos com aquilo que causa alegria. E há muitas coisas que devem despertar júbilo na vida do católico, embora não seja de nenhum modo a alegria como o mundo a entende.
Quando falta nas almas a alegria pelas boas razões de alegrar-se, surge a má tristeza, a depressão, e as pessoas começam a sentir atrativo pelas coisas do mundo e a se alegrarem com elas. A partir desse momento, naturalmente, inicia-se um processo de entibiamento, porque um dos sintomas da tibieza é a incapacidade de se alegrar com as coisas boas, santas, acompanhada de uma alegria ruim com uma porção de coisas indiferentes ou positivamente más.
Por isso, notamos na vida da Santíssima Virgem muitos movimentos de alegria, o mais insigne dos quais é, evidentemente, o Magnificat. Mas há outros fatos de sua vida que indicam o prazer que Ela teve. E daí os mistérios gozosos do Rosário, que mostram as alegrias da Mãe de Deus desfrutada em vários momentos de sua existência.

Mas nenhuma alegria de Nossa Senhora nesta vida foi tão grande quanto à da Assunção, que foram as maiores que Ela teve na sua existência terrena, se é que a Assunção pode ser considerada da existência terrena.
Plinio Correa de Oliveira