quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Esperança dos culpados

Erraria quem fizesse o seguinte raciocínio:
“Eu tenho determinada culpa, mas também possuo algo de bom, e tomando isto em consideração, Nossa Senhora terá pena de mim.”
O certo seria pensar: “Nossa Senhora é o Refúgio, a Esperança de todos os culpados, por mais miserável e mais culpado que se possa ser.”
A principal razão pela qual Nossa Senhora nos socorre não é haver em nós algo de bom, mas sim pela bondade que existe n’Ela. É por isso que Maria Santíssima tem pena de nós e se digna atender nossos pedidos.

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 11/9/1969

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Maria: O puro encanto dos Anjos

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
O puro encanto dos Anjos
Comprazem-se os autores católicos em assinalar a admiração e o entusiasmo dos Anjos, ao contemplarem estes a Imaculada Conceição, o nascimento, a existência terrena e a gloriosa Assunção de Nossa Senhora aos Céus.
Com efeito, “segundo alguns teólogos, a Encarnação do Verbo de Deus foi o sinal que dividiu os Anjos bons dos maus, tornando aqueles eternamente bem-aventurados e benfazejos, e estes eternamente infelizes e fautores de todo mal contra os homens que, crendo em Cristo e observando-Lhe a Lei, irão ocupar no Céu, os lugares por eles deixados vazios. Assim, se para os Anjos bons há imensa alegria devida a cada pecador que se arrepende e faz penitência, qual regozijo não deve ter havido entre eles ao verem na Conceição Imaculada de Maria, aproximar-se a hora da Redenção?
“Qual satisfação não devem ter sentido pelo fato de ter Maria Santíssima, nessa hora, esmagado a cabeça orgulhosa da serpente, auxiliando-nos com as graças obtidas de seu Filho, e assim conseguindo elevar à santidade os membros da Igreja Triunfante?”
Cheios de júbilo, os Anjos saúdam a Imaculada Conceição
Em análogos termos, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira também se refere à felicidade que sentiram os Anjos, quando da Imaculada Conceição de Maria Santíssima:
“Em virtude do singular privilégio de sua Imaculada Conceição, Nossa Senhora teve, no primeiro instante de seu ser, um inteiro e lúcido conhecimento de Deus, e já aí Lhe manifestou o ato de amor mais perfeito que até então fora dado ao Criador. Ela O adorou, rendeu-Lhe graças e Lhe ofereceu uma reparação pelos pecados dos homens.

“E esse cântico da Santíssima Virgem, que foi um cântico novo, essa elevada e inigualável oração representou, para os Anjos bons, a primeira entrada de sua Rainha na corte celestial. Donde se poder imaginar com que transportes de alegria eles saudaram a Imaculada Conceição!” 11

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Maria: Protetora da Castidade


Quando Santo Edmundo de Cantuária atingiu os últimos dias de sua adolescência, resolveu ele se consagrar a Deus pelo voto de castidade perpétua. Contudo, antes de abraçar tão elevado desígnio, o jovem estudante quis tomar conselho de um homem de Deus.
“— Se desejais, disse-lhe seu santo diretor, vencer os ataques das tentações, e vos preservar de toda mancha, consagrai-vos à Mãe de misericórdia, e uni-vos a Ela por eternos compromissos. Vossa perseverança no amá-La e servi-La, será para vós um penhor de inocência e de salvação”.
“Enternecido e consolado, Edmundo se dirigiu ao altar da divina Rainha das virgens e depositou aos pés de sua imagem dois anéis, ao redor dos quais ele fizera gravar a saudação angélica. Depois disso, ajoelhou-se e pronunciou o voto de castidade perpétua. Em seguida, tomou um dos dois anéis, e, como testemunho de seus juramentos e de inviolável aliança, colocou-o no dedo da santa imagem. Ele guardou o outro para si, enfiando-o no seu dedo...
“Esse anel se tornou sagrado para o santo jovem, que o quis conservar até à morte, como sinal de sua indissolúvel união com a Rainha das virgens.
“Elevado, mais tarde, à sede de Cantuária, não quis ele outro anel pontifical, e, após sua morte, encontram este ainda em seu dedo. A imagem que tinha sido testemunha de seus castos compromissos, a partir de então foi sempre com servada como preciosa relíquia.”

BERLIOUX. Mois de Marie. 114. ed. Arras: Brunet, 1875. p. 234-235.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Complemento da Santíssima Trindade

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Considerando esse íntimo comércio estabelecido entre as três Pessoas Divinas e Nossa Senhora, é oportuno recordarmos aqui o título com o qual o santo Patriarca Hesíquio de Jerusalém (séc. VIII) honra a Virgem Maria: ele A chama Complemento da Santíssima Trindade.
O Pe. Jourdain assim interpreta a doutrina daquele santo Patriarca: “Precisaria Deus de algum acabamento? Faltava-Lhe algo à sua infinita perfeição? Seria uma blasfêmia dizê-lo. Entretanto, não podemos desprezar a palavra de um santo, palavra que os séculos acolheram com respeito e repetiram com amor, para glorificar Maria. Procuremos então qual é o verdadeiro significado, e o que se deve entender por este acabamento, esta perfeição nova que Maria confere à santíssima e adorabilíssima Trindade. [...]
“[Para Hesíquio], as três adoráveis Pessoas da Santíssima Trindade encontraram sua morada em Nossa Senhora.
“O Pai habita em Maria que imita sua fecundidade e produz, como Ele, seu Filho único que possui, no seio virginal de sua Mãe, as mesmas grandezas, a mesma divindade que no seio de seu Pai.
“O Filho habita em Maria: Ela é sua Mãe. Não pareceu a Ele por demais estreita esta morada, para nela residir pessoalmente durante nove meses inteiros.
“O Espírito Santo também fez d’Ela sua morada, para cumulá-La com a abundância de todas as suas graças.

“O pensamento de Hesíquio não era, pois, que Maria acrescentava alguma coisa às grandezas de Deus, e dava um novo brilho às Pesso as Divinas. Sabia ele muito bem que a augusta Virgem recebia tudo da gratuita bondade do Senhor. Suas palavras — totius Trinitatis complementum — podem então explicar-se no sentido de que Maria é a obra por excelência da Santíssima Trindade; que cada uma das três adoráveis Pessoas, por assim dizer, esgotou em favor d’Ela seus tesouros de sabedoria, de bondade e de poder” .

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Maria: Templo erigido pelo poder divino II

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Templo adornado pela divina sabedoria
“Em segundo lugar, é templo a quem a divina sabedoria adornou, podendo-se aplicar a Ela o que diz o capítulo IV do livro primeiro dos Macabeus: «E adornaram a fachada do templo com coroas de ouro».
Por fachada, com efeito, entende-se a mente; por brilho do ouro, o conhecimento, e por coroa, a eternidade. E, na verdade, a fachada do templo foi adornada com coroas de ouro quando a mente da Virgem foi iluminada para conhecer as coisas eternas; escreve-se no capítulo XXI do Eclesiástico: «A ciência é para o homem prudente um ornamento de ouro». Por conseguinte, como a Mãe de Deus foi Virgem prudentíssima, assim, como com áureos adornos, foi enriquecida de muitas e admiráveis maneiras pela divina sabedoria, como bem se expressa no capítulo VI do livro terceiro dos Reis: «Não havia parte alguma dentro do templo que não estivesse coberta de ouro»; e pouco depois: «Cobriu também de ouro os Querubins. E fez adornar todas as paredes ao redor do templo com várias molduras e relevos».
Templo dedicado pela divina graça

“Em terceiro lugar, é também templo dedicado pela divina graça, segundo se insinua no capítulo VII do livro segundo dos Paralipômenos, onde se diz; «Salomão consagrou também o meio do átrio diante do templo do Senhor». No qual se nos dá a entender que a graça da santificação desceu sobre a Virgem com tanta abundância, que A santificou e adornou, não só interiormente, quanto à alma, mas também exteriormente, quanto ao corpo, segundo as palavras do Anjo no capítulo I de São Lucas: «O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra». E é que, pelo fogo do divino amor, foi dilatada e aperfeiçoada na graça, coberta da virtude do Altíssimo e purificada de toda concupiscência. E isto é o que insinua o Espírito Santo no capítulo II do livro segundo dos Macabeus: «Ofereceu Salomão o sacrifício da dedicação e santificação do templo». Na oferta desse sacrifício desceu fogo do céu e uma nuvem encheu o templo, segundo se diz no capítulo VII do livro segundo dos Paralipômenos, no que se nos dá a entender o incêndio da graça do Espírito Santo e a sombra da virtude do Altíssimo, por cujo concurso foi dedicada a Virgem Maria para ser idôneo templo de Cristo.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Maria: Templo erigido pelo poder divino

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Em São Boaventura encontramos uma bela e eloquente consideração sobre Nossa Senhora, enquanto templo da Santíssima Trindade:
“Entende-se por templo o seio virginal [de Maria], em que toda a Divindade habitou corporalmente; por isso se chama retamente templo de Deus fabricado pelo poder divino, adornado pela divina sabedoria, dedicado pela graça de Deus e cheio de sua presença. E, na verdade, sua fabricação se atribui ao poder do Pai; seu ornato, à sabedoria do Filho; sua dedicação, à graça do Espírito Santo, e sua plenitude, à presença do Verbo Encarnado.

“Com efeito, a Virgem Maria é, primeiramente templo fabricado pelo poder de Deus, segundo o que insinua o Espírito Santo no capítulo VII do livro terceiro dos Reis, onde se diz que «completou Hirão toda a obra do Rei Salomão no templo do Senhor». Porque a obra do Rei Salomão no templo do Senhor significa o assumir da carne pelo Verbo no seio virginal, obra que, segundo o texto, a completou Hirão. Hirão quer dizer atento à criação, e significa a Deus Padre, Criador do Céu e da Terra, que, como produziu todas as coisas sem auxílio de ninguém, do mesmo modo, com seu imenso poder, formou o corpo de Cristo nas entranhas virginais sem ajuda nem intervenção humana. A isto se alude claramente no capítulo V do livro primeiro de Esdras, em que, a respeito do templo, se diz que o levantou «um Rei de Israel, grande e poderosíssimo». E o modo de edificá-lo se insinua no capítulo VI do livro terceiro dos Reis, onde se diz que, «quando a casa se edificava, não se ouviu martelo, nem machado, nem instrumento algum de ferro». E que outra coisa quer dizer isto, senão que a onipotência divina, sem o ruído de humana operação, fez a Virgem Maria templo do Filho de Deus?

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Rainha dos acontecimentos

O báculo e as chaves que Nossa Senhora do Bom Sucesso traz consigo dão a entender que Ela abre e fecha os acontecimentos grandiosos, as misérias e as catástrofes na vida dos homens, as vitórias de Deus na História.

Ela traz triunfalmente seu Divino Filho, como quem diz: Estou vencendo, mas venço para que Ela vença. Eu sou Rainha, sim, porém o sou porque Ele é Rei.

Plinio Correa de Oliveira