sábado, 26 de outubro de 2013

Nossa Senhora das Alegrias

Bendita seja a vossa pureza
E Eternamente o seja,
Pois o próprio Deus se recreia
Em tão graciosa beleza.
A Vós, Celestial Princesa,
Virgem Sagrada Maria,
Ofereço-vos neste dia
Alma, vida e coração.
Olhai-me com compaixão,
Não me deixeis, Mãe querida.
( Oração popular espanhola)

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Nossa Senhora do Pilar

  Continuação da história de Nossa Senhora do Pilar
Primórdios do atual Santuário
Poucas são as notícias das quais dispomos sobre o acontecido a partir desse momento, a não ser que, para conservação do valioso Pilar — com esse nome passou a ser conhecida, mais tarde, a celestial coluna —, São Tiago e os seus ergueram uma minúscula edícula, que foi conservada tal qual até a reforma da Basílica, realizada em meados do século XVIII. Construída em adobe, no sentido paralelo à muralha da cidade, tinha ela quase quatro metros e meio de cumprimento por pouco mais de dois de largura.3
É de se supor também que, embora o culto às imagens ainda não estivesse estabelecido na Igreja, tenham eles colocado sobre a coluna alguma efígie de Maria Santíssima, pois, caso contrário, almas recém-saídas das trevas do paganismo facilmente poderiam torná-la objeto de um culto fetichista, como não era raro acontecer na época com peças semelhantes. Outros, entretanto, acreditam que também uma imagem foi entregue por Nossa Senhora a São Tiago, quiçá a mesma que até hoje é venerada no local.
De uma forma ou de outra, não se fizeram esperar os frutos da pregação do Apóstolo e seu pequeno grupo de seguidores. A partir daquele momento a Fé começou a vingar com força tanto em Saragoça quanto no resto da Península Ibérica. Já São Paulo nos fala da existência de uma Igreja na Espanha (cf. Rm 15, 24) e são constantes as referências a ela no decorrer da História. E quando, no século IV, se iniciou a perseguição de Diocleciano, Santa Engrácia e seus companheiros escreveram com seu sangue naquela cidade o belíssimo episódio dos “inumeráveis mártires”, narrado pelo poeta Prudêncio em sua obra Peristéfanon.
O Pilar, inabalável durante dois mil anos
Fundada pelos iberos no terceiro século da Era Antiga, Saragoça experimentou ao longo de sua multissecular história o influxo de diversas raças e culturas, que modelaram aos poucos o caráter de suas gentes.
Cerca de 15 anos antes do nascimento de Cristo, transformou-se em uma cidade romana tomando, em honra ao Imperador, o nome de Cæsaraugusta. Foi mais tarde habitada por visigodos, conquistada por muçulmanos, reconquistada pelos cristãos, e, em tempos mais recentes, dominada pelos franceses durante a invasão napoleônica.
Mas, em meio a todas essas vicissitudes, algo se manteve inalterado a despeito de tanta desgraça. Desde o século I da Era Cristã até nossos dias, lateja no coração dos saragoçanos a Fé católica professada sob o manto de Nossa Senhora do Pilar, devoção que nem as furibundas perseguições romanas, nem a dominação visigótica, nem o orgulho da heresia ariana, nem a invasão sarracena, nem as baionetas do exército de Napoleão, carregadas de ódio revolucionário contra a Religião, conseguiram destruir.
Perante os vagalhões da História, impulsionados amiúde por uma sanha anticristã, o Pilar e o culto à Santíssima Virgem permaneceram inalterados, por mercê da especial proteção profetizada pela Virgem Santíssima no momento de sua aparição.
Intolerância dos almorávides
Deixemos para outra oportunidade os interessantes fatos ocorridos durante as dominações germânicas, e situemo-nos na segunda década do século VIII, quando, aproveitando-se da decadência da dinastia visigoda, os guerreiros do Islã conquistaram a quase totalidade da Península Ibérica. Dependendo das circunstâncias concretas com que se encontraram em cada lugar, os novos senhores das Espanhas impuseram condições muito diversas à prática da Religião Católica, as quais variavam desde a perseguição declarada até uma tolerância benévola.
Na cidade de Saragoça, o culto foi autorizado, embora com pesadas restrições, entre elas a proibição de fazer qualquer reparo nos templos, o que leva a perguntar-se qual seria o estado desses edifícios, à medida que as décadas e os séculos fizessem sentir sobre eles os seus efeitos...
Quase quatro séculos levava a cidade de Saragoça sob domínio sarraceno, quando em 1118, um rei jovem e empreendedor — Alfonso I, o Batalhador — acometeu a reconquista da cidade. O Bispo Dom Bernardo, há pouco expulso da sé cæsaraugustana pela crescente intolerância dos almorávides, acabara de falecer e, para substituí-lo, o monarca propôs ao Papa da época, Gelásio II, a nomeação de um virtuoso clérigo francês chamado Pedro de Librana. O próprio Sumo Pontífice, que se encontrava então no sul da França, conferiu-lhe a ordenação episcopal e cumulou de benefícios espirituais aos que outorgassem esmolas para reparação da cidade e da sua igreja.4
Retomada por fim a cidade, o novo Bispo pôs-se a campo para tornar efetivo o desejo, manifestado pelo Santo Padre, de promover-se a restauração do vetusto templo. Entre outras providências, enviou uma carta a todos os fiéis da Cristandade, na qual menciona aquela “igreja da gloriosa Virgem Maria” como “prevalente e antecedente a todas por sua antiga e bem-aventurada nomeada de santidade e dignidade”.5 Outros documentos da época também certificam que a catedral dessa diocese estava dedicada à Bem-aventurada Virgem Maria.6
Ora, se no século XII esse templo era conhecido em toda a Europa, como atesta a naturalidade com a qual Dom Pedro de Librana fala dele em sua carta, não há como negar sua existência anterior à invasão sarracena. Pois se nesse período de quatro séculos, como vimos, a ninguém foi permitido fazer qualquer reforma nos templos cristãos, a fortiori estava proibido edificar um novo.
A partir desse momento, a história da Igreja de Santa Maria de Saragoça, como então era conhecida, pode ser acompanhada através dos documentos que atestaram os fatos mais importantes ali ocorridos. Destes, destacaremos apenas dois que confirmam a profecia feita por Nossa Senhora em sua aparição ao Apóstolo São Tiago: “A coluna permanecerá neste lugar até o fim do mundo”.
A invasão napoleônica
Uma das fases mais dramáticas da história da Espanha se deu no início do século XIX, quando as tropas de Napoleão, imbuídas do espírito anticristão que dominou a França na virada do século anterior, ocuparam a nação espanhola.
Saragoça foi uma das cidades mais afetadas pela invasão. Duas vezes sitiada pelo exército francês, opôs heroica resistência ao primeiro cerco e sofreu inenarráveis tormentos durante o segundo, no qual as tropas napoleônicas usaram um desproporcionado arsenal de recursos bélicos, visando sujeitar aquele povo indômito que, como diria o marechal francês Suchet, “lutava diariamente pé a pé, corpo a corpo, de casa em casa, de um muro a outro, contra a perícia, a perseverança e o valor sem cessar renascente de nossos soldados”.7
Para sustentar esta desigual luta, os aragoneses auferiam a necessária energia aos pés da Virgem do Pilar, como testemunharam os próprios invasores. Assim se exprimiu um oficial galo, descrevendo uma situação na qual a resistência dos saragoçanos parecia insustentável: “Sabíamos que a agitação na cidade crescia por momentos, que o clero continuava sustentando a fé nos milagres, e que a imagem da Virgem não tinha ainda sido descida de seu Pilar. O povo tinha uma fé tão viva e punha tal confiança naquela sagrada Imagem que não podíamos esperar subjugá-lo sem antes ter arruinado seu venerado templo”.8
De fato, a obstinada resistência daquele povo só foi vencida quando o esgotamento, a fome e as epidemias já não permitiam aos escassos sobreviventes da cidade em ruínas sequer levantar as armas. Elevando-se a quarenta mil o número de mortos, foi assinada a capitulação. Mais uma vez, e de forma providencial, a imagem da Virgem Santíssima e a já então Basílica não sofreram maior dano do que a desavergonhada espoliação de todas as suas peças e joias de valor. O Pilar permaneceu em pé como símbolo da inquebrantável Fé do povo aragonês.9

sábado, 19 de outubro de 2013

Nossa Senhora do Pilar de Saragoça

Difícil missão para o Filho do Trovão
Segundo uma venerável tradição, coube a Tiago Maior, filho de Zebedeu, o encargo de viajar até “os confins da terra” (At 1, 8) então conhecida, até o finis terræ delimitado pelas mitológicas colunas de Hércules: a Hispania, uma das mais prósperas colônias do Império, rica em recursos minerais e cujas gentes haviam-se integrado na estrutura administrativa e cultural de Roma. Ele deve ter chegado à Península Ibérica a bordo de algum barco fretado por judeus da diáspora, pois numerosos escritos da Antiguidade Cristã mencionam, desde o século III, traços de sua presença nessa região.
Muito pouco se conhece, entretanto, sobre as circunstâncias de sua pregação. A respeito do lugar em que o Apóstolo aportou e o percurso por ele seguido, os dados disponíveis permitem apenas aventurar hipóteses. Pode-se, porém, dar por certo que no ano 40 ele se encontrava na cidade de Cæsaraugusta, atual Saragoça, onde, depois de infaustos labores missionários, obtivera frutos muito modestos. Segundo consta, em toda a nação apenas sete famílias haviam abraçado a Fé em Cristo. Estas o acompanhavam em suas lides pela expansão do Reino.1
Grande deve ter sido a provação do Filho do Trovão ao constatar resultados tão abaixo dos anseios de uma alma fogosa que havia presenciado as profícuas pregações em Jerusalém, com multidões inteiras se convertendo à Lei Evangélica. E bem podemos supor que o demônio do desânimo tenha batido às portas de seu coração... Confiança e oração eram as únicas armas a seu alcance nessa difícil conjuntura, e dispôs-se a usá-las.
Inesperada e animadora visita da Virgem Maria
Na noite de 1 para 2 de janeiro do ano 40, o Apóstolo São Tiago saiu do recinto amuralhado de Cæsaraugusta para ir rezar à beira do rio Ebro os salmos do Deus verdadeiro, costume judaico ainda conservado pelos primeiros cristãos. Pensava, certamente, no desdém com que os habitantes daquela cidade, mergulhados no paganismo e no vício, desprezavam o convite à vida da graça. Era chegado o momento escolhido pela Providência para marcar pelos séculos uma nação inteira.
De súbito, uma intensa luz envolveu o ambiente e grande multidão da milícia celeste se tornou visível. Mas aquela fabulosa visão, contrastante com a dura prova pela qual passava o Apóstolo, não era senão uma espécie de moldura para o que logo em seguida aconteceria. Maria Santíssima, a Mãe de Jesus, que ainda era viva e morava em Jerusalém, chegava trazida sobre uma nuvem por mãos angélicas até o local onde São Tiago se encontrava. Junto a Ela, outros espíritos celestes portavam uma coluna de jaspe, da altura de um homem e de um palmo de diâmetro. Colocaram-na no chão e a Virgem pousou sobre ela, saudando com afeto o intrépido Apóstolo, que contemplava extasiado o inaudito espetáculo.
Por singular privilégio, São Tiago ia receber diretamente dos lábios de Nossa Senhora o consolo e o ânimo de que necessitava para continuar com determinação sua lide, certo de que as dificuldades do momento constituíam apenas uma prova cuja superação traria abundantes frutos espirituais. E como penhor desta celeste mensagem, quis Maria Santíssima deixar ao Filho de Zebedeu o pedestal sobre o qual pronunciara palavras semelhantes a estas: “Olha esta coluna sobre a qual Me assento. Sabe que meu Filho a enviou do alto por mãos de Anjos. Neste lugar a virtude do Altíssimo obrará prodígios e milagres admiráveis por minha intercessão e reverência em favor daqueles que implorem meu auxílio em suas necessidades; e a coluna permanecerá neste lugar até o fim do mundo, e nunca faltarão nesta cidade fiéis adoradores de Cristo”.2
Concluída a celeste e inesperada visita, São Tiago encontrou-se novamente a sós com seus discípulos. Podemos conceber a alegria que tomou conta daquele reduzido grupo de cristãos: a Mãe de Deus viera consolá-los na tribulação, deixando um peculiar símbolo do que, como fruto de seu apostolado, deveria ser a Fé inabalável daquele povo.


Primórdios do atual Santuário
Poucas são as notícias das quais dispomos sobre o acontecido a partir desse momento, a não ser que, para conservação do valioso Pilar — com esse nome passou a ser conhecida, mais tarde, a celestial coluna —, São Tiago e os seus ergueram uma minúscula edícula, que foi conservada tal qual até a reforma da Basílica, realizada em meados do século XVIII. Construída em adobe, no sentido paralelo à muralha da cidade, tinha ela quase quatro metros e meio de cumprimento por pouco mais de dois de largura.3
É de se supor também que, embora o culto às imagens ainda não estivesse estabelecido na Igreja, tenham eles colocado sobre a colu-na alguma efígie de Maria Santíssima, pois, caso contrário, almas recém-saídas das trevas do paganismo facilmente poderiam torná-la objeto de um culto fetichista, como não era raro acontecer na época com peças semelhantes. Outros, entretanto, acreditam que também uma imagem foi entregue por Nossa Senhora a São Tiago, quiçá a mesma que até hoje é venerada no local.
De uma forma ou de outra, não se fizeram esperar os frutos da pregação do Apóstolo e seu pequeno grupo de seguidores. A partir daquele momento a Fé começou a vingar com força tanto em Saragoça quanto no resto da Península Ibérica. Já São Paulo nos fala da existência de uma Igreja na Espanha (cf. Rm 15, 24) e são constantes as referências a ela no decorrer da História. E quando, no século IV, se iniciou a perseguição de Diocleciano, Santa Engrácia e seus companheiros escreveram com seu sangue naquela cidade o belíssimo episódio dos “inumeráveis mártires”, narrado pelo poeta Prudêncio em sua obra Peristéfanon.
Continua no próximo post 
Pe. Ignacio Montojo Magro, EP

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Oração a Sant’Ana pela preservação dos filhos

Gloriosa Sant’Ana, protetora das famílias cristãs, a ti encomendo meus filhos. Sei que os recebi de Deus e que a Deus eles pertencem. Portanto te rogo que me concedas a graça de aceitar o que a Divina Providência dispuser para eles.
Abençoa-os, ó misericordiosa Sant’Ana, e toma-os debaixo de tua proteção. Não te peço para eles privilégios excepcionais. Somente desejo consagrar-te suas almas e seus corpos, para que os preserves de todo mal. A ti confio suas necessidades temporais e sua salvação eterna.
Imprime em seus corações, minha boa Sant’Ana, horror ao pecado, afasta-os do vício, preserva-os da corrupção, conserva em suas almas a Fé, a retidão e os sentimentos cristãos, e ensina-os a amar a Deus sobre todas as coisas, como ensinaste à tua puríssima Filha, a imaculada Virgem Maria.
Sant’Ana, tu que foste espelho de paciência, concede-me a virtude de sofrer com paciência e amor as dificuldades que se apresentem na educação de meus filhos. Para eles e para mim, peço tua bênção, ó bondosa mãe celestial.
Que sempre te honremos, como a Jesus e a Maria, que vivamos conforme a vontade de Deus e que depois desta vida encontremos a bem-aventurança na outra, reunindo-nos contigo na glória por toda a eternidade. Assim seja.

sábado, 12 de outubro de 2013

Coração de Maria

Os dias dos homens estão nas mãos de Deus, mas as mãos de Deus dependem do Coração de Maria, porto seguro para todos os homens ...

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Sempre por Maria e em Maria

Modo de fazer ação de graças segundo São Luís Maria Grignion de Montfort
Depois da Santa Comunhão, estando interiormente recolhido, com os olhos fechados, introduzirás Jesus Cristo no Coração de Maria. Tu O darás à sua Mãe, que O receberá amorosamente, O instalará honorificamente, O adorará profundamente, O amará perfeitamente, O abraçará com amor e Lhe tributará, em espírito e verdade, várias homenagens que nos são desconhecidas, a nós, envoltos nessas densas trevas.
Ou então, conservar-te-ás profundamente humilhado no teu coração, na presença de Jesus residindo em Maria. Ou conservar-te-ás como um escravo à porta do palácio do Rei, onde Ele está falando com a Rainha. E, enquanto Eles falam, sem precisar de ti, irás em espírito ao Céu e pela Terra inteira pedir a todas as criaturas que agradeçam, adorem e amem Jesus em Maria, por ti. “Vinde, adoremos, vinde!” (Sl 94, 6).
Ou então tu mesmo pedirás a Jesus, em união com Maria, a vinda do seu Reino sobre a Terra, por intermédio de sua Santa Mãe. Ou pedirás a sabedoria divina, ou o amor divino ou o perdão dos teus pecados, ou qualquer outra graça, mas sempre por Maria e em Maria. [...]
Há uma infinidade de pensamentos que o Espírito Santo fornece; e te fornecerá, se fores interior, mortificado e fiel a esta grande e sublime devoção que acabo de te ensinar. Mas recorda-te de que quanto mais deixares agir Maria na tua Comunhão, mais Jesus será glorificado. E deixarás agir tanto mais Maria por Jesus e Jesus em Maria, quanto mais profundamente te humilhares e os escutares em paz e silêncio, sem procurar ver, gostar ou sentir. Pois o justo vive, em tudo, da fé, e particularmente na Sagrada Comunhão, que é um ato de fé: “O meu justo viverá da fé!” (Hb 10, 38).
Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem – Suplemento, n.3.




quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Nossa Senhora Auxiliadora

A imagem que fez São João Bosco exclamar
Acima do altar, artisticamente
 bem localizada,
encontra-se uma valiosa imagem de
 Maria Auxiliadora.
Quem caminha pelas ruas de Buenos Aires, em pouco tempo se sente atraído pelos palacetes, casarões antigos e ruas calçadas em pedra, ornadas por frondosas árvores centenárias, formando um belo conjunto de elevação e bom gosto.
A aprazibilidade do ambiente é acrescida pela incomum tranquilidade que ainda hoje o transeunte encontra caminhando pela cidade.
Um bairro especialmente marcado pela influência salesiana chama a atenção: Almagro. Nele destaca-se a admirável Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, com seu atraente campanário. Seu interior nos fala de um original estilo arquitetônico que convida ao recolhimento e à oração.
Logo à entrada, surpreendemo-nos com o esplendor e a grandiosidade do edifício. Tudo nos leva a esquecermos o dia-a-dia e nos deixarmos pervadir pelo clima sobrenatural que paira no recinto. Instintivamente, nossos olhos se elevam para o ponto monárquico da igreja: acima do altar, encontra-se solene e majestosa a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora. A ela se chega por prestigiosa escadaria de mármore que não nos separa, mas aproxima de tão bondosa Senhora.
                                                                        * * *
Como chegou ela a Buenos Aires? No ano de 1886, o diretor da casa salesiana de Paris encomendou uma imagem de Maria Auxiliadora para ser colocada na capela do Oratório de São Pedro, no bairro Ménilmontant. Uma vez terminada a escultura, esperavam uma visita de Dom Bosco a Paris para benzê-la. Não podendo este viajar à França, seus filhos espirituais a enviaram a Turim.
Conta-se que quando Dom Bosco a viu, exclamou: “É propriamente Ela!” E, segundo alguns, ele teria acrescentado: “Como A vi num sonho quando tinha nove anos”. Essa imagem foi entronizada no Oratório de Ménilmontant, Paris, em 5 de junho de 1886, festa da Santíssima Trindade, onde foi venerada até 1903.
Ocorreu que, a partir de meados do séc. XIX, as relações entre a Igreja e o governo francês foram se deteriorando gravemente. E sob a presidência de Emilio Loubet, a França separou legalmente a Igreja do Estado. Confiscaram-se os bens eclesiásticos, entre eles os templos e as escolas, inclusive a mencionada igreja de São Pedro.
Um devoto, para proteger a imagem de Maria Auxiliadora do vandalismo, escondeu-a em sua casa.
Enquanto esses tristes acontecimentos se passavam, no outro lado do Atlântico, em Buenos Aires, erguia-se um suntuoso e artístico templo para celebrar as bodas de prata das missões salesianas no Novo Continente. Dom Cagliero, primeiro bispo salesiano e iniciador das obras de São João Bosco na América do Sul, abençoara a pedra fundamental.
O arquiteto da futura basílica viajou à França em busca de material para a decoração do templo. Informado da existência da imagem de Nossa Senhora resgatada pelo dedicado fiel, comunicou o fato ao inspetor salesiano em Buenos Aires. Este tomou as providências ante o sucessor de São João Bosco, São Miguel Rua, para conseguir semelhante relíquia. E os trâmites foram bem sucedidos. Em 1904, a bela imagem de Maria Auxiliadora desembarcava em Buenos Aires. E desde então dispensa suas graças e bênçãos a quem d’Ela se aproxima com filial devoção. 
(Revista Arautos do Evangelho junho 2005)