segunda-feira, 27 de maio de 2013

Maria, senhora minha

Quem por Senhora tiver
a Virgem, Rainha do Céu,
não tenha nenhum receio.

Pois os débeis corações,

com sua graça torna fortes,
transforma em vida a morte,
e é chave que abre as prisões.
Quem pelas suas orações
alcançar algum conforto
não tenha nenhum receio.

Vive sempre sem tristeza
quem a Ela tem devoção;
traz grande consolação
contemplar-Lhe a beleza;
e quem procura servi-La
com afeto nesta Terra
não tenha nenhum receio.

A quem Ela dá ousadia
não teme nenhum temor
e se tiver alguma dor
tornar-se-á alegria.


Juan del Encina

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Nossa Senhora Auxiliadora


Segundo o ensinamento da Igreja, as maiores glórias de Nossa Senhora redundam do fato de sua maternidade divina. Ou seja, porque eleita para ser a Mãe do Verbo Encarnado, foram-Lhe concedidos todos os demais augustos privilégios e dons excepcionais. Entre seus grandes títulos estão os de Imaculada Conceição, Co-redentora do gênero humano, Medianeira Universal de todas as graças, etc.
Apesar de assim louvarmos e cultuarmos de modo especial a Santíssima Virgem, a invocação de Nossa Senhora Auxiliadora nos é muito cara, e com invulgar insistência a dizemos para implorar a misericórdia de Maria.
Mãe que conhece e atende a todas as nossas necessidades
Explica-se. Sendo Ela Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, é também Mãe nossa, permanentemente disposta a nos ajudar em tudo aquilo que precisamos. São Luís Maria Grignion de Montfort faz uma comparação que pode parecer exagerada, porém inteiramente verdadeira: se uma mãe, com um único filho, reunisse em seu coração todas as formas e graus de ternura que todas as mães do mundo têm por seus filhos, ela o amaria menos do que Nossa Senhora preza todos e cada um dos homens.
Assim, Maria Santíssima quer tanto a cada um — por mais desvalido, desencaminhado, espiritualmente trôpego que seja, ou nada valha — que, voltando-se este para Ela, seu primeiro movimento é de amor e auxílio. Nossa Senhora nos acompanha antes mesmo de nos dirigirmos a Ela. Tem ciência do que acontece com todos os homens, em qualquer lugar, sabe de todas as nossas necessidades e, por sua intercessão, nos alcança de Deus as graças que são importantes para nossa perseverança  e santificação. Quando nos dirigimos a Ela, como que a primeira pergunta d’Ela para nós é esta: “Meu filho, o que queres?”
Plinio Correa de Oliveira

sábado, 18 de maio de 2013

Mistério incompreensível e inefável


Um Deus vai descer dos Céus no seio de uma Virgem e revestir-Se da nossa carne enferma e mortal. Este é o mistério anunciado a Maria pelo Arcanjo Gabriel. Mistério incompreensível e inefável, esperado durante mais de quarenta séculos e preparado desde toda a eternidade.
Contemplemos no próprio seio de Deus essa preparação. A obra por Ele concebida desenrola-se ante seus olhos com suas maravilhas e emocionantes peripécias. Vê entrar nela o pecado e decreta que este será castigado. Mas o Verbo intervém, propondo ao Pai receber na sua Pessoa adorável os golpes da justiça divina. O pecado será expiado por uma vítima igual à majestade que ele ofende, e será perdoado.
Para fazer abraçarem-se n’Ele a justiça e a misericórdia, o Verbo, membro da Família Divina, deve tornar-Se membro da família dos pecadores e impregnar dos seus méritos infinitos a natureza culpável que Ele quer salvar. Para este fim, a misteriosa e casta operação do Espírito Santo formará, no seio virginal de uma filha de Adão, a humanidade santa que Deus vai ferir de morte e triturar por causa de nossas iniquidades. Tal é o admirável e misericordioso desígnio da Trindade, adoremo-lo profundamente.
(Pe. Jacques-Marie-Louis Monsabré, OP, Meditações sobre o Santo Rosário)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Orvalho celestial e divino


A Ave-Maria é o cântico mais belos que podemos entoar em louvor da Mãe de Deus. Quando a rezamos, louvamos Nossa Senhora por ser um precioso escrínio, cheio das graças de Deus, de onde se derramam sobre nós; louvamo-La por ser a escolhida do Senhor, o que a faz bem-aventurada acima de todas as mulheres; louvamo-La, ainda, pela magnífica encarnação, em seu claustro materno e virginal, do próprio Verbo de Deus.
Filha dileta do Pai, Mãe admirável do Filho, Esposa fidelíssima do Espírito Santo. Essa é Maria, a criatura mais amada, incomparavelmente acima de qualquer outra, pela Santíssima Trindade.
Assim, as honras prestadas à Santíssima Virgem são supremamente agradáveis a Deus. De outro lado, Nossa Senhora é mãe carinhosa e solícita: sempre que rezamos a Ave-Maria, Ela nos dá o melhor dos seus presentes, que são as graças das quais transborda. Por isso, os santos mais devotos da Mãe de Deus chamavam esta preciosa oração de orvalho celestial e divino. Sabemos que o orvalho da madrugada torna a terra fecunda, dando-lhe a possibilidade de produzir os frutos mais deliciosos.
A Saudação Angélica é como um orvalho que prepara nossas almas para praticar as virtudes mais difíceis e mais maravilhosas: a Fé, a Esperança, a Caridade ou Amor de Deus, a Pureza. Fecundadas por esse magnífico orvalho, nossas almas tornam-se belas e agradáveis a Deus.
Além desse precioso fruto, ela nos comunica uma alegria interior, indispensável para enfrentar os dramas do nosso mundo tão agitado.
Um grande devoto de Maria disse estas consoladoras palavras: “Estás aflito? Reza a Maria; Ela converterá tua tristeza em gozo e tuas aflições em consolo”.
Concluamos com o que disseram a esse respeito os maiores pregadores da devoção a Maria Santíssima: a Ave-Maria é um ósculo casto e amoroso que se dá em Maria, é apresentar-Lhe uma rosa vermelha, é oferecer-Lhe uma pérola preciosa, é darLhe uma taça de néctar divino.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Oração da alma desamparada

Ó Jesus desolado e ao mesmo tempo refúgio das almas desoladas, Vosso amor ensina-me que é de Vossos abandonos que devo haurir toda a força de que necessito para suportar os meus. Estou persuadida de que o abandono mais temível em que eu possa cair seria não participar do Vosso. Mas, como Vós me destes a vida com a Vossa morte, e me livrastes, por Vossos sofrimentos, daqueles que me eram devidos, também merecestes, pelo Vosso desamparo, que o Pai celeste não me desamparasse, e que nunca estivesse mais próximo de mim, por Sua misericórdia, do que quando estou mais unida (a Vós) pela desolação.

Ó Jesus, luz da minha alma, iluminai os meus olhos interiores no tempo da tribulação; e já que me é útil sofrer, não leveis em conta meus temores nem minha fraqueza. Eu Vos conjuro, ó meu Deus, por Vossos desamparos, não que não me aflijais, mas que não me abandoneis na aflição, que me ensineis a procurar-Vos nela como o meu único consolador, que sustenteis nela a minha Fé, que nela fortifiqueis minha esperança, que purifiqueis nela o meu amor; concedei-me a graça de reconhecer nela a Vossa mão, e de não desejar nela outro consolador a não ser Vós. 

Humilhai-me então quanto Vos aprouver, e consolai-me somente a fim de que eu possa sofrer e perseverar até a morte no sofrimento. Já que as graças que Vos peço são fruto de Vossos desamparos, fazei que sua virtude se manifeste na minha fraqueza, e glorificai-Vos na minha miséria, ó meu Jesus, único refúgio da minha alma. 

Ó Mãe Santíssima do meu Jesus, que vistes e sentistes a extrema desolação do Vosso querido Filho, assisti-me no tempo da minha. 

E vós, santos do Paraíso, que passastes por esta provação, tende compaixão daqueles que sofrem, e obtende-me a graça de ser fiel até a morte.  

(Extraída do livro Bernadette Soubirous, do Pe. André Ravier. São Paulo: Loyola, 1985, p. 81-82)

sábado, 11 de maio de 2013

Nossa Senhora de Fátima - 13 de maio


Que Senhora tão linda!

Fátima difunde uma luz sobrenatural que arrebatou os pequenos pastores de forma irresistível, e ilumina o coração dos peregrinos que acorrem a esse lugar sagrado à procura de consolação.
 Quem chega a Fátima pela cômoda e segura autopista que rasga a Serra d’Aire, perde o contato com uma realidade que há 96 anos se repete invariavelmente, por ocasião das comemorações das aparições: numerosos grupos de peregrinos percorrendo a pé os caminhos e estradas que conduzem à Cova da Iria, o local onde a Mãe de Deus apareceu, em 1917.
É um contraste tão marcante com os costumes e a mentalidade consumista de nossa época, toda ela voltada para a fruição fácil da vida, que não há como ignorá-lo. O que atrai para Fátima essas multidões de rosto crestado pelo sol das longas caminhadas? O que as leva a essas surpreendentes penitências, neste tempo tão avesso ao sacrifício?
O maravilhamento causado pelas aparições
Uma rápida recordação de alguns aspectos pouco ressaltados das aparições pode ser elucidativa.
Ao verem a Santíssima Virgem, a 13 de maio, a reação das três crianças, Lúcia, Francisco e Jacinta, apesar da diferença de temperamentos, teve um ponto em comum. Todas ficaram maravilhadas, quase se diria fascinadas, com a visão celestial. Durante o resto do dia não falavam de outro assunto, encantadas com o que tinham visto e ouvido.
Mas, quando o sol declinou no horizonte, anunciando a hora de reunir o rebanho e voltar para casa, retornando à realidade do dia-a-dia, cada um reagiu a seu modo. Francisco, mais pensativo, nada dizia. Lúcia, um pouco mais velha que seus primos, já cogitava na reação de seus familiares e vizinhos e achou mais prudente guardar segredo de tudo. Porém, Jacinta, mais expansiva, não conseguia conter dentro de si a alegria sobrenatural que a inundava e não parava de exclamar: “Ai, que Senhora tão linda! Ai, que Senhora tão bonita!”
Um segredo impossível de guardar
Enquanto caminhavam, Lúcia procurava convencê-la a manter tudo em segredo:
— Estou mesmo a ver que ainda vais dizer a alguém...
— Não digo, não.
— Nem sequer à tua mãe.
— Não vou contar nada, prometo.
Quando chegaram à casa, os pais ainda não tinham regressado da feira, numa localidade próxima. Jacinta ficou junto ao portão, à espera, e assim que viu a mãe, correu a abraçá-la para contar-lhe o grande acontecimento:
— Ó mãe, vi hoje, na Cova da Iria, Nossa Senhora!
Dª Olímpia não acreditou, por mais que a menina o reafirmasse com veemência e fizesse a descrição minuciosa e maravilhada do ocorrido. Mais tarde, estando toda a família sentada à lareira para o jantar, Dª Olímpia, cuja incredulidade já vacilava ante a firme insistência da filha, perguntou-lhe:
— Ó Jacinta, conta lá como foi isso de Nossa Senhora na Cova da Iria.
“Uma Senhora mais brilhante que o sol”
E a inocente pastorinha tentou traduzir em palavras aquilo que transbordava do seu coração: “Era uma Senhora tão linda, tão bonita!... Tinha um vestido branco, e um cordão de oiro ao pescoço até ao peito... A cabeça estava coberta por um manto branco, também, muito branco, não sei, mas mais branco que o leite... e tapava-a até aos pés... Era todo bordado de oiro... Ai que bonito!... Tinha as mãos juntas, assim — e a pequena levantava-se do banquito, juntava as mãos à altura do peito a imitar a visão.
“Entre os dedos tinha as contas. Ai que lindo tercinho que Ela tinha... todo de oiro, brilhante, como as estrelas da noite, e um crucifixo que luzia... que luzia... Ai que linda Senhora! Falou muito com a Lúcia, mas nunca falou comigo, nem com o Francisco... Eu ouvia tudo o que elas diziam... Ó mãe, é preciso rezar o terço todos os dias... A Senhora disse isso à Lúcia. E disse também que nos levava todos três para o Céu, a Lúcia, o Francisco e mais eu... (...) Quando Ela entrou pelo Céu dentro, parece que as portas se fecharam com tanta pressa que até os pés iam ficando de fora entalados... Era tão lindo o Céu!... Havia lá tantas rosas-albardeiras!...” (1)
Muitos anos depois, Lúcia faria uma descrição mais ponderada dessa “linda Senhora” que tanto arrebatara Jacinta:
“Uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio d’água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente. Estávamos tão perto, que ficávamos dentro da luz que A cercava, ou que Ela espargia.” (2)
Envoltos pela luz divina
Desde o primeiro momento, brilha em Fátima uma luz sobrenatural de beleza indizível que arrebata os pequenos pastores. Tudo quanto a “linda Senhora” lhes pede, eles aceitam com entusiasmo e sem titubear: oferecer sacrifícios pela conversão dos pecadores, reparar o Imaculado Coração de Maria pelas ofensas sofridas, guardar o segredo que a Senhora lhes contou, rezar o terço todos os dias pela paz. Até a morte as crianças estão dispostas a enfrentar para fazer a vontade de Nossa Senhora.
Em certo momento da aparição, os pastorinhos são envolvidos ou penetrados por uma luz emanada das mãos virginais de Maria, que Lúcia assim descreve: “Abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que nos penetrava no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos” (3).
Essa luz que penetrou no íntimo das almas das crianças parece ter sido como que um flash da luz de Deus, que lhes fez experimentar algo da felicidade celestial. “Nela nos víamos como que submergidos em Deus” (4). Isso lhes deu o ânimo necessário para enfrentar todas as adversidades e cumprir sua vocação, oferecendo a vida pela conversão dos pecadores.
“Foi uma graça que nos marcou para sempre na esfera do sobrenatural” — afirmou muitos anos depois a Irmã Lúcia.
Os Beatos Jacinta e Francisco morreriam pouco após as aparições. A Irmã Lúcia entraria para o Carmelo de Coimbra, onde terminaria exemplarmente sua existência, aos 97 anos, iluminada ainda por essa luz sobrenatural. Em seu último livro, “Como vejo a mensagem”, confessa ela esse maravilhamento interior que dominou toda a sua vida: “Ao ver ali uma Senhora tão linda, que me diz ser do Céu, senti uma alegria tão íntima que me encheu de confiança e amor; parecia-me que já nada me podia separar desta Senhora…”
Luz que dissipa as trevas da incredulidade
As graças extraordinárias concedidas pela Santíssima Virgem aos pastorinhos, e que operaram neles uma transformação tão profunda que os elevou aos altos píncaros da santidade, pode-se dizer que foram uma primeira realização do triunfo do Imaculado Coração de Maria. Esse triunfo, porém, Nossa Senhora o anunciou para o mundo inteiro: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. (...) E será concedido ao mundo algum tempo de paz”. A intensa luz sobrenatural que envolveu num primeiro momento os pastorinhos, virá a iluminar toda a terra, arrebatando as almas por sua beleza e originando assim uma nova primavera da fé.
Foi o que muito oportunamente ressaltou, por outras palavras, Dom António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, na comemoração do centenário do nascimento da Irmã Lúcia: “Eis, pois, a grande missão confiada à Igreja: fazer resplandecer a beleza do rosto de Deus em Cristo, manso e humilde de coração, num mundo que tanta dificuldade tem em compreendê-lo, e despertar a dimensão mística da fé para lhe dar calor e alegria”.
Promessa de auxílio maternal
Talvez sem o perceber, muitos dos que vão a Fátima, em peregrinação e com espírito de penitência, acorrem à procura dessa luz sobrenatural que os conforte nas adversidades, os fortaleça a fé, lhes dê essa alegria contagiante que fazia a pequena Jacinta exclamar de júbilo: “Ai, que Senhora tão linda!” E se tantos retornam a esse lugar sagrado é porque algum fulgor dessa luz divina penetrou as suas almas e lhes promete assisti-los ao longo da vida, tal como Nossa Senhora o fez à Irmã Lúcia, ao lhe dizer que ficaria ainda algum tempo aqui na terra: “Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.²

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Dizei uma só palavra...


Na Visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel; vemos o poder da Mãe do Redentor: o eco de sua voz santifica um homem de um momento para o outro. É Isto que devemos esperar de Nossa Senhora e pedir a Ela: que sua voz fale no íntimo de nossas almas e nos santifique, concedendo-nos uma virtude que às vezes anos de lutas e trabalhos não nos proporcionaram.
Todos aqueles que tenham algum desânimo, tristeza ou perplexidade na vida espiritual podem dizer a Maria Santíssima: “Senhora, eu não sou digno de ouvir a vossa voz, mas dizei uma só palavra e a minha alma será transmudada de um  momento para o outro se Vós assim o quiserdes.”
Eis uma graça a pedir à Santíssima Virgem no dia da Visitação: que Ela fale em nossas
almas e estas estremeçam de júbilo como estremeceu o Precursor no ventre materno, e que elas se santifiquem num instante, corno a alma de São João Batista.
 Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferencia de 2/7/1970)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Nossa Senhora, Arca da Aliança


Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada

Penhor da proteção divina

Fazendo eco ao luminoso ensinamento do Doutor Seráfico, escreve o Pe. Jourdain:

“Maria é nossa Arca da Aliança. Quando A elevamos e A conduzimos diante de nós, seguindo as sendas da vida, Deus está conosco, e podemos dizer com Moisés: «Levanta-te, Senho,ç e sejam dispersos os teus inimigos, e fujam da tua face os que te aborrecem». Elevemos, portanto, Maria Santíssima, glorificando-A; conduzamo-La diante de nós, rogando a Ela sem cessar, imitando suas virtudes, e caminhemos, com confiança, sob sua poderosa proteção. O próprio Deus construiu a nova Arca da Aliança e se dignou n’Ela habitar. Ele exaltou sua obra de predileção sobre todas as criaturas, desde a sua Imaculada Conceição. E ainda mais alto a ergueu, quando se encarnou em seu seio, tornando-se seu Filho, sem nada subtrair ao brilho de sua virgindade.

“Essa Arca santa é, pois, para nós, a fonte de inumeráveis bens. Em meio aos perigos, Ela é nosso socorro, nossa luz, nosso conselho [...] e nossa consolação. Ela nos separa do mundo para nos unir a Deus, como a Arca separava as águas do Jordão: as águas inferiores, o amor do mundo, correm; elevam-se as águas superiores, o amor de Deus” .

Arca que deteve as vagas do pecado original

No mesmo milagre operado pela Arca, ao entrar no Rio Jordão, vê São Francisco de Sales um simbolismo da Conceição Imaculada de Maria:

“Assim como as águas do Jordão pararam ao entrar nelas a Arca, e deixaram passar de pé enxuto os israelitas, a fim de penetrarem na Terra Prometida, assim também as águas do pecado original suspenderam o seu curso em sinal de reverência, respeitando, em Maria, o Tabernáculo da Eterna Aliança” .

Arca em cujo Imaculado Coração está escrita a Lei Divina

Livre, pois, de todo e qualquer laivo de pecado, a nova Arca do Testemunho se tornou resplandecente escrínio de santidade. Por isso comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “A Lei divina, muito mais do que nas tábuas de Moisés, guardadas na Arca da Aliança, está escrita na alma de Nossa Senhora. E a partir de seu Imaculado Coração que a Lei de Deus se irradia para a humanidade inteira, pelo ministério da Santa Igreja Católica” .

Fonte de graça para os filhos, princípio de morte para os inimigos

Encerramos essas considerações sobre Nossa Senhora, Arca da Aliança, com as palavras do Pe. Rolland, Missionário Apostólico dos primórdios deste século, referindo-se àquela prefigura da Virgem:

“Que formoso símbolo de Maria, toda enriquecida do ouro das mais belas virtudes, e em quem os sete dons do Espírito Santo brilharam com tão vivo fulgor! De Maria, em quem a divindade se escondeu, em quem repousou o Pão vivo, e que foi o santuário do divino alimento de nossas almas, do supremo Rei, do supremo Sacerdote, do supremo Legislador. De Maria, a Mãe de Deus, a Mãe das misericórdias, por meio de quem a alma se liberta do cativeiro do demônio, atravessa o Jordão, derruba as muralhas de Jericó e conquista os mais belos triunfos! De Maria, fonte de graças para seus fiéis súditos, mas princípio de morte para os que A insultam!”6

sábado, 4 de maio de 2013

Maria, Arca do Testamento, quanto à honra que lhe é devida

Continuação dos Comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição

• Honrada com unânime obséquio
“Por fim, devemos considerar a Arca quanto à honra que se lhe dava, para deduzir disto a honra e reverência que se há de tributar à gloriosa Virgem.
“Ela, figurada na Arca, há de ser honrada com unânime obséquio, como se simboliza no capítulo VIII do livro terceiro dos Reis: «Então todos os anciãos de Israel com os príncipes das tribos, e os chefes das famílias dos filhos de Israe4 reuniram-se junto do Rei Salomão em Jerusalém, para transladar a Arca da Aliança do Senhor da cidade de David»; nisto se entende que tanto grandes quanto pequenos devem se unir para honrar e reverenciar unanimemente à gloriosa Virgem. [...]
Honrada com humilde obséquio
“Em segundo lugar, há de ser honrada com obséquio humilde, como se descreve no capítulo VI do segundo livro dos Reis: «David estava cingido de um efod de linho. E David e toda a casa de Israel conduziam a Arca do Testamento do Senhor com júbilo e ao som de trombetas». David, que honrava humildemente a Arca, simbolizava a Cristo, que venera humildemente a sua Mãe, a Virgem gloriosa. Do mesmo modo que, a exemplo do Rei, humilhado, humilhavam-se com gosto os demais para glorificar a Arca, assim a exemplo do verdadeiro David, Cristo, que se humilhou para render honra a esta Arca [Maria] — pois pelo capítulo II de São Lucas consta que estava sujeito à Mãe —, devem os cristãos humilhar-se e render-Lhe tributo de honra. Por que como Ela é a mestra da humildade, quanto mais alguém se humilha a seus pés, tanto maior honra Lhe tributa.
Honrada com solene obséquio
“Em terceiro lugar, há de ser honrada com obséquio solene, como se diz no capítulo VI do livro segundo dos Reis: «Foi pois David, e levou a Arca de Deus da casa de Obededom; e David levava consigo sete coros de músicos». Por estes sete coros, reunidos para tributar homenagem à Arca, simboliza-se a comunidade de todos os fiéis, que devem proceder distinta e não confusamente, isto é, com ordem, ao cantar os divinos louvores. E porque estes devem ser cantados com toda a alma, acrescenta-se que David tocava os instrumentos de música e «dançava diante do Senhor com todas as suas forças». [...1
Honrada com infatigável obséquio
“Em quarto lugar — conclui São Boaventura —, a Arca há de ser honrada com infatigável obséquio, como se diz no capítulo III do livro primeiro dos Reis: «Samuel dormia no templo do Senhor onde estava a Arca de Deus», porque atendia sem descanso ao cuidado da Arca, cumprindo o que diz o Evangelho: «O que perseverar até o fim, este será salvo»” 2

2) BOAVENTURA. Obras Completas. Madrid: BAC, 1947. IV p. 935-951.


Continua no próximo post.