segunda-feira, 29 de abril de 2013

Manto de Nossa Senhora



Esta graciosa Soberana jamais deixou cair um só olhar de indiferença sobre o menor de seus súditos. O cetro da doçura está sempre entre suas mãos; o diadema da bondade, sobre a sua fronte, e a lei da clemência, em seus lábios. Seu manto real é um seguro asilo ao mais pobre pecador.

(Thiébaud, Les Litanies de La Sainte Vierge Marie)

sábado, 27 de abril de 2013

Nossa Senhora da Conceição



Nossa Senhora, concebida sem o pecado original, não conheceu nenhum dos efeitos que ele produz nos homens. Portanto, todas as desordens e defeitos que há em nós, nunca existiram em Maria Santíssima. Acrescente-se a isso a graça santificante dada numa abundância inaudita, insondável, e correspondida perfeitamente a cada momento; então se pode compreender o que seria a ordem interna, a pureza, a virtude e a santidade de Nossa Senhora. Ela vê nossos defeitos, incomparavelmente melhor do que nós, porque não temos uma plena consciência de todas as nossas imperfeições. Nossa Senhora tem, portanto, horror a todas as nossas desordens. Mas, como é nossa Mãe, Ela tem por nós um amor invencível! Nossa Senhora tem pena de nos ver nesse estado e um ardente desejo de nos tirar dele. E quanto maior for o nosso defeito, maior a certeza de que Ela tem pena de nós e, portanto, maior a confiança n’Ela!


Plinio Correa de Oliveira  Extraído de conferência de 1/12/1964

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Mãe caridosa



Diz o Eclesiástico (7, 29): “Não esqueças os gemidos de tua Mãe”. Cristão, filho da Cruz, estas palavras destinam-se a ti: para desviar tua imaginação das perniciosas delícias do mundo, quando este te atrair com suas volúpias, lembra-te das lágrimas de Maria e não olvides jamais os gemidos desta Mãe tão caridosa.

(Jacques Bénigne Bossuet)

sábado, 20 de abril de 2013

Luz de nossas almas


Olhando para a imagem de Mater Boni Consilii e vendo o Menino Jesus tão protegido e agarrado a Ela, eu quisera que compreendêssemos como devemos ser assim com Nossa Senhora: filhos que sabem que a misericórdia d’Ela não se cansa nunca, que Ela nunca recusa seu perdão. 

Assim, termos uma confiança sem limites e contínua na bondade d’Ela, em todas as circunstâncias, de todos os modos dizendo: “Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve!” 

Dirijo essas palavras de esperança com os olhos postos em Nossa Senhora de Genazzano. Que seu olhar seja a luz de nossas almas e a estrela a nos guiar no mar tempestuoso de nossa vida. 

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 6/5/1968

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Maria, Arca do Testamento, quanto à sua eficácia

Continuação dos Comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição

“Consideremos a eficácia da Arca, na qual se representava a Virgem Maria, no tocante ao que dela procede.
Eficaz no conduzir os homens ao Céu
“Com efeito, aquela Arca, símbolo de Maria, foi eficaz para dirigir os caminhantes, segundo aquilo do capítulo X dos Números: «Partiram, pois, do monte do Senhoi e caminharam três dias, e a Arca da Aliança do Senhor ia adiante deles, indicando-lhes nos três dias o lugar para os acampamentos».
“Por esses três dias se entende toda a vida presente, quanto ao seu começo, decurso e fim, ou os três votos que conduzem o homem ao deserto da Religião, como por um caminho de três dias, a saber: da continência, pobreza e obediência, graças à ajuda da Virgem Maria, que foi pobríssima, humílima e castíssima. Ela vai adiante e prepara o caminho até introduzir na Terra de Promissão, como se diz no capítulo III de Josué: «Eis que a Arca da Aliança do Senhor de toda a Terra irá adiante de vós pelo meio do Jordão»; e continua mais abaixo o texto dizendo que, à entrada da Arca [no rio], secar-se-ão as águas, significando-se nisto que com o auxílio da Virgem se torna fácil o que antes parecia difícil.
Eficaz em socorrer os homens nos seus perigos e angústias
“Em segundo lugar, a Arca, figura da Virgem, foi eficaz para defender os que combatiam, segundo se diz no capítulo VI do livro segundo dos Paralipómenos: «Levanta-te, ó Senhor Deus! e vem ao lugar fixo de tua morada, Tu e a Arca de teu poderio».
“Diz-se de teu poderio, porque é forte para defender, conforme cantamos: «Dai-me poder contra teus inimigos». Para significar isto, dizem os anciãos de Israel no capítulo IV do primeiro livro dos Reis: «Façamos vir para nós de Silo a Arca da Aliança do Senhor e venha para o meio de nós, para que nos salve da mão de nossos inimigos», porque ela pode realmente salvar.
“Contudo, acrescenta-se ali que não salvou a todos, sendo a razão disto o estarem eles manchados pela idolatria, desprezando, portanto, em seu interior o que veneravam exteriormente. Pelo que, diz São Bernardo: «Nos perigos, nas angústias, pensa em Maria, invoca a Maria; e para conseguir a ajuda de sua intercessão, não deixes de seguir o exemplo de sua conduta». Porque quem invoca com os lábios e contradiz com suas obras, não merece ser ouvido nem salvo, mas antes receber sentença de condenação.
Eficaz no reconciliar os pecadores arrependidos com Deus
“Em terceiro lugar, a Arca era eficaz para reconciliar os arrependidos, segundo se diz no capítulo XXVI do Êxodo: «Porás também o propiciatório sobre a Arca do Testemunho do Santo dos Santos».
“Que é o propiciatório, senão aquele por quem se alcança a remissão dos pecados? Assim se diz no capítulo II da primeira carta de São João: «Temos por advogado, junto ao Pai, Jesus Cristo, justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados», etc.; e este propiciatório se acha colocado sobre a Arca, porque chegamos a ele por meio da Virgem Maria, que, como Mãe de misericórdia, roga ao Filho por nós e aplaca a Deus, irado por nossos pecados.
Eficaz no derrotar os inimigos de nossa salvação
“Em quarto lugar, a Arca foi eficaz para derrotar os rebeldes, como se diz no capítulo X dos Números: «E, quando se levantava a Arca, Moisés dizia: Levanta-te, Senhor e sejam dispersos os teus inimigos», por isso, referindo-nos à Virgem, cantamos o verso: «Alegra-te, ó Virgem Maria!», etc. Ela é, com efeito, a mulher que esmagou a cabeça da serpente; é, do mesmo modo, a Arca que feriu de morte os filisteus, como se descreve no capítulo V do livro primeiro dos Reis: «E levando eles [a Arca] de cidade em cidade, a mão do Senhor fazia grande mortandade em cada cidade». Em figura disto se diz no capítulo VI do livro de Josué que, dando voltas a Arca do Senhor ao redor de Jericó, caíram os muros desta cidade, porque Ela é quem derrota a seus inimigos e aos de Cristo, como Ester a Aman, e como Judith a Holofernes, e Jahel a Sísara, pois Ela é tão terrível a nossos inimigos como um exército em ordem de batalha.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Maria e a Ressurreição

Em seus relatos sobre a Ressurreição nada dizem os Evangelistas a respeito de Maria Santíssima. Entretanto, não é possível imaginar a Mãe do Redentor ausente desses acontecimentos.
Enquanto o corpo de Jesus repousava no sepulcro, os Apóstolos certamente sentiam, por um misterioso instinto, que a história do Homem Deus não podia estar concluída com aquela morte, mas não chegavam a imaginar a anunciada Ressurreição. Como supor, com efeito, que Jesus aceitaria o desafio lançado pelo mau ladrão: “Se és Cristo, salva-Te a Ti mesmo” (Lc 23, 39)? Porque se o fato de um vivo ressuscitar um morto — como Ele fizera com Lázaro — já resultava inteiramente incomum, quanto mais o seria alguém sair dos abismos da morte pelas próprias forças, dizendo ao seu corpo: “Levanta-te!”.
A Santíssima Virgem, porém, não tinha a esse respeito a menor fímbria de dúvida. Na noite do Sábado Santo, afirma Plinio Corrêa de Oliveira, “somente Nossa Senhora, em toda a face da Terra, teve uma Fé completa e sem sombra de dúvida na Ressurreição. [...] A cada minuto que passava, de algum modo a espada da saudade e da dor penetrava ainda mais seu Coração Imaculado. Mas, de outro lado, havia a certeza de uma grande alegria da vitória que se aproximava. Esta concepção A inundava de consolação e gáudio”.
Dr. Plinio acrescenta que Nossa Senhora “representou nessa ocasião a Fé da Santa Igreja e, por assim dizer, sustentou o mundo, dando continuidade às promessas evangélicas, pois, se não houvesse Fé sobre a face da Terra, a Providência teria encerrado a História. Maria foi a Arca da Esperança dos séculos futuros. Ela teve em Si, como numa semente, toda a grandeza que a Igreja haveria de desenvolver ao longo dos séculos, todas as promessas do Antigo Testamento e todas as realizações do Novo; tudo isto viveu dentro da alma de Nossa Senhora”.
Para termos uma visão mais completa desse grandioso panorama, cabe lembrar que, segundo a opinião de renomados mariólogos, Cristo Sacramentado jamais deixou de estar presente em Maria Santíssima desde a Santa Ceia até a sua Assunção ao Céu. Toda vez que Ela comungava, renovavam-se em seu coração as Sagradas Espécies, tornando-A um tabernáculo permanente da Eucaristia.
Ora, estando Cristo realmente presente na Sagrada Hóstia, Nossa Senhora deve ter sentido de algum modo, em seu interior, a Alma e o Corpo de Jesus separarem-Se no momento da sua morte, enquanto a Divindade continuava unida a ambos. Pois, como explica o Doutor Angélico, “tudo o que pertence a Cristo segundo seu próprio ser, pode ser atribuído a Ele enquanto existe em sua própria espécie e no Sacramento, a saber, viver, morrer, sofrer, ser animado e inanimado, etc.”.
Esse fenômeno pungente e misterioso supera nossa capacidade de compreensão. No Cenáculo, Maria Santíssima recebeu “o mesmo e verdadeiro Corpo de Cristo, que então era visto pelos discípulos sob a própria figura e era tomado na espécie do Sacramento”. Ele, afirma São Tomás, “não era impassível na forma em que era visto sob sua figura, muito pelo contrário estava preparado para a Paixão. Por isso, nem era também impassível o Corpo que se entregava sob a espécie do Sacramento”.
Nossa Senhora havia comungado o Corpo de Cristo padecente, e tendo-O custodiado durante toda a Paixão, os sofrimentos do seu Divino Filho reproduziam-se simultaneamente de algum modo no seu interior. E no mesmo momento em que Ele ressuscitava no Santo Sepulcro, ressuscitava também na Sagrada Hóstia presente em Maria.
Qual não terá sido o seu gáudio ao sentir misticamente em Si a Alma de Jesus unir-Se de novo ao Corpo, e Ele Se apresentar agora mais glorioso do que antes da morte? Bem arquitectónico seria que nesse exato momento Nosso Senhor Lhe aparecesse fisicamente para consolá-La, pois Ela fora a Corredentora e compartilhara todos os sofrimentos da Paixão.

sábado, 13 de abril de 2013

Nossa Senhora da Soledade


O que é a soledade de Nossa Senhora? É o período da vida de Maria Santíssima que vai desde o Consummatum est até o instante em que Ela tomou conhecimento da Ressurreição. Ali esteve Ela inteiramente só!
Peçam a Nossa Senhora da Soledade que os faça compreender a sublimidade e a elevação de espírito da soledade d’Ela e tomar a resolução de aceitarem a soledade sem amargura, sem rancor, sem pena de si mesmos, com naturalidade, como um herói aceita a luta e a morte.
Não sejam desses isolados amargos, ácidos, orgulhosos, que se julgam os incompreendidos do gênero humano. Não! Sejam naturais, bons, alegres.
É esse o holocausto, o sacrifício que temos de fazer.
Alguém dirá: “Eu não tenho coragem.”
Meu filho, se você não tem, diga assim: “Por enquanto não tenho coragem.” E reze para tê-la. Todas as portas se abrem para quem rezar! Peça, portanto, a Nossa Senhora da Soledade para lhe dar a coragem de suportar o isolamento.
Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 5/2/1989

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Maria, Arca da aliança


Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição 
Sois a Arca da Aliança
Maria, Arca do Testamento, quanto ao seu conteúdo
“No interior daquela Arca material — prossegue São Boaventura — guardava-se o maná, a vara [de Aarão] e duas tábuas da Lei; e, por cima, como remate, estavam dois Querubins fazendo sombra ao propiciatório. Por esse conteúdo, significa-se adequadamente quanto a Virgem teve em seu interior. A Bem-aventurada Maria, com efeito, foi Arca que continha por dentro: o maná, pela doçura da graça; a vara, pela virtude da confiança; a Lei, pela reta inteligência. Tinha, ademais, por cima, dois Querubins, pela plenitude da sabedoria. [...J
A doçura da graça (maná)
“Em primeiro lugar, [...] quando foi construída e nasceu essa Arca, então foi cumulada com a doçura da graça, não só para sua pessoa, senão também para todas as gerações sucessivas. [...]
A virtude da confiança (vara)
“Em segundo lugar, foi também Arca que continha a vara de Aarão, que floresceu, pela virtude da confiança. [...1 Virtude que tornou apto o rebento do tronco de Jessé para, sem obra de varão, produzir a flor de Nazaré, pela promessa de Deus e a sombra do Espírito Santo, a quem a Virgem Maria se uniu estreita e confiadamente. [...)
A reta inteligência (Lei)
“Em terceiro lugar, foi Arca da Aliança que continha as tábuas da Lei, pela reta inteligência, segundo as palavras do capítulo XXV do Exodo: «E porás na Arca o Testemunho que Eu te hei de dar».
“Esta Lei foi escrita e colocada na Arca do Testamento, ou sei a, no coração da Bem-aventurada Virgem. Assim o atesta São Lucas, no capítulo II de seu Evangelho: «Entretanto Maria conservava todas estas coisas, meditando-as no seu coração». Como a Arca do Testamento conservava a Lei de Moisés, assim Ela guardava a Lei do Evangelho pela reta inteligência da verdade da fé e de toda a Lei de Cristo. [...]
A plenitude da sabedoria (Querubins)
“Em quarto lugar, foi Arca do Testamento porque continha os Querubins, pela plenitude da sabedoria. [...] A Virgem encerrava em si os recônditos mistérios da sabedoria divina, por ter trazido em seu seio a carne de Cristo, em quem estão contidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.
Maria, Arca do Testamento, quanto à sua eficácia

Continua no próximo post.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Nossa Senhora: Arca da Aliança


Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Virgindade incorruptível
“Maria é Arca do Testamento quanto à sua construção, primeiro, por ser de matéria incorruptível, devido à integridade de seu corpo. [...] Integridade que A livrou do peso da carne e A tornou incorruptível, separando-A do contágio da corrupção, que dimana dessa mesma carne.
Virtudes proporcionadas
“Segundo, a Virgem foi Arca do Testamento, quanto à sua construção, porque foi de medidas proporcionadas, devido à humildade de coração, segundo o capítulo XXXVII do Exodo: «E Beseleel fez a Arca de pau de setim, a qual tinha dois côvados e meio de comprido, côvado e meio de largo, e também côvado e meio de alto». Por côvado inteiro da medida completa se entende a virtude perfeita na realização dos atos; por metade se entende a humildade perfeita na consideração dos defeitos; [...] e essas duas coisas teve, de modo eminentíssimo, a Virgem Maria, pois possuiu, ao mesmo tempo, uma virtude perfeita e uma profunda humildade.
Beleza de formas, fruto da honestidade de vida
“Terceiro, a Virgem foi Arca do Testamento, quanto à sua construção, porque foi bela na sua forma, devido à honestidade de sua vida, segundo as palavras do capítulo XXXVII do Exodo: «E revestiu-a de ouro finíssimo por dentro e por fora. E fez-lhe uma cornija de ouro ao redor». Por este revestimento de ouro se entende a plenitude da suma honestidade, que adornou por dentro e por fora à Virgem Maria. [...] E adverte que se disse tinha ao redor uma cornija de ouro, pela honestidade que brilhou em todos os seus atos.
Exímia observante da Lei divina, segundo as virtudes cardeais
“Quarto, a Virgem foi Arca do Testamento, quanto à sua construção, por ser de forma quadrangular, devido à igualdade de quatro maneiras de virtude, segundo as palavras do capítulo XXV do Exodo: «E farás quatro argolas de ouro, que porás nos quatro cantos da Arca. Farás também varais de pau de setim e os cobrirás de ouro, e os farás passar por dentro das argolas que estão aos lados da Arca, a fim de que sirvam para o transporte».
“Pelos quatro cantos se entendem as quatro virtudes cardeais; pelas argolas nos quatro cantos, a obediência quadriforme dos preceitos divinos segundo a exigência das quatro virtudes. Pelos varais se entendem duas coisas: o temor e o amor, que nos levam pelo caminho dos bons costumes.
“A Virgem gloriosa possuiu tudo isto na perfeição, pois observou eximiamente a divina Lei, submetendo-se a esta segundo as quatro virtudes cardeais, a saber: prudência, justiça, temperança e fortaleza, que, embora distintas, têm conexão e igualdade entre si, e se conduzem pelo temor e amor perfeito, e por elas a Arca chegou até o Céu. E adverte como disse que os varais estarão sempre metidos nas argolas, e nunca se tirarão delas, porque o temor e o amor sempre devem estar unidos com as virtudes cardeais para o cumprimento dos mandamentos divinos; e assim o estiveram na gloriosa Virgem.
Maria, Arca do Testamento, quanto ao seu conteúdo
Continua no próximo post.

domingo, 7 de abril de 2013

Hora Tercia - Pequeno Ofício da Imaculada Conceição


Hora Tercia - Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição

Tercia

Hino

Sois a Arca da Aliança, o trono de Salomão,
Belo íris celeste, sarça ardente da visão,
Vós sois a Virgem florida, o velo de Gedeão,
Divino portal fechado, o favo do forte Sansão.
Convinha, pois, certamente, que a Mãe de tão nobre Filho
Não tivesse de Eva a mancha e resplandecesse com o brilho.
E tendo o Verbo escolhido por mãe a Virgem casta,
Não quis que fosse sujeita à culpa que o mundo arrasta. Amém.

Eu moro no mais alto dos Céus.
E o meu trono está sobre a coluna de nuvens.

Conforme observa São João Eudes, “todos os livros sagrados da Lei de Moisés estão cheios de figuras e símbolos das digníssimas Pessoas de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua sacratíssima Mãe. E todos os Santos Padres, em seus escritos, se comprazem em nos descobrir tais figuras, e em nos fazer ver seu esplendor e beleza” .

O terceiro Hino do Pequeno Ofício evoca alguns desses símbolos sugeridos pelo Espírito Santo, nas páginas do Antigo Testamento, para fazer conhecer e amar pelos homens a futura Mãe de Deus, antes mesmo que Ela aparecesse sobre a Terra.

Assim, entre outras, foram imagens de Nossa Senhora: a Arca da Aliança, que continha as tábuas da Lei; o magnifico trono de Salomão; o arco-íris traçado no céu, após o castigo do dilúvio; a vara de Aarão, que floresceu dentro da Arca do Testamento; o velo de Gedeão, ora seco, enquanto toda a terra ao seu redor estava molhada de orvalho; ora embebido de rocio, quando aquela permanecia árida; a sarça ardente, de dentro da qual Deus falou a Moisés; o favo de mel que Sansão encontrou no cadáver do leão morto por ele; e a porta oriental do templo, que Ezequiel discerniu, cerrada, em uma de suas proféticas visões.

A recordação desses símbolos da Santíssima Virgem, acompanhada de novos e expressivos louvores à sua Imaculada Conceição, compõe a bela Hora mariana que a seguir contemplaremos.

Sois a Arca da Aliança

Em meio à “glória do Senhor” que abrasava o alto do Monte Sinai, Moisés recebeu de Deus esta ordem (Ex. XXV, 10-16): “Fazei uma Arca de pau de setim, cujo comprimento tenha dois côvados e meio, a largura côvado e meio, e altura igualmente côvado e meio. Revesti-la-ás de ouro puríssimo por dentro e por fora; e farás sobre ela uma coroa de ouro em roda; e farás quatro argolas de ouro, que porás nos quatro cantos da Arca: duas argolas de um lado, e duas do outro. Farás também varais de pau de setim e os cobrirás de ouro, e os farás passar por dentro das argolas que estão aos lados da Arca, a fim de que sirvam para o transporte. Estarão sempre metidos nas argolas, e nunca se tirarão delas. E porás na Arca o Testemunho que Eu te hei de dar.”

Símbolo das múltiplas dignidades de Nossa Senhora

No seu precioso conjunto, essa Arca constituía eloquente imagem da futura Mãe do Verbo Encarnado. Tal relação foi assim estabelecida por São Boaventura, em um de seus admiráveis discursos mariológicos:

“Segundo a exposição dos Santos, a Arca, no sentido alegórico, refere-se a Cristo e à Igreja; [...j no místico, representa a Virgem gloriosa, Santa Maria, felicíssima Mãe de Deus e Senhora nossa. [...]

“Sob a figura da Arca do Testamento, insinua-se a múltipla dignidade da Virgem segundo os diversos aspectos que a Escritura nos ensina a considerar naquela mística Arca.

“Com efeito, a Escritura nos propõe a consideração desta Arca sob quatro aspectos, a saber: segundo o que ela é (construção), segundo o que há nela (conteúdo), segundo o que dela procede (eficácia), e segundo o que a ela se refere (honra).

Maria, Arca do Testamento, quanto à sua construção

“Aquela Arca, como diz a Sagrada Escritura, foi construída de matéria incorruptível, de proporções adequadas, de bela forma e de figura quadrangular, no que se indica a dignidade da gloriosa Virgem, fabricada segundo a arte do Filho de Deus e do Espírito Santo.

1) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan Eudes, 1957. p. 49.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Forma de comungar indicada por São Luís Maria Grignion de Montfort


Devemos atentar para o fato de que está dito nessa ficha que o mistério da Encarnação — e este é o segundo ponto — contém todos os outros mistérios. E dado que cada festa da Igreja traz graças especiais, próprias ao que é comemorado, no dia da Encarnação todos os mistérios da Igreja devem ter uma espécie de fragrância, irradiação do perfume espiritual inicial.
E devemos nos recomendar muito a Nossa Senhora da Encarnação para isto: que Ela venha a nós e penetre em nós na fecundidade e na sacralidade dos seus mistérios, e que Ela tome conta de nossas almas e inicie conosco esta relação de almas, esta plenitude de união da Senhora com o escravo para nos dominar, nos conter e sermos com Ela humildes e submissos como o Menino Jesus foi. Esta deve ser a nossa súplica.
Seria, por exemplo, um bonito tema para a meditação, ao recebermos a Sagrada Comunhão no dia da Encarnação, lembrarmo-nos desta coisa admirável: Nosso Senhor repete em nós, de algum modo, a presença d’Ele em Nossa Senhora. É fora de dúvida. Devemos pedir à Santíssima Virgem que venha a nós espiritualmente receber Nosso Senhor, que Ela prepare as nossas almas e que Ela esteja, tanto quanto se possa entender, presente em nós, para Ele ser dignamente recebido, já que não estamos à altura de fazê-lo. Então, nosso ato de adoração ser praticado por meio d’Ela. É uma forma de comungar indicada por São Luís: os quatro atos de piedade — adoração, ação de graças, reparação e petição — serem feitos por meio d’Ela.
Quer dizer, que Ela faça tudo isso a Nosso Senhor quando Ele estiver presente em nós e que nos unimos a Ela. Há depois outro aspecto: deveríamos fazer a Nosso Senhor, presente em nós, uma adoração bem feita, que é a das nossas almas com toda a perfeição que elas deveriam ter, segundo o plano da Providência. Entretanto não estamos nesta situação. Precisamos pedir então a Nossa Senhora que ame a Deus daquele jeito como deveríamos amar, de maneira que O reparamos mais completamente. É um modo de indenizar um pouco a Nosso Senhor pelo muito que Lhe negamos, recusamos e decepcionamos.
Eis o esquema para uma Comunhão no dia da Encarnação, e oxalá para todos os dias. Não sou favorável a esquemas obrigatórios para a Comunhão. O Espírito sopra onde quer, mas serão felizes aqueles em cuja alma o Espírito soprar a ideia de comungar todos os dias assim.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A Encarnação: escravidão a Maria


Jesus quis depender de Maria mais do que um escravo de seu senhor
Nosso Senhor, vivendo em Nossa Senhora, estava completamente escravizado a Ela, e a situação d’Ele era a de um ente consciente — porque Jesus teve uma perfeita consciência desde o primeiro instante do seu ser — que formou, inteiramente lúcido, o seu próprio Corpo nas entranhas da Santíssima Virgem e começou a viver ali. Ele ficou contido só por uma criatura, vivendo no contato exclusivo com Ela e na dependência a mais completa que uma pessoa possa estar em relação à outra.
Para termos um pouco a ideia deste mistério, imaginemos um homem adulto a quem fosse dado viver no ventre materno. Até que ponto ele se sentiria circunscrito, aprisionado, dependente, escravo, englobado por sua mãe completamente?
Pois bem, nesta situação viveu o Verbo de Deus feito carne. E Ele, lúcido desde o primeiro instante do seu ser, quis, por um desígnio d’Ele, viver assim dentro deste templo, deste palácio, numa relação misteriosa com Nossa Senhora.
Aquele que teve o poder suficiente para fazer com que a Encarnação se desse em Maria Virgem, com que Ela fosse virgem antes, durante e depois do parto, também poderia fazer com que, por exemplo, realizada a concepção, um minuto depois se desse o nascimento. Não era nem um pouco condição obrigatória Deus Encarnado, Deus Humanado, viver nove meses em Maria. Ele quis que fosse assim, ou seja, desejou ter com Ela esta forma de dependência, de relação de alma que não chegamos a compreender completamente, de tal maneira ela é profunda, misteriosa e inesgotável.
Em suma, Ele quis ser verdadeiro escravo d’Ela. É uma inversão de valores que nos deixa desnorteados. Ele dependeu d’Ela mais do que um escravo depende do seu senhor. O escravo tem vida, respiração e movimentação próprias. Ele não. Jesus, antes de nascer, quis depender assim de Nossa Senhora.