sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Rosário- oração orientada para a paz



As dificuldades que o horizonte mundial apresenta, neste início de novo milênio, levam-nos a pensar que só uma intervenção do Alto — capaz de orientar os corações daqueles que vivem em situações de conflito e de quantos regem os destinos das Nações — permite esperar num futuro menos sombrio.

O Rosário é, por natureza, uma oração orientada para a paz, precisamente porque consiste na contemplação de Cristo, Príncipe da paz e “nossa paz” (Ef 2, 14). Quem assimila o mistério de Cristo — e o Rosário visa isto mesmo — apreende o segredo da paz e dele faz um projeto de vida. Além disso, devido ao seu caráter meditativo com a serena sucessão das Ave-Maria, exerce uma ação pacificadora sobre quem o reza, predispondo-o a receber e experimentar no mais fundo de si mesmo, e a espalhar ao seu redor, aquela paz verdadeira que é um dom especial do Ressuscitado (cf. Jo 14, 27; 20, 21).

Em suma o Rosário, ao mesmo tempo que nos leva a fixar os olhos em Cristo, torna-nos também construtores da paz no mundo. Pelas suas características de petição insistente e comunitária, em sintonia com o convite de Cristo para “orar sempre, sem desfalecer” (Lc 18, 1), aquele permite-nos esperar que, também hoje, se possa vencer uma “batalha” tão difícil como é a da paz.

Estas palavras são do Papa João Paulo II, na Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae”

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Com o cetro de Deus nas mãos...




Maria Santíssima é nossa soberana. Ela está incalculavelmente acima de todas as criaturas e, enquanto 
Mãe de Deus, sua súplica é governativa por vontade de Deus.

Por assim dizer, Ela tem o cetro de Deus nas mãos, como indica claramente, por exemplo, a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora: na mão esquerda segura o Menino Jesus e na direita o cetro. Este significa que Ela tem o governo de toda a criação, pela Sua santidade incomparável e união com Deus, bem como pela Maternidade Divina e pelo fato de ser Esposa do Espírito Santo.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um nascimento todo especial...


Quando Nossa Senhora nasceu, o mundo estava prostrado no paganismo; os vícios imperavam; a idolatria dominava a Terra; o mal e o demônio venciam inteiramente.

Mas, no momento decretado por Deus em sua misericórdia, tudo mudou! Nasceu Maria Santíssima, a raiz bendita da qual nasceria o Salvador da humanidade. Começava assim a derrocada do demônio.

Quantas vezes não se passa algo semelhante em nossa vida espiritual! Há ocasiões em que nossa alma está em luta, com problemas, contorcendo e revolvendo dificuldades! Sequer temos ideia de quando virá o dia bendito onde uma graça extraordinária, um grande favor acabará com nossos tormentos, proporcionando-nos um amplo progresso na vida espiritual. E, de repente, há um nascimento no sentido especial da palavra: Nossa Senhora aparece qual aurora em nossa vida espiritual.

Isso deve nos dar muita alegria e esperança, com a certeza de que Nossa Senhora nunca nos abandona. Nas ocasiões mais difíceis Ela nos visita, resolve nossos problemas, cura nossas dores, dános a combatividade e a coragem necessárias para cumprirmos nosso dever até o fim, por mais árduo que seja.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Conhecimento perfeito da grandeza de Deus


Nossa Senhora da Bondade
Qual era a atitude de Nossa Senhora perante seu Divino Filho? Antes de tudo, era de uma grande estima e de uma grande consideração das grandezas d’Ele. Apesar de Nossa Senhora ser Mãe de Jesus Cristo e, portanto, ter a natural autoridade que toda mãe tem sobre seu filho, nenhuma criatura conheceu tão bem quanto Ela a grandeza de Nosso Senhor Jesus Cristo; nenhum intelecto criado pôde sondar tão profundamente essa grandeza e, por isso, nenhum soube admirá-Lo tão completamente.

sábado, 25 de agosto de 2012

Mãe também dos pecadores




Deus, infinitamente bom e justo, tendes o direito de estar irado contra mim, que tanta ofensa Vos fiz. Entretanto, vossa Mãe é também a minha, e Ela conserva para comigo solicitudes, cuidados e paciências que todas as verdadeiras mães têm para com seus filhos. E nesta incansável misericórdia de Maria, tenho eu posto todas as minhas esperanças. Sede, pois, ó Senhor, paciente para comigo, porque assim o é vossa Santíssima Mãe!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Oração a Nossa Senhora de Lourdes

Ó Maria, Vós aparecestes a Bernardete na cavidade de um rochedo.
No frio e nas sombras do inverno, Vós trazíeis o calor de vossa presença, a luz e a beleza.
No vazio de nossas vidas, tantas vezes obscuras, no fundo deste mundo no qual o mal é poderoso, trazei a esperança, restabelecei a confiança!
Vós, que sois a Imaculada Conceição, vinde em auxílio destes pecadores que somos nós.
Dai-nos a humildade da conversão, a coragem da penitência.
Ensinai-nos a rezar por todos os homens.
Guiai-nos até as fontes da verdadeira vida.
Fazei de nós peregrinos em marcha dentro de vossa Igreja.
Incrementai em nós a fome da Eucaristia, o alimento nesta terra, o pão da vida.
Em Vós, ó Maria, o Espírito Santo operou maravilhas: por seu poder, Ele vos colocou junto ao Pai, na glória de vosso Filho, vivo para sempre.
Considerai com ternura as misérias de nossos corpos e de nossos corações.
Brilhai para todos, como uma doce luz, na hora da morte.
Com Bernardete, recorremos a Vós, ó Maria, com a simplicidade de filhos.
Fazei-nos entrar, como ela, na eterna bem-aventurança.
Então poderemos, já nesta terra, começar a sentir a alegria do Céu e, convosco, cantar: Magnificat! Glória a Vós, Virgem Maria, ditosa serva do Senhor, Mãe de Deus, morada do Espírito Santo! Amém!
(Traduzido da página web do Santuário, www.lourdes-france.org)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Festa de Nossa Senhora Rainha

A festa de Nossa Senhora Rainha é a festa do Coração d’Ela. O que, aliás, está escrito em Fátima: Nossa Senhora disse “por fim o Meu Imaculado Coração triunfará”. Triunfará quer dizer reinar. O Coração de Nossa Senhora é um coração régio. Se eu pudesse representar o Imaculado Coração de Maria, eu gostaria de representá-lo encimado por uma coroa, para indicar bem o caráter régio do Coração Sapiencial e Imaculado de Maria.

A festa, portanto, tem toda a propriedade – ainda que seja a festa de Nossa Senhora Rainha – tem toda a propriedade para nós cultuarmos e venerarmos o Imaculado Coração de Maria.   

De que maneira? Fazendo nosso esse pedido: tornai meu coração semelhante ao Vosso. Semelhante não quer dizer vagamente parecido, não. Quer dizer parecido em tudo quanto está nos desígnios da Providência que pareça. “Tornai-me sapiencial, de uma sapiencialidade que seja uma participação da vossa; tornai-me puro de uma pureza que seja uma participação da vossa”.

Nós devemos aproveitar esta festa para pedirmos graças para nós. Sobretudo essa transformação por onde nosso coração seja confiscado por Nossa Senhora, seja tomado por Nossa Senhora. Isso nós podemos dizer: “Minha Mãe, eu não sou bastante forte para me dar a Vós: dominai-me. Entrai na minha alma com graças tais que eu praticamente não resistirei. Esta porta, minha Mãe, que eu por miséria não abro, arrombai-a. Eu vos espero atrás dela com meu sorriso, meu reconhecimento e minha gratidão”.

Plinio Correa de Oliveira - Excertos e gravação da conferência em 1975

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Nossa Senhora Rainha

Ao instituir a festa de Nossa Senhora Rainha, quis a Igreja glorificar a Deus por meio da realeza de sua Mãe Santíssima, honrando-A e venerando-A com este título, um dos maiores e mais belos que já lhe foram atribuídos. É, portanto, com imenso júbilo que devemos nos associar a essa celebração das prerrogativas régias de Maria, pensando e meditando nelas, não só para crescermos no conhecimento de tão excelsa Soberana, como também — e sobretudo — aumentarmos nosso amor e nossa devoção a Ela.
Mãe do Rei dos reis
Voltemo-nos em primeiro lugar para os fundamentos dessa realeza, quer dizer, as razões pelas quais Nossa Senhora é chamada de Rainha.
Antes de tudo, por ser a Mãe do Rei, isto é, de Nosso Senhor Jesus Cristo. É Ele Rei como Deus, Autor de toda a Criação. É Rei como Salvador e Redentor do gênero humano, pois este, perdido que estava, foi resgatado pelo sangue infinitamente precioso do Cordeiro Divino, o Qual se tornou assim seu dono e senhor. É Rei por direito de nascença, descendendo da linhagem monárquica de David. É Rei, ainda, como o mais excelente dos homens, no qual nossa natureza atingiu uma superioridade e uma plenitude inimagináveis.
Ora, enquanto Mãe do Rei, merece Nossa Senhora o título de Rainha, e não apenas porque convinha a Ele ser filho de uma soberana, mas também porque foi dada a Ela uma participação efetiva no governo de Nosso Senhor sobre todo o Universo.
Com efeito, depois de sua triunfal Assunção, a Santíssima Virgem se viu exaltada pelas Três Pessoas Divinas, recebendo um completo domínio sobre as criaturas visíveis e invisíveis, os Anjos e os Santos no Céu, os homens vivos, as almas do Purgatório, bem como sobre os réprobos e demônios do Inferno. De tal sorte que, a partir de então, Deus executa todas as suas obras e realiza todas as suas vontades por intermédio de sua Mãe. Esta não é apenas o canal por onde passa o império do Rei, mas é a Rainha que decide por alvitre próprio, consoante os desígnios d’Ele.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Rosário

Unindo esplendidamente a oração mental e a vocal, o Santo Rosário tem sido a obra-prima da espiritualidade católica. Através dele alcançamos as mais especiais graças e auxílios sobrenaturais!
 Para bem compreender o valor da devoção  ao  Santo  Rosário,  analisemo-lo  com  maior profundidade. 
Após ser entregue diretamente por Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão, a devoção ao Rosário se estendeu rapidamente por toda Igreja, ultrapassando  os  limites  da Ordem Dominicana e tornando-se o distintivo de muitas outras ordens que passaram a portá-lo pendente à cintura.
Tempo houve em que todo católico o trazia habitualmente consigo, não apenas como objeto de  contar  Ave-Marias,  mas  como  instrumento que atraía as bênçãos de Deus. O Rosário era considerado uma corrente que liga o fiel a Nossa Senhora,  uma arma que afugenta o demônio.
Esplêndida conjunção da oração vocal com a mental
O que vem a ser o Rosário?
Em síntese, o Rosário é uma composição  de  meditações  da  vida  de  Nosso Senhor e de sua Mãe, somada  a orações vocais. Tal conjunção — da  oração vocal com a mental — é verdadeiramente  esplêndida,  pois,  enquanto se profere com os lábios uma súplica, o espírito se concentra num  ponto. Assim o homem faz na ordem  sobrenatural tudo quanto pode. Porque através de suas intenções, se une  àquilo que seus lábios pronunciam, e  por sua mente se entrega àquilo que  seu espírito medita.
Por  esta  forma  de  oração  o  homem  une-se  intimamente  a  Deus,  sobretudo porque esta ligação se dá  através de Maria, Medianeira de todas as graças. 
Alguém poderia perguntar: “Qual o sentido de rezar vocalmente a Nossa Senhora enquanto se medita em outra coisa? Não podia ser algo mais simples? Não seria mais fácil meditar antes,  e  depois  rezar  dez  Ave-marias?”
A resposta é muito simples. Cada mistério contém, nos seus pormenores, elevações sem fim, as quais nosso pobre  espírito  está  procurando  sondar... Ora, para fazê-lo com toda a perfeição, precisamos ser auxiliados pela graça de Deus, e tal graça nos é dada pelo auxílio de Nossa  Senhora. Ou seja, pronuncia-se  a Ave-Maria para pedir que a  Virgem Santíssima nos obtenha as graças para bem meditar. 
Obra-prima da espiritualidade católica
No Rosário encontramos pequenos, mas preciosos tesouros teológicos que o tornam uma obra-prima da espiritualidade e da Doutrina Católica. Esta devoção contém enorme força e substância; ela não é apenas feita de emoções; pelo contrário, é séria, cheia de  pensamento, com razões firmes. Ela constitui a vida espiritual do varão católico como um sólido e esplendoroso edifício de conclusões e certezas.
Além disso, a meditação de cada mistério da vida de Nosso Senhor  proporciona  ao  fiel  receber  graças  próprias  ao  fato  que  está  contemplando.
Ao analisarmos as incontáveis graças que Maria Santíssima vem distribuindo por meio da recitação do Santo Rosário, vemos nele algo que o torna superior a outros atos de piedade mariana. Ora, qual é a razão disto?
Antes de mais nada, vale salientar  que  Nossa  Senhora,  sendo  excelsa  Rainha, tem o direito de estabelecer  suas preferências! E Ela quis elevar  esta devoção além das outras, distribuindo  graças  especialíssimas  através da recitação do Santo Rosário.
Batalha de Lepanto
Entre as diversas graças insignes  alcançadas pela recitação do Rosário  está a vitória obtida pela Cristandade na Batalha de Lepanto.
São  Pio  V,  então  Pontífice,  encontrava-se aflito diante da ameaça otomana que cercava a Europa cristã. Ordenou, então, que toda a Cristandade rezasse o Rosário a fim de  suplicar a intervenção de Nossa Senhora.
Antes da terrível batalha ocorrida no Golfo de Lepanto, a sete de outubro de 1571, entre as hostes cristãs e muçulmanas, os soldados católicos rezavam o Rosário com grande devoção.
Segundo testemunharam os próprios adversários, a Santíssima Virgem apareceu-lhes durante a batalha, infundindo-lhes grande pavor.
Para comemorar a grande vitória obtida neste dia, o Santo Padre instituiu a festa de Nossa Senhora do Rosário, a qual, no século XVIII, foi estendida a toda a Igreja Católica por determinação do Papa Clemente XI.
Uma vez que por meio do Santo Rosário a Cristandade tem obtido  tão  grandes  vitórias,  não  temos  razão  suficiente  para  esperar,  por  meio da recitação desta oração, a vitória em todas as lutas travadas ao  longo de nossa existência?
Resolução de rezar sempre o rosário
Um fato ocorrido na vida de Santo  Afonso  Maria  de  Ligório  mostra-nos que, sobretudo, numa grande luta o Rosário é penhor de vitória. O santo era conduzido em cadeira de rodas, por um irmão de hábito,  através dos corredores do convento,  quando perguntou se já haviam rezado todo o Rosário. O companheiro  lhe respondeu:
— Não me lembro.
— Rezemos, então. Disse o santo. 
  Mas  o  senhor  está  cansado!  Que mal há um só dia deixar de rezar o Rosário? 
— Temo por minha salvação eterna se o deixasse de rezar por um só  dia.
É  justamente  isso  que  devemos  pensar e sentir: o Rosário é a grande  garantia de nossa perseverança final. 
Devemos pedir à Santíssima Virgem a graça de rezar o Rosário todos  os dias de nossa vida. 
Gostaria ainda de dar uma recomendação:  nunca  deixarem  o  Rosário, de modo que, mesmo dormindo,  procurem  ter  o  Rosário  à  mão,  de  maneira  tal  que  o  sintam  consigo. E, se tiverem receio de que  ele caia — devemos tratá-lo com toda a reverência —, pendurem-no ao  pescoço, ou o coloquem no bolso.
Plinio Correa de Oliveira (Extraído de conferências de 7/10/1964 e 10/3/1984)

sábado, 18 de agosto de 2012

A Fé da Santíssima Virgem sustentou o mundo

Houve alguém que possuiu plena  certeza  na  Ressurreição  de  Jesus: Maria!
No sábado que precedeu a Ressurreição de Nosso Senhor, somente Nossa Senhora, em toda a face  da Terra, teve uma Fé completa e  sem  sombra de  dúvida  na  Ressurreição. Ela possuía uma certeza  absoluta,  uma  expectativa imensamente dolorida por  causa do pecado que havia sido cometido, mas imensamente calma, com a certeza da vitória que se  aproximava.
A cada minuto que passava, de algum modo a espada da saudade e da dor penetrava ainda mais seu Coração Imaculado. Mas, de outro lado,  havia a certeza de uma grande alegria  da  vitória  que  se  aproximava.  Esta concepção inundava-A de consolação e gáudio.
Maria  Santíssima,  nesta  ocasião,  representou a Fé da Santa Igreja e,  por assim dizer, sustentou o mundo,  dando  continuidade  às  promessas  evangélicas, pois, se não houvesse Fé  sobre a face da Terra, a Providência  teria encerrado a História.   
Maria  foi  a  Arca  da  Esperança  dos séculos futuros. Ela teve em Si,  como  numa  semente,  toda  a  grandeza que a Igreja haveria de desenvolver ao longo dos séculos, todas as  promessas do Antigo Testamento e  todas as realizações do Novo; tudo  isto viveu dentro da alma de Nossa  Senhora.
Podemos até nos perguntar se este episódio não foi mais bonito do  que  quando  a  Santíssima  Virgem trazia  o  Messias  em  seu  seio.  Numa ocasião Ela gestava o Messias e  carregava dentro de Si a salvação do  mundo inteiro; noutra, tinha Ela em  Si a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, portanto, o Corpo Místico de Cristo.
É à noite que é belo acreditar na luz
Na obra Chanteclair, de Edmond  Rostand,    uma  linda  frase:  “É  à  noite que é belo acreditar na luz.”
Que mérito há em acreditar na luz  ao meio-dia? Mas, acreditar na luz  à meia-noite, ou mais ainda, às três  horas da manhã, quando até a própria meia-noite já vai longe, tem-se  a impressão de que o curso das coisas nos afundou nas trevas definitivamente; aí é que é belo acreditar na  luz.
Ora, Nossa Senhora acreditou na  luz durante a terrível meia-noite da  morte de seu Filho. Apesar de presenciá-Lo rompu, brisé, anéanti, Ela  não teve dúvida nenhuma. Quando Jesus morreu e Nossa Senhora teve seu divino cadáver no colo, Ela fez um tranquilíssimo ato de  Fé, dizendo: “Apesar destas chagas e desta morte estraçalhante, Ele ressuscitará! Eu creio porque Ele prometeu!”
Este foi, sem dúvida, um dos mais belos momentos da vida  d’Ela.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A mais fulgurante das estrelas




Por que Nossa Senhora é simbolizada por uma estrela? Porque é durante a noite que cintilam as estrelas, e esta vida é para o católico uma noite, um vale de lágrimas, uma época de provação, de perigo e de apreensões. Na eternidade teremos o dia, porém na vida terrena temos o escuro da madrugada. E nesta noite existe uma estrela que nos guia, que é a consolação de quem caminha nas trevas, olhando para o céu: Maria Santíssima, a mais fulgurante de todas as estrelas!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Assunção de Nossa Senhora



Quem seria capaz de imaginar a grandeza da Assunção de Nossa Senhora? Imaginando como seria a reação dos apóstolos ali presentes, Dr. Plinio procura recompor tão grandiosa cena.

Hoje se comemora a Assunção de Nossa Senhora, festa de todos os gáudios, do dia em que Nossa Senhora, ressurrecta, tendo abandonado sua condição mortal, sobe aos Céus levada pelos anjos. O Céu inteiro participou desta alegria.

Que reflexão convém fazer a respeito da Assunção de Maria Santíssima?

“Onde está o lugar para minha Mãe?”

Imaginemos a noite de Natal. Ela continha um néctar, uma poesia, um encanto, propiciando um discernimento de espíritos por onde todo o mundo de certo modo sentia e conhecia a graça de Deus, pela qual Cristo descia como um orvalho do mais alto do Céu, ou seja, do claustro sacratíssimo de Nossa Senhora, e, sem transgredir a virgindade intacta e ilibada da Mãe, entrava nesta Terra. A Virgem teve um Filho e a Terra se extasiou.

É realmente uma maravilha.

Mas depois acontece outra maravilha. É a obra-prima da Criação que vai entrar no Céu. O que houve no reino do criado de mais alto foi a humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele foi o primeiro a entrar no Paraíso, e no seu sulco foram as miríades de almas que estavam no limbo. Nunca teremos uma ideia suficiente nesta Terra a respeito da glória inimaginável da entrada de Nosso Senhor no Céu.

Somos incapazes não só de descrever, mas de imaginar o que se passara no Tabor, quando o Divino Salvador ali foi glorificado. Pois bem, ao entrar no Paraíso, sua glória era incomparavelmente maior que a manifestada no Tabor. E a alegria dos habitantes do Céu não pode ser comparada com a dos que estavam no monte, vendo Nosso Senhor transfigurado, e pediam para fixar umas tendazinhas permanentemente.

E, no esplendor do Céu, tendo festejado na sua humanidade o encontro com o Pai e com o Espírito, depois de tomar gloriosamente assento — sua natureza divina nunca deixou o Céu —, por assim dizer, seu pensamento deve ter sido: Onde está o lugar para minha Mãe?

Imagino que Ele, então, começou a preparar tudo para o dia da Assunção de sua Mãe. Porque, depois da Ascensão, a maior festa do Céu foi inegavelmente a Assunção, durante a qual se poderia dizer que todo o universo estava numa alegria especial.

Explicitação das glórias existentes em Maria

Os Apóstolos, certamente, ficaram desolados com aquilo que a Igreja — mestra de todas as delicadezas — chama “dormitio Beatae Mariae Virginis”, a dormição da Santíssima Virgem Maria. Em português a palavra “dormição” não existe, exceto para se referir à morte de Nossa Senhora, a qual foi leve como um sono.

Logo depois da dormição, os Apóstolos, ainda desolados, veem Maria Santíssima que ressurge.
Imaginemos que a Assunção tenha ocorrido no próprio Tabor.

Julgo que toda a glória existente em Maria Santíssima começou, então, a manifestar-se aos presentes, como outrora sucedera com Nosso Senhor no alto daquele mesmo monte.

Todas as bondades, toda a suavidade, soberania, todo o domínio, atrativo, a virginal intransigência e firmeza, n’Ela se afirmavam de um modo esplêndido, e iam misteriosamente reluzindo e acentuandose. Tenho a impressão de que, quando isto se iniciou, as pessoas ali presentes lançaram exclamações, depois começaram a cantar e, por fim, o canto foi morrendo e, se assim se pudesse dizer, passou a zumbir, mas zumbir celestialmente, o silêncio de quem já não ousava dizer nada.

Até certo momento as pessoas ainda se entreolhavam; depois, como que esquecendo haver outros perto delas, só olhavam para Nossa Senhora, a qual não cessava de manifestar sucessivamente quintessências de Si mesma. E tinham a impressão de que não era a Santíssima Virgem que ia subir, mas o céu desceria até Ela. Dir-se-ia que a cúpula celeste estava se tornando cada vez mais baixa e, se alguém estendesse a mão, tocaria com os dedos no azul!

Certamente, a isto correspondeu, em determinado momento, uma sensação de tal veneração e inferioridade, mas ao mesmo tempo de tal intimidade, que cada um sentia Nossa Senhora dentro da própria alma, tão meiga, afagante, recomponente, tonificante, reparadora, e Mãe.

“Embebidos” de Nossa Senhora...

Algo de muito profundo operou-se nas almas, onde a palavra de Deus penetra como um gládio com dois gumes. Ora, se lá entra a palavra de Deus, por que não penetraria o afeto da Mãe de Deus? E então todos se sentiam como que embebidos de Nossa Senhora, à maneira de um papel sobre o qual se põe azeite perfumado, e já não sabiam mais o que dizer.

Em certo momento, começam os ares a se mover e os ventos como que a tomar formas que flutuam de um modo singular; definem-se figuras angélicas em torno de Maria Santíssima e o céu se revela sucessivamente cheio de anjos que cantam. Ela havia chegado ao auge de seu esplendor, mas, para mostrar que supera todos os anjos, o aumenta ainda mais até o indizível, de maneira que os próprios anjos se tornam pálidos, em comparação com Nossa Senhora.

Os presentes acompanham com exclamações e não percebem que Ela perdeu toda a proporção com a Terra; é a hora da despedida...

Maria Santíssima começa a mover-se, a olhá-los com um afeto, procurando transpor uma distância cada vez maior, e eles sentem que a separação está acontecendo. E ao mesmo tempo se entristecem e se alegram, choram e se extasiam, sentem-se no Céu e na Terra do exílio. Eles vão prestando atenção nos anjos, devido a seus cantos cada vez mais indizivelmente belos.

Em certo momento, eles verificam que Nossa Senhora tinha desaparecido no vértice dos anjos, os quais revoam e cantam mais algum tanto para consolá-los. Depois vão sumindo gradualmente...

Eles percebem, então, que estavam juntos, começam a se olhar e ficam quietos. De repente, um diz: “Vamos para casa?” E outro responde com voz suave: “Sim, pois já é tarde!” E começam a descer o Tabor.

Caminhando, conversam entre si: “Lembra-se de tal coisa? Daquela cena? De tal outra beleza?” Quando dão acordo de si, estão todos cantando.

E, ao se despedirem, eles se perguntam: “Quando nos reencontraremos para continuar relembrando aquelas maravilhas?” E comentam: “Há um modo de nos encontrarmos: sermos todos consoantes com Maria Santíssima. Ela estará conosco, e onde está Ela está Nosso Senhor.”

Como veem, não ousei descrever Nossa Senhora, mas sim a reação daqueles que olhavam para Ela. Não acredito que alguém tenha — pelo menos, não sinto em mim — talento ou capacidade para descrevê-La em sua totalidade. Quem julga possuílos, se engana.

Lembro-me do expediente empregado por Dante Alighieri no canto último da Divina Comédia. Depois de ter percorrido todo o Céu, ele se apresenta a Deus, mas não ousa olhar para o Lumen Incriado, que está brilhando. Então volta sua vista para Nossa Senhora e, nos olhos d’Ela, ele vê o lumen de Deus. E, com o famoso hino final à Santíssima Virgem, Dante termina a Divina Comédia. Assim, é justo que olhemos para as almas daqueles que viram Nossa Senhora subir ao Céu, para vermos o reflexo d’Ela.  

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 15/8/1980)

domingo, 12 de agosto de 2012

Que mãe dá uma serpente ao filho que lhe pede pão?


Nosso Senhor incitava seus discípulos à oração e à súplica, afirmando: “Qual é o pai a quem o filho pedindo um pão, dá-lhe uma pedra?”

Não se poderia imaginar outra atitude do pai para o filho, senão conceder aquilo que lhe é solicitado. Entretanto, se um pai não nega uma súplica filial, muito menos a negará uma mãe. Qual é a mãe que diante do filho que lhe pede pão, dá-lhe uma serpente? Se uma mulher tomasse esta atitude, não seria digna de ser chamada mãe.

Nossa mãe é Nossa Senhora! Ela é um oceano insondável de excelências morais e modelo de misericórdia inconcebíveis pela mente humana. Por isso deve-se ter a convicção de que se receberá o que se pediu, pois a seu Divino Filho Ela apresenta os pedidos que lhe são feitos. E pedindo, Ela obtêm!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Minha Mãe, dizei por mim

Minha Mãe, quando Jesus estava em vosso claustro, Vós encontrastes inúmeras coisas para Lhe dizer; vede, entretanto, que misérias eu digo no momento que O recebo na Sagrada Eucaristia!

Por isso, eu Vos peço: Falai por mim, minha Mãe, e dizei a Ele tudo quanto eu quereria ser capaz de dizer, mas não o sou. Adorai-O como eu quereria adorá-Lo; dai-Lhe a ação de graças que eu quereria dar-Lhe; apresentai-Lhe atos de reparação pelos meus pecados e pelos do mundo inteiro com um calor de reparação que, infelizmente, eu não tenho.

Minha Mãe, pedi por mim e por todos os homens tudo quanto for necessário para que realizemos a vossa glória; porque, minha Mãe, o que eu peço mais do que tudo é a vossa glória, o vosso Reino. Amém.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O dia-a-dia da Sagrada Família

Continuação do post anterior

Enlevo e admiração pelo Filho-Deus
Pode-se imaginar  o  enlevo  sem  fim que o casal tinha por cada olhar  ou movimento do Menino. Enquanto trabalhavam em alguma coisinha, Maria e José ficavam atentos ao mínimo  gesto  de  Jesus  e  procuravam  não perder sequer uma emissão de  voz d’Ele.
Quem não ficaria atento? Afinal, eles sabiam que era o Homem-Deus  que estava assim Se movendo. 
Isto representava para eles um tesouro sem conta.
O dia-a-dia da Sagrada Família
Como seria o relacionamento no  seio da Sagrada Família?
Conversariam sobre a virgindade  fecunda de Nossa Senhora? Teriam  uma interlocução por onde, constantemente, faziam referência à natureza divina? Ou somente falavam sobre estes assuntos nas grandes ocasiões,  quando,  por  exemplo,  baixavam  do  Céu  luzes  extraordinárias,  ou quando contemplando o Menino  tinham êxtases místicos? 
Eu sou propenso a acreditar que,  na maravilha desse convívio interno,  as situações mais diferentes se sucediam simultaneamente, e isto constituía uma forma de convivência celeste.
A  vida  comum  de  uma  pobre  família  operária,  e  o  encanto  das  considerações  metafísicas  e sobrenaturais de Nossa Senhora e de São José, que viviam inundados  pela  presença  do  Menino,  uniam-se no dia-a-dia da Casa de  Nazaré.
Numa ocasião comum, Nossa Senhora perguntaria:
  José,  meu  esposo,  fostes  vós  que abristes aquela porta? Ireis porventura  sair,  levando  o  banco  que  acabastes de fazer?
— Senhora, responderia São José, preciso ainda ficar aqui por algum tempo, exceto se vossa vontade for outra.
Acrescentaria ele:
— Senhora, Vós Vos distraístes —  ele bem sabia que Maria tinha estado conversando com os Anjos — e o  almoço vai longe em nosso pequeno  fogareiro; vede um pouco...
Quem sabe ao certo como se davam  estas coisas? Pode-se imaginar tudo.
Previsão do sofrimento e da glória
Noutra ocasião, o Menino — que  quando  adulto,  no  Tabor,  reluziria entre  Moisés  e  Elias  de  um  modo  tão  esplendoroso  —,  no  momento  inopinado em que vinha pedir licença aos pais para brincar um pouco no  jardim, apareceria diante deles com  um brilho deslumbrante. Eles passavam alguns instantes sem poder responder ao Menino — o qual esperava reluzente a resposta —, completamente transportados para outra esfera: estavam diante de Deus.
Em certos momentos, Eles viam  que  o  Menino  Lhes  aparecia  brincando com dois pauzinhos que Ele carregava às costas: era o precônio  da cruz.
Ficavam,  então,  com  o  coração  partido, olhando o Menino Jesus andar determinadamente de um lado  para outro na casa, fazendo um gesto ao Padre Eterno. Era um ato figurativo da Agonia no Horto.
Tudo estava impregnado por uma  respeitabilidade, uma majestade, de  uma seriedade augusta, de uma determinação forte, para dizer tudo em  uma só palavra, de uma seriedade e  de uma dor desconcertantes!
Que dor, que nobreza, que grandeza, que majestade!
  Plinio Correa de Oliveira. Extraído de conferência de 20/11/82

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O dia-a-dia da Sagrada Família

É comum  encontrar  estampas  com  pitorescas  representações da casa onde viveu a Sagrada Família. Muitas são respeitáveis e bastante apropriadas. Em geral, combinam uma pureza diáfana com  uma  luz  que  não  era  apenas a de um dia belamente luminoso    luz  persistentemente  matinal  de um horário que já não é matinal.  Em síntese, apresentam uma simplicidade absoluta junto a uma limpeza absoluta.
Isto é o que nos apresentam tais figuras, mas fica-se sem saber o que dizer a respeito do que acontecia na  Casa  de  Nazaré.  Imaginemos, então.
Imaginando aspectos da casa e do dia-a-dia
O que comentar, por exemplo, da  limpeza desta casa?
Era  Maria  Santíssima  que,  diante dos coros angélicos extasiados, fazia a limpeza da Santa Casa. Às vezes era São José, seu castíssimo esposo, quem a fazia.  Noutra ocasião,  quando estavam cansados, era o Menino quem limpava a casa para que os  pais a encontrassem em bom estado...  É difícil crer, mas nem sequer os Anjos tinham o privilégio de limpá-la.
Num canto da casa, há um simples  jarro, do qual se levanta uma açucena, reta como a virgindade. É a única  coisa que fala de arte; o resto é tão  simples...
Entretanto,  olhando  para  qualquer madeira tosca, para o pé de uma  cadeira,  por  exemplo,  ou  para  uma  prateleira que suporta três ou quatro  pequenos objetos indispensáveis para  viver, fica-se extasiado! Não se sabe o  que dizer diante dessas “sublimes bagatelas”, tão comuns na vida de qualquer um, mas, que por estarem postas naquela casa, assumem um caráter todo especial.
Sublimes realidades
Imaginemos  São  José  sentado,  torneando  alguma  coisa,  enquanto Nossa Senhora faz alguma costurinha, e o Menino que, tão pequeno  ainda, brinca com duas ou três pedrinhas, em pé, apoiado numa cadeira  vazia.
Não há palavras que bastem para  nos explicar o que, na realidade, está se passando: este Menino — verdadeiro menino, nascido da linhagem  de David — foi gerado pelo Espírito Santo nas entranhas de Nossa Senhora, a flor do gênero humano!
Enquanto o Menino Jesus brinca  com suas pedrinhas, e n’Ele a natureza humana se desenvolve segundo  a ordenação posta por Deus, que repercussão estará havendo nas relações das Três Pessoas da Santíssima  Trindade? Entretanto, tudo tão simples, tão elementar.
Continua no próximo post.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Meu filho, ânimo!

Consolar não é apenas enxugar o pranto de quem chora; é muito mais do que isso. É dar força, dar ânimo, e dar decisão. Nossa Senhora é a consoladora dos aflitos. O homem que fica aflito, facilmente se acabrunha exageradamente, perdendo a coragem e se entregando. Nossa Senhora o consola dizendo:

“Meu filho, ânimo! Eu te concedo forças para lutar. Enfrenta o adversário, pois tudo é reparável. No céu serão pagos os teus sofrimentos e lá tu serás recompensado, em glória, por tudo quanto tiveres carregado nos ombros. Agora, coragem e para frente!”

Isso é propriamente a consolação, quer dizer, uma fortificação. Nossa Senhora dá isso aos aflitos, àqueles que estão precisando de forças para lutar.

domingo, 5 de agosto de 2012

Maria, Medianeira da Graça

Maria Santíssima exerce um papel preponderante na santificação de uma alma. Com efeito, Ela é a medianeira através de Quem recebemos as graças.
 Imaginemos uma cidade no Tirol, ao pé daquelas grandes montanhas, para as quais vão pessoas do mundo inteiro, a fim de praticarem alpinismo. Havia lá um moço impossibilitado de se mover. Porém, de manhã vinha à sua casa um médico que lhe dava um remédio misterioso, desconhecido por todos, sob a ação do qual ele se curava e subia as montanhas corajosamente. À noite, tendo voltado para sua residência, cessava o efeito do medicamento e o jovem voltava a ficar imóvel na cama.
Esse moço não poderia dizer: “Eu sou um grande alpinista!” Ele poderia, isto sim, dizer: “Meu médico e eu somos grandes alpinistas!” Pois, na realidade, ele atingia o pico dos montes porque colaborava com o remédio fornecido pelo médico. Do contrário, permaneceria na imobilidade. Jovens que chegavam ao alto das montanhas, havia muitos. Médico que dava ao paralítico o meio de subi-las, existia somente um. De maneira que a ação do médico foi o principal fator do ato, embora o moço também tenha exercido seu papel: suou, segurou-se nas cordas, correu o risco de se espatifar no chão, teve o mérito do alpinismo. Mas apenas começou a mover-se a partir do momento em que o médico lhe deu aquele remédio.
Suponhamos que certo dia o remédio atuou mais longamente, e o rapaz, regressando da montanha, descansou em sua casa e depois foi passear na cidade, vangloriando-se junto a seus companheiros. Em determinado momento, passou o médico que cumprimentou o jovem, o qual respondeu à saudação de modo desdenhoso. Perguntaram-lhe, então, seus amigos:
– Quem é aquele senhor?
– É um velhinho que conheço e, às vezes, de manhã me visita, respondeu o moço.
O médico não teria o direito de ficar indignado com o rapaz? Afinal, se ele não fosse no dia seguinte à casa do jovem, este permaneceria na horizontal! Então, aquela vaidade é nada. O médico é quase tudo nos feitos do moço.
Este conto não nos dá uma ideia inteiramente exata, mas sim próxima, da realidade; ajuda-nos a compreender alguns aspectos do problema da graça e, portanto, de sua ação em nós, ou seja, a virtude. Todo homem é completamente paralítico para a virtude. Porém, a partir do momento em que recebe a graça, ele se torna capaz de praticá-la.
Quando temos vontade de adquirir virtudes que julgamos não estarem ao nosso alcance, podemos dizer a Nossa Senhora: dai-nos. A devoção à Santíssima Virgem é fundamental elemento de nossa vida espiritual; aquilo que Lhe pedimos, Ela nos obtém.
É claro ser necessária a nossa cooperação, pois Deus, que nos criou sem nosso auxílio, não nos salvará sem nossa colaboração. Embora indispensável, essa cooperação é secundária. O principal fator de nossa salvação é a atuação da graça em nós, a qual recebemos por meio de Nossa Senhora, Rainha e dispensadora de todos os dons divinos.
Quando Nossa Senhora nos concede a graça, somos como o jovem cheio de disposição para subir as montanhas, mas se não a pedirmos, ficamos estendidos na cama, paralisados. Esse é o papel da Santíssima Virgem em nossa santificação. *

Plinio Correa de oliveira .Extraído de conferência de 5/5/73