quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nossa Senhora do Bom Conselho

O bom conselho para o mundo
No momento em que a humanidade chega a uma encruzilhada, na qual se coloca para ela uma opção ineludível, é hora de pedir à Mãe do Céu seus sapienciais conselhos.
Em nossa época tão aflita e conturbada, incontáveis são as almas que precisam, a este ou àquele título, de um bom conselho. Nada de melhor podem fazer do que implorar o auxílio d’Aquela que a Santa Igreja, na Ladainha Lauretana, invoca como Mãe do Bom Conselho.
 Entretanto, cumpre ponderar que um conselho é de tanto maior valia, quanto grande for a importância do assunto sobre o qual versa. Por isso são supremamente importantes para cada um os conselhos necessários para conhecer a respeito de si mesmo os desígnios de Nossa Senhora e os meios aptos para os realizar.
Aqui está uma razão para se afirmar a particular atualidade da devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho, nestes tempos que poderá passar para a história como a época da confusão.
 Todavia, se alargarmos nossos horizontes para além da esfera individual, [...] não poderemos deixar de ponderar que ainda aqui a humanidade precisa como nunca de um bom conselho da Virgem das Virgens. [...]
A opção para o mundo moderno é entre um porvir tenebroso, feito das últimas capitulações ante os extremos do erro e do mal, e o abraçar entusiástico da plenitude da verdade e do bem.
 Como mover a humanidade — de tal maneira atolada no processo histórico que a vem impelindo há tantos séculos — a empreender a trajetória do filho pródigo rumo à casa paterna? Sem um possante auxílio da graça, a falar no interior de incontáveis almas, isto não se pode conseguir.
Esse bom conselho a ser proferido no íntimo de cada coração para a salvação da humanidade, que melhor modo há de obtê-lo senão implorando-se à Mãe do Bom Conselho que, por uma graça nova, converta o bárbaro supercivilizado do século XXI? Só assim poderá este, à maneira do bárbaro subcivilizado do século V, “queimar o que adorou e adorar o que queimou”. E só assim poderá ter origem uma nova e ainda mais esplendorosa era de fé.
Esse é o bom conselho por excelência que os devotos de Maria devem pedir para si e para todos os homens nos dias que correm.

sábado, 23 de abril de 2011

Intercessão de Maria

No alto da Cruz, Nosso Senhor tinha presente cada ato que praticamos
Nosso Senhor tinha ciência de tudo, do presente, passado e futuro, porque era o Homem-Deus. Conhecia todas as pessoas e, portanto, cada um de nós individualmente. No alto da Cruz, Ele teve em vista todos os pecados por nós cometidos, todos os nossos atos de virtude,  essas linhas que estão escritas e as pessoas que as leem. E ofereceu seus sofrimentos e sua vida por cada um  de nós individualmente. Jesus abriu o Céu para nossas almas. Continuamente nos concede graças, sua misericórdia desce sobre nós. Ele vem ao nosso coração por meio da Sagrada Comunhão. Sua Mãe está rezando o tempo inteiro no Céu por  nós, como nossa Advogada.
O problema central de nossa vida...
Caso pequemos, arrependamo-nos imediatamente e,  por meio de Maria Santíssima, peçamos a Ele que nos  perdoe. Se for um pecado mortal, precisamos ir logo nos  confessar para que essa mancha repugnante e horrível se  apague de nossas almas, a fim de voltarmos à graça de  Deus. 
E  devemos  nos  compenetrar  de  que  o  problema  central  de  nossa  vida  consiste  em  praticarmos  cada  vez mais atos de virtude e sermos imitadores de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela intercessão de Maria. E,  por outro lado, calcarmos aos pés o demônio, recusando as solicitações para o pecado que ele nos faz  para o pecado. E, confiando em Nossa Senhora, poderemos dizer:   "Não pecarei  eternamente.”
Para  que  tudo  isto  não  se  apague  das  almas  dos leitores — recordem-se de como o beneficiado tende a  se esquecer do benefício  recebido —, é preciso rezar a Nossa  Senhora,  pedindo-Lhe  que  isso  não  aconteça.  E  que  Ela  lhes dê as graças necessárias  e  superabundantes  a  fim  de  não  pecarem  mais.  Desse  modo,  suas vidas transcorrerão  na  contínua  amizade  de  Deus  e  de  Nossa Senhora, até o  momento  bem-aventurado  em  que  entregarem suas almas a Deus e  subirem para o Céu.


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Nossa Senhora das Dores

Nossa Senhora das Dores
Rememorando com piedade os sofrimentos que por nossa salvação padeceu a Virgem Maria, recebemos de Deus grandes graças e benefícios. E cumprimos um preceito do Espírito Santo: “Não te esqueças dos gemidos de tua mãe” (Eclo 7, 29).

É impossível não sentir profunda emoção ao contemplar alguma expressiva imagem da Mater Dolorosa e meditar estas palavras do Profeta Jeremias, que a piedade católica aplica à Mãe de Deus: “Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor semelhante à minha dor” (Lm 1, 12).
Quatro grandes privilégios
“Não te esqueças dos gemidos de tua mãe” (Eclo 7, 29). É grato imaginar que este preceito do Espírito Santo tenha inspirado aos cristãos dos primeiros séculos uma veneração especial pelos sofrimentos da Mãe de Deus e nossa.
A este respeito, Santa Isabel de Hungria (+1231) relata ter sido beneficiada por uma aparição na qual São João Evangelista lhe revelou que, justamente no dia da partida da Virgem Maria para o Céu, ele teve uma visão de como foi o encontro d’Ela com seu Divino Filho.
Nesse primeiro encontro — narrou São João — o Redentor e sua Mãe conversaram sobre os sofrimentos que ambos suportaram no Calvário. No final, a Virgem Maria pediu a Jesus graças e privilégios especiais para todos aqueles que, na terra, se lembrassem e se compadecessem dos gemidos, das lágrimas e das dores que Ela padeceu, em união com Ele, para nossa Redenção. E seu Divino Filho atendeu prontamente esse pedido, concedendo-Lhe quatro grandes favores:
Primeiro: quem invocar a Virgem Maria por suas dores e prantos terá a ventura de fazer verdadeira penitência de seus pecados antes de morrer.
Segundo: terá a proteção e o amparo de Nossa Senhora das Dores em todas as adversidades e trabalhos, especialmente na hora da morte.
Terceiro: quem, por memória das dores e prantos de Nossa Senhora, incluir em seu entendimento também as da Paixão, receberá no Céu um prêmio especial.
Quarto: e obterá dessa Soberana Senhora tudo quanto pedir para sua salvação e sua utilidade espiritual.
Como progrediu essa devoção
Já no séc. IV alguns insignes doutores da Igreja — Santo Efrém, Santo Ambrósio e Santo Agostinho — teceram comoventes considerações sobre as dores de Maria. No fim do séc. XI, outro doutor da Igreja, Santo Anselmo, propagava a devoção a Nossa Senhora das Dores. Muitos monges beneditinos e cistercienses faziam coro com ele nessa propagação. No século seguinte, o grande São Bernardo de Claraval, também doutor da Igreja, levou mais longe a prática dessa devoção. A todos esses se juntaram os ardorosos frades servitas, já no séc. XIII.
 Em decorrência desse aumento de devoção, logo floresceram esplêndidos monumentos artísticos e literários em louvor à Mãe das Dores. Um deles — o hino Stabat Mater, composto por Iacopone de Todi por volta de 1300 — foi adotado na Liturgia e desperta nos ouvintes os melhores sentimentos de ternura e compaixão para com a Virgem sofredora: “Estava a Mãe dolorosa aos pés da Cruz, lacrimosa, da qual o Filho pendia...”
No campo das imagens sagradas, destacam-se as da “Piedade”: a Mãe dolorosa e lacrimosa contemplando o corpo sacratíssimo do Filho que jaz inerte em seus braços virginais. E as da “Soledade”: o Filho já foi sepultado, a Mãe não tem mais nem sequer o cadáver para contemplar, em suas mãos resta apenas um sudário!
Em 1423, para reparar os ultrajes dos hereges hussitas que, com sacrílego furor, desfiguravam as imagens de Nosso Senhor e da Virgem Santíssima, o Concílio Provincial de Colônia instituiu a comemoração litúrgica das Dores de Maria. Três séculos depois, em 1727, o Papa Bento XIII inscreveu-a no Calendário Romano, estendendo a celebração para a Igreja no mundo inteiro.
Atualmente, a Liturgia cultua Nossa Senhora das Dores no dia 15 de setembro, data estabelecida pelo Papa São Pio X em 1913.
As Sete Dores de Maria
As sete dores, as sete tristezas ou as sete espadas... O relato dos Santos Evangelhos forneceu à piedade popular os elementos para formar a coleção dos sete grandes padecimentos da Virgem Mãe.
“Uma espada transpassará tua alma” (Lc 2, 35), profetizou Simeão a Maria, no Templo. Esta foi sua primeira grande dor. Seguem-se depois as demais, na ordem cronológica do Evangelho: a fuga para o Egito, a perda do Menino Jesus no Templo, a ida para o Calvário, a Crucifixão de Nosso Senhor, a descida da Cruz, e o sepultamento.
Durante certo tempo, a memória de Nossa Senhora das Dores se comemorava sob o título de celebração das Sete Dores de Maria
 “Vós, para restaurar o gênero humano, em sábio desígnio, associaste benignamente a Virgem a vosso Filho Unigênito; e Ela que, pela ação fecundante do Espírito, tinha-se tornado a Mãe d’Ele, por novo dom de vossa bondade tornou-se sua auxiliar na Redenção; e as dores que Ela não sofreu ao dar ao mundo seu Filho, sofreu, gravíssimas, para fazer-nos renascer em Vós.”

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Virgem do Miracolo


Entre as centenas de igrejas que a piedade católica edificou na Cidade Eterna está a de Santo Andrea delle Fratte (Santo André dos Frades), onde se venera uma linda imagem de Nossa Senhora, sob a invocação de Madonna del Miracolo, ou Nossa Senhora do Milagre. Como facilmente se intui, esse título se refere a um grande milagre realizado pela Mãe de Deus, no mesmo lugar onde hoje é cultuada por seus inúmeros devotos.

A conversão do judeu Ratisbonne
Era 20 de janeiro de 1842. Que se passou naquela ocasião? Para a maioria dos que então se encontravam em Roma, era apenas mais um dia frio e corriqueiro de inverno. Não o seria, porém, para um turista de passagem pela capital da Cristandade.
Afonso Tobias Ratisbonne, francês aparentado com a influente família dos Rotschild, era judeu de raça e religião. Mais dado ao ceticismo, alimentava uma não pequena animosidade contra a fé católica. Naquele dia, porém, cedendo aos rogos do Barão de Bussières (que desejava a conversão dele), e um tanto por bravata, concordou em colocar ao pescoço a Medalha Milagrosa, muito difundida no período imediato às aparições de Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré, em 1830, na capela das Filhas da Caridade, na rue du Bac, em Paris.
Além disso, a convite do mesmo amigo, dirigiram-se à igreja de Santo Andrea delle Fratte, onde o Barão devia encomendar uma missa de sétimo dia pela alma de um conhecido. Chegados ali, o amigo foi até a sacristia, enquanto Ratisbonne, por um interesse artístico, mas com ar meio de mofa, começou a percorrer o recinto sagrado, detendo-se aqui e ali, diante dos altares laterais. Quando o Barão retorna, depara com esta cena surpreendente: o judeu ajoelhado, completamente em êxtase, transfigurado, rezando com inusitado fervor em frente de uma das capelas secundárias.
O Barão de Bussières apressou-se em lhe perguntar o que acontecera, e Ratisbonne comovidíssimo abraçou-o dizendo:
— Eu vi a Mãe de Jesus Cristo! Ela me apareceu.... aqui!
E descreveu a aparição de Nossa Senhora, cuja celestial figura correspondia em tudo à que vira Santa Catarina Labouré, alguns anos antes, em Paris. Segundo ele, a Santíssima Virgem cingia uma coroa de Rainha e vestia uma bela túnica comprida, presa à cintura por uma faixa preciosa; pousava os pés virginais sobre a toalha de linho do altar, e lhe sorria maternalmente, com os braços estendidos e as mãos abertas. Como se vê, a mesma silhueta da imagem esculpida na medalha que ele então trazia.
Ante essa extraordinária visão, Ratisbonne compreendeu que se encontrava na presença da Mãe de Deus: caiu de joelhos e se converteu no mesmo instante.
Poucos anos depois tornar-se-ia o Padre Afonso Maria Ratisbonne, secundando seu irmão na fundação da Congregação do Sion, voltada de modo particular para o apostolado católico com os israelitas.
Estratégia da Providência contra a impiedade
A notícia dessa conversão logo se difundiu, revestindose de profundo significado no contexto psicológico e doutrinário da época. No século XIX, a impiedade insistia no sofisma de que o homem racional, procurando julgar as coisas de acordo com a razão, não encontra fundamentos suficientes para afirmar a veracidade da Igreja Católica. Não tem meios de provar que Deus existe, que Jesus Cristo é Deus, que a Igreja tenha sido fundada por Ele. Portanto, todo o edifício das doutrinas e da Fé no catolicismo não passa de um arcabouço inaceitável e ilegitimável pela razão humana. É um mito, como qualquer outro da antiguidade romana ou grega, como os da religião hindu ou das crenças africanas.
Não poucas almas estavam perdendo a Fé, cedendo culposamente ao dilúvio de objeções — a maior parte das quais constituída por chicanas e sofismas, além de alguns argumentos capciosos contra a Igreja Católica. A fim de combater essa investida diabólica, a Providência fez milagres em diversos lugares, e o ocorrido na Igreja de Santo Andrea delle Fratte foi um dos mais insignes a comover a Cristandade.
Qual fato poderia causar maior estupor do que um filho do judaísmo, aparentado com uma das famílias mais ricas do mundo, sem a menor necessidade de agradar a Igreja Católica, declarar-se de repente convertido por ter visto Nossa Senhora? E que, como prova de sua sinceridade, abandona a vida mundana e abraça para sempre uma existência de renúncia e sacrifício. Ainda por cima, ajuda a fundar uma Congregação religiosa destinada a trabalhar pela conversão de seu povo. Maior manifestação de autenticidade, ele não poderia dar.
Para a humanidade daquele tempo, sacudida pela multidão de argumentos dos inimigos da Religião Católica, esse evidente milagre caía como uma refrescante gota d’água num deserto.
 Nossa Senhora desferia um golpe sumamente estratégico e bem calculado, pisando na cabeça da serpente infernal. Pelo testemunho de um ex-adversário, Ela demonstrava de modo maravilhoso quanto a Igreja Católica é verdadeira. Pouco depois, como num requinte desse “plano de ataque”, Ela daria início aos milagres de Lourdes, que viriam a constituir a mais acentuada série de celestiais prodígios na história da Igreja.
Diante da imagem, uma contínua “aparição”
Logo depois da aparição a Ratisbonne, foi pintada a imagem da Madonna del Miracolo, de acordo com as indicações do vidente. Como sói acontecer, o símbolo ficou devendo à Simbolizada, pois, por mais bela que seja a figura retratada por mãos humanas, a formosura de Nossa Senhora excede a qualquer esplendor. Ela não é pintável, assim como não é descritível.
 Trata-se de uma imagem romântica, bem no estilo do século XIX, bastante comunicativa.Há nela um sorriso, uma expressão de fisionomia, uma afabilidade no gesto, que transcendem a cor do vestido e outros pormenores dos adornos. Considerando-a, certas almas chegam mesmo a sentir algo do autêntico sorriso de Nossa Senhora.
Ela cria em torno de si uma atmosfera sumamente benfazeja. As pessoas que rezam diante do quadro, na Igreja de Santo Andrea delle Fratte, mantêm-se em geral recolhidas, deixando perceber em suas faces o quanto se sentem penetradas pelas graças efundidas pela Santíssima Virgem. Envolve-as uma impressão de paz e calma, de céus abertos, e de que Nossa Senhora, exorável, dispõe-Se a atender a todos os pedidos. Uma sensação de que o tempo não se encontra apartado da eterna bem-aventurança, e de que a benignidade de Nossa Senhora transpõe distâncias incomensuráveis para se nos tornar acessível e acolhedora. Experimenta-se uma verdadeira consolação, uma verdadeira confiança, uma verdadeira resignação, uma certeza de que, em última análise, tudo dará certo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Comunhão reparadora dos primeiros sábados

Conforme nos ensina Santo Afonso Maria de Ligório, com a oração, rezada compenetrada e piedosamente, a salvação da alma é certa e fácil, pois os méritos de Jesus Cristo são de um valor infinitamente maior, para nos salvar, do que os nossos pecados para nos perder. Em sua insondável misericórdia, Deus dispôs tantos meios de nos salvarmos que, por assim dizer, temos de fazer força para nos perdermos.
Um desses valiosíssimos meios de salvação foi apresentado pela própria Mãe de Deus à Irmã Lúcia, na terceira aparição de Fátima, em 13 de julho de 1917, quando anunciou que viria pedir a “comunhão reparadora dos primeiros sábados”.
Mais tarde, em 10 de dezembro de 1925, Nossa Senhora lhe apareceu de novo. A seu lado, via-se o Menino Jesus:
“Olha, minha filha”, disse-lhe a Virgem Maria, “o meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado,
* se confessarem,
* recebendo a Sagrada Comunhão,
* rezarem um terço e
* Me fizerem quinze minutos de companhia meditando nos quinze mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar,
Eu prometo assisti-los na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas.” Poderia haver promessa maior e mais consoladora?
POR QUE CINCO SÁBADOS?
Esta pergunta, levantada por muitos, também a fez a Irmã Lúcia a Nosso Senhor, que assim lhe respondeu:
“Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria.
1ª As blasfêmias contra a Imaculada Conceição;
2ª Contra a sua virgindade;
3ª. Contra a maternidade divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
4ª As ofensas feitas por aqueles que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com essa Imaculada Mãe;
5ª As ofensas feitas pelos que A ultrajam diretamente nas suas sagradas imagens”.
É tão pouco o que foi pedido, em comparação com o prêmio, que quase se diria querer Nossa Senhora apenas um pretexto para salvar as almas. Quase uma materna e celestial fraude... um pretexto: nada mais pede nossa Mãe. Ela pede a Comunhão reparadora. Reparação pelo quê?
Como o filho pródigo, foi a humanidade se afastando da Lei de Deus. E a cada novo convite amoroso do Pai, respondeu quase sempre com uma nova e cruel recusa. Essas sucessivas ingratidões foram tornando os homens cada vez mais surdos aos apelos da graça.

Hoje, o pecado campeia, senhor dos corações. O mundo se aproxima do caos completo. As instituições políticas e a própria civilização parecem agonizantes.
Quando se imagina tudo perdido, começa o Divino Espírito Santo a despertar no fundo das almas umas como que saudades. Saudades de tempos que não conhecemos. Saudades de algo que não tivemos. Saudades enfim ... do futuro! Saudades do que há de vir. Saudades do que, a muitos títulos, já está vindo!
 Deus espera as horas extremas para agir. E agora é sua Mãe Santíssima que entra na História com passos de rainha, e rainha vitoriosa.
Como Ela prometeu em Fátima : “ Por fim meu Imaculado Coração triunfará”.
Rezemos para a conversão dos pecadores e para que o Reino de Maria venha o quanto antes.

sábado, 2 de abril de 2011

Confiança sem limites em Nossa Senhora

Neste post será comentada a oração a Maria composta por São Bernardo

A oração é verdadeiramente maravilhosa, e possui as características da eloqüência de São Bernardo. Quer dizer, uma prece com misto de humildade e de arrojo, de ternura e de fogo, de doçura e varonilidade, difícil de encontrar reunidas nas expressões de um só homem.
De um lado, a ternura para com Nossa Senhora chega ao último limite a que se pode chegar. Sobretudo, chega ao ápice a persuasão da ternura d’Ela para conosco.
Existe uma espécie de audácia, de arrojo encorajado e estimulado por essa ternura, que faz da oração uma obra-prima, porque reúne a suavidade própria à uma pomba e o vôo extraordinário da águia.
Em sua prece, o Santo penetra diretamente no Coração Imaculado de Maria. E com uma liberdade, um desembaraço — ousaria dizer, com uma familiaridade — cheios de veneração, mas de intimidade, que verdadeiramente nos espanta.
Ele fala da virtude da confiança, e mostra no que esta consiste. Depois, determina as razões dessa virtude. Para São Bernardo, a confiança consiste fundamentalmente em saber que Nossa Senhora é toda ternura, e n’Ela não há severidade. E como é essa a disposição d’Ela em relação a todos os homens, torna-se lógico, forçoso, inevitável que cada homem conhecedor disso deposite em Maria uma confiança sem limites.
O autor da oração estabelece essa confiança em duas gamas: primeiro, quanto à vida terrena; em segundo lugar, quanto à vida eterna.
São Bernardo exprime sua certeza de que Nossa Senhora vai gerir os interesses dele nesta existência, e interesses terrenos propriamente ditos. É verdade que ele era religioso e não tinha preocupações materiais, pois eram todas atendidas no mosteiro. Porém, ele compôs essa oração para ser rezada por qualquer fiel, e não apenas pelos monges. Então se entende que nós, nos nossos interesses terrenos, naquilo que eles têm de legítimo, de santificante, devemos confiar em Nossa Senhora.
No auge das provações, confiança ainda maior
Mais. Devemos pedir que Ela faça por nós aquilo que não somos capazes de fazer.
Sabemos todos que a Providência tem desígnios insondáveis, e que pode, portanto, querer nos sujeitar de um momento para outro a sofrimentos que não prevemos. Sabemos também que a Providência quer, genericamente, daqueles a quem Ela ama, que passem por muitas provações. Nós sabemos, portanto, que nesta vida temos de sofrer.
Sem embargo disso, por um movimento interno da graça, por um certo senso das proporções, etc., nós vemos que, em relação a outros interesses terrenos, muito provavelmente a Providência não quer que se percam e sejam imolados. Estes interesses nós devemos entregar aos maternais cuidados de Nossa Senhora. Ela velará por eles, os apoiará, os protegerá, de tal maneira que não precisamos nos deixar tomar de ansiedades, nem de torcidas, nem de sofreguidões.
Mas, no pior das nossas angústias e das nossas preocupações, devemos nos lembrar daquilo que diz o Pe. SaintLaurent no seu “Livro da Confiança”: quando a tormenta tenha chegado ao auge, é hora de preparar o incenso e todo o necessário para cantar o Magnificat, porque nesse momento Nossa Senhora intervirá e nos salvará. Quer dizer, essa é uma confiança inabalável. E confiança que cresce de ponto quando não se trata apenas de nossos interesses terrenos individuais, mas das questões de apostolado. A Santíssima Virgem deseja que procuremos o maior bem para as almas, e multiplica seu infalível socorro para que nossa missão evangelizadora seja coroada de sucesso. E mesmo quando nossos problemas apostólicos pareçam por demais complicados e comprometidos, devemos ter inteira certeza de que Ela tudo resolverá.
Numa palavra, como Medianeira onipotente junto a Deus, Nossa Senhora nos alcança a solução para todas as nossas dificuldades, sejam grandes ou pequenas, corriqueiras ou imensas.
Se desconfiarmos de Nossa Senhora, tudo se perde
Essa verdade se aplica ainda mais à nossa vida espiritual. Nossa Senhora chama cada um de nós para a santidade. Se Ela assim nos atrai, não interromperá a obra que iniciou e nos conduzirá, se soubermos confiar, até o extremo da perfeição a que fomos convidados.
Alguém dirá: “ Belas palavras... Na realidade, elas são vácuas e não correspondem a nada, porque se eu pecar, estou criando obstáculos à ação de Nossa Senhora. E se procedo dessa maneira, não posso supor que Ela vá me santificar. Quer dizer, está afirmado algo muito bonito, mas vazio, sem consistência. É uma quimera.”
A resposta está na própria oração composta por São Bernardo. Ainda que tenhanos a dor enorme de ter ofendido a Nossa Senhora, ainda que tenhamos o pesar de A ter ofendido gravemente, é preciso continuar a confiar n’Ela. Porque se desconfiarmos de Maria, então está tudo perdido. A porta do Céu é Ela. E se, pela nossa falta de confiança, fecharmos essa porta, nós mesmos nos condenamos.
Pelo contrário, se continuarmos a confiar n’Ela contra toda confiança, Nossa Senhora pelo menos receberá de nós essa forma de glória, que é a do pecador que continua a confiar n’Ela. É a homenagem da confiança daquele que A ofendeu e, nesse sentido, uma categoria de louvor que nenhum justo Lhe poderá dar.
Então, esperemos contra toda esperança, mesmo dentro das dificuldades e da buraqueira da nossa vida espiritual. É o que São Bernardo recomenda intensamente, fazendo-nos recordar aquela palavra de São Francisco Xavier, que o pior do pecado — ainda o mais horroroso — não é tanto a falta em si, mas o fato de o pecador, depois da queda, perder a confiança em Deus. Porque enquanto confia, o caminho permanece aberto. Tudo é possível.
Na hora da morte, a suprema proteção de Maria
Após falar dos interesses nesta vida, São Bernardo se refere aos da vida eterna. E manifesta este pensamento admirável: quando chegar a hora da morte dele, espera que a sua confiança seja tal que morra com o seu coração recostado sobre o Imaculado Coração de Maria.
É expressão, naturalmente, simbólica, mas revestida de um imenso valor, porque revela uma esperança muito grande em que Nossa Senhora, na hora da morte, nos ajude de modo particularíssimo. Que Ela diminua os horrores desse transe, e nos dê até uma passagem cheia dos sentimentos da presença d’Ela, se isso for para a sua maior glória e bem de nossa alma. E se, pelos superiores desígnios de Deus, devamos falecer em meio a grande aridez, tenhamos completa confiança de que Nossa Senhora fará redundar essa derradeira provação em maior benefício para nós. Ela se valerá desse sofrimento para abreviar nosso Purgatório, para salvar muitas outras almas, e para, afinal, nos levar ao mais alto do Céu, bem junto ao seu trono de Rainha e de Mãe indizivelmente amorosa.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Oração composta por São Bernardo de Claraval

Ó doce Virgem Maria, minha augusta soberana, minha amável Senhora, minha Mãe amorosíssima! Ó doce Virgem, coloquei em Vós toda a minha esperança e não serei confundido. Doce Virgem Maria, eu creio tão firmemente que do alto do Céu Vós velais dia e noite sobre mim e sobre aqueles que esperam em Vós; estou tão intimamente convencido de que jamais pode faltar nada quando se espera tudo de Vós, que resolvi viver daqui para o futuro sem nenhuma apreensão, e me descarregar inteiramente sobre Vós em todas as minhas iniqüidades.
Doce Virgem Maria, Vós me estabelecestes na mais inabalável confiança. Mil vezes obrigado por uma graça tão preciosa! Ficarei daqui por diante em paz sob vosso coração tão puro. Não pensarei mais senão em Vos amar, em Vos obedecer, enquanto Vós gerireis, Vós mesma, minha boa Mãe, os meus mais caros interesses.
Ó doce Virgem Maria, que entre os filhos dos homens, uns esperem sua felicidade de sua riqueza, outros a procurem em seus talentos; que outros se apóiem sobre a inocência de sua vida ou sobre o rigor de sua penitência, ou sobre o fervor de suas orações, ou sobre o grande número de suas boas obras. Por mim, ó Mãe, eu esperarei só em Vós, só em Vós depois de Deus. E todo o fundamento de minha esperança será minha confiança mesmo em vossa bondade materna.
Doce Virgem Maria, os maus poderão me roubar a reputação e o pouco de bem que possuo. As doenças poderão me tirar as forças e a faculdade exterior de Vos servir. Eu poderei mesmo, infelizmente, minha terna Mãe, perder vossas boas graças pelo pecado. Mas minha amorosa confiança em vossas maternais bondades, esta jamais eu perderei. Eu a conservarei, essa confiança inabalável, até o meu último suspiro. Todos os esforços do inferno não ma roubarão. Eu morrerei repetindo mil vezes vosso nome bendito e fazendo repousar sobre vosso Imaculado Coração toda a minha esperança.
E por que estou eu tão firmemente seguro de esperar sempre em Vós, se não é porque Vós me ensinastes, Vós mesma, ó doce Virgem, que Vós sois toda misericórdia e que não sois senão misericórdia?
Estou, portanto, seguro, ó boa e amorosa Mãe, de que Vos invocarei sempre e estou seguro de que Vós me consolareis. Eu Vos agradecerei sempre porque Vós sempre me aliviareis. Eu Vos servirei sempre porque Vós sempre me ajudareis. Eu Vos amarei sempre porque Vós sempre me amareis. Eu obterei tudo de Vós porque vosso amor, sempre generoso, irá além de minha esperança.
Sim, é de Vós só, ó doce Virgem, que, apesar de minhas faltas, eu espero o único bem que desejo, o meu Jesus, no tempo e na eternidade. É de Vós só, porque Vós é que meu Divino Salvador escolheu para me dispensar todos os favores, para me conduzir seguramente até Ele. Sim, é de Vós, Mãe, que, depois de ter aprendido a participar das humilhações e sofrimentos de vosso Divino Filho, espero ser introduzido na glória e nas delícias, para O louvar e bendizer, junto a Vós e convosco, nos séculos dos séculos. Assim seja.
No próximo post será comentada esta oração