segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O JOGO QUE AGRADOU A MARIA


Há muitos e muitos anos existia na cidade de Barcelona, na Espanha, uma piedosa mulher, grande devota de Nossa Senhora. Todas as manhãs, antes de ir para seu trabalho, entrava na igreja e visitava o altar da Santíssima Virgem, diante da qual ficava longo tempo ajoelhada, desfiando seu rosario. Nessa hora matutina a igreja costumava estar vazia, de modo que a boa senhora podia rezar tranquilamente, sem ser importunada por ninguém.



Um dia, porém, em que estava orando com muito fervor, um extranho barulho dentro do templo a arrancou de seu recolhimento. Voltando-se para tras viu, com surpresa, um menino de seus cinco anos que brincava com uma bolinha, fazendo-a repicar no chão. Tomada de pena a mulher aproximou-se dele e disse:

- Meu filho, a igreja e um lugar sagrado e não se pode brincar aqui dentro.

Mas o pequeno, fitando-a com atenção, retrucou com ingenuidade:

- Senhora, meu jogo não faz mal a ninguém e agrada a Santíssima Virgem que esta tão sozinha! São tão poucos os que vem para visita-la e fazer-lhe compania!

- Mas tu não sabes, disse-lhe ela, que para agradar a Maria devemos rezar? Isso sim e que lhe da muita alegria! Queres faze-lo junto comigo?

O menino aceitou e ela, conduzindo-o pela mão, levou-o até o altar de Nossa Senhora. A mulher, então, comecou a ensina-lo com muita paciência, ordenando-lhe repetir todas as palavras da oração que ela iria recitar:

- Ave Maria…

- Ave Maria…

A criança ia pronunciando progressivamente a salutação angélica, com admirável precisão. Sua voz infantil ecoava pela igreja deserta como uma suave melodia, em louvor a Mãe de Deus.

- Bendita sois vos entre as mulheres…

- Bendita sois vos entre as mulheres…

- E bendito e o fruto do teu ventre, Jesus…


Neste instante, a mulher, que tinha os olhos fixos no altar, pode contemplar, com espanto, como a imagem de Maria sorria e olhava com doçura na direção do pequeno jogador de bola, ajoelhado a seus pes.

Ao voltar-se para este a devota senhora ficou ainda mais maravilhada ao ve-lo todo refulgente de luz e ao ouvir estas palavras, saindo de seus labios sorridentes:

Eu Sou esse Jesus que tu nomeastes…

E ao dizer isto, o Divino Infante desapareceu.



Cheia de surpresa e alegria, a feliz mulher agradeceu a Santíssima Virgem pela bondade com a qual a havia tratado, concedendo-lhe a presença de seu Divino Filho por alguns momentos.


Este singelo e encantador fato que nos narra uma piedosa tradicao faz-nos compreender quanto a Rainha do Céu e Mãe de Misericordia recompensa amorosamente aqueles que lhe tributam uma filial devoção e a honram constantemente com as palavras do Anjo: “Ave Maria, cheia de graca…”

Se tais são os favores que Ela nos dispensa nesta terra, quais serão os tesouros que nos reserva no Céu?

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Episódios Marianos narrados pelo Mons João Clá Dias

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Aqueles que têm tido algum contato com o Mons. João Clá Dias, podem testemunhar quanto é atraente o seu modo de ensinar, no qual sempre há espaço para alguma historia ou fato interessante que cativa a atenção de seus ouvintes. Encantou-me esta em especial e não resisto em comparti-la com os leitores desta página:
TRÊS LÍRIOS ATESTAM A VIRGINDADE PERPÉTUA DE MARIA[1]


Você sabia que houve tempo em que o sol da fé e do amor de Deus banhava com seus raios todos os homens, produzindo assim os mais elevados frutos de santidade? Nessa doce era, chamada Primavera da Fé, sucedeu o belo fato que a seguir narraremos.

Num convento de dominicanos, existia um piedoso e sábio frade, que fazia vários anos era acometido por graves tentações contra a fé. O inimigo do gênero humano o assaltava freqüentemente, soprando-lhe tremendas dúvidas acerca do dogma da virgindade perpétua de Maria. Quando toda a comunidade se reunia na capela para louvar a Santíssima Mãe de Deus, chegada àquela passagem que canta a virgindade de Maria com as seguintes palavras: Post partum, Virgo, inviolata permansisti (Após o parto, ó Virgem, permanecestes imaculada), os monges podiam ver seu infeliz confrade presa de terrível angústia acompanhada de tremores, reflexo da árdua luta que em seu interior se travava.

Sentia-se exausto e desamparado quando chegou a seus ouvidos a fama de frei Egídio, discípulo predileto de São Francisco de Assis, que tinha o dom de acalmar as consciências perturbadas. Um raio de esperança penetrou as espessas nuvens que envolviam a alma do pobre religioso. Pedindo licença a seu superior, partiu, pois, à procura do humilde franciscano, certo de alcançar o alívio para os males que tanto sofrimento lhe causavam. Este, inspirado por Deus, saiu a seu encontro fora da porta do convento, e saudou-o dizendo: Irmão pregador, a Santíssima Mãe de Deus, Maria, foi virgem antes de dar-nos Jesus! Ao mesmo tempo bateu com seu bastão na terra.

Qual não foi a surpresa do nosso monge ao ver brotar, no exato lugar onde Egídio golpeara, um formoso e alvíssimo lírio.

Tornou a bater na terra repetindo: Irmão pregador, Maria Santíssima foi virgem ao dar-nos Jesus! E imediatamente surgiu um segundo lírio, mais lindo que o primeiro.

Pela terceira vez bateu o homem de Deus na terra exclamando: Irmão pregador, Maria Santíssima foi virgem depois de dar-nos Jesus, e apareceu outro magnífico lírio que em beleza e brancura vencia os dois primeiros.

Dito isto, o bem-aventurado Egídio, sem mais, deu-lhe as costas e retirou-se calma e serenamente para seu convento, até desaparecer do olhar do filho de São Domingos que, atônito e sem palavras, permanecia de joelhos diante dos magníficos lírios. Sentiu-se então invadido por uma profunda paz... As violentas tentações desapareceram completamente, cedendo lugar a uma ardorosa e terníssima devoção a Maria Santíssima, como nunca antes experimentara.



Cuidadosamente guardou os três preciosos lírios até o fim de sua vida, como testemunhas irrefutáveis da perpétua virgindade da Mãe de Deus, da qual tornou-se incansável arauto, pois em suas pregações jamais deixou de mencionar, com palavras inflamadas de amor, aquela verdade de fé que antes lhe causara grande tormento, e agora lhe produzia inefável doçura no coração: Post partum, Virgo, inviolata permansisti.


[1] Extraído das conferencias e sermões do Mons. João Clá Dias. Trecho adaptado para linguagem escrita, sem conhecimento e/ou revisão do autor.